Agrotóxicos: até que ponto podemos consumí-los?
MARTIN CAMACHO
O 20 de maio foi o dia mundial das abelhas, o que representa a importância deste inseto que produz mel e faz o trabalho de polinizar mais de 70 % das plantas do mundo. Hoje, com o avanço dos agrotóxicos aqui no Brasil a vida das abelhas está em perigo real.
Uma pesquisa demonstrou que nos últimos três meses o número de abelhas mortas chegou a mais de 500 milhões de indivíduos, alarmando sobre qual é a razão que as fazem morrer de forma súbita e em tanta quantidade no mesmo período. E notemos que esse fenômeno só foi contabilizado em quatro Estados que são os maiores produtores: RS, SC, SP e MS.
O principal causador destas mortes são os famosos agrotóxicos que o governo e a bancada ruralista querem ampliar a utilização, ou seja, mais veneno na produção de alimentos para todos nós, abelhas e humanos. Já não é muito comum ver passarinhos no campo, as plantações de soja, cana de açúcar e milho estão em um silêncio sepulcral. A vida sumiu do campo, só ficam as plantas e a terra cada vez menos fértil, por isto cada vez mais se precisa de terra nova e mais agrotóxicos para compensar a queda da produção.
Mas, no caso das abelhas o contato com agrotóxicos a base de neonicotinoides e de fipronil são os causantes da mortandade. Esses produtos estão proibidos na Europa, mas no Brasil são incentivados com o argumento de que permitem obter uma melhor produtividade, o que é falso. Pois esse argumento tem por trás a enorme ganância dos que produzem e comercializam estes produtos, por isso o incentivo para que agrotóxicos sejam utilizados em grande escala.
Se não tem abelhas é o fim dos alimentos?
Claro que não. Não podemos ser tão apocalíticos, mas com certeza será um mundo para poucos e cada vez mais tóxico. No Brasil das 140 espécies de plantas que são cultivadas 60% dependem em alguma medida das abelhas.
Este processo de polinização pode ser realizado manualmente também, mas colocaria os custos em nível absurdo, ou seja, tornaria boa parte da alimentação acessível só para um pequeno grupo de privilegiados. Assim, uma catástrofe ambiental, alimentar e humanitária pode se desencadear se não colocamos um freio na barbárie capitalista.
Outro dos males que poderia acarretar a extinção destes insetos é que ao eliminar os polinizadores tampouco se pode ter uma cadeia alimentar, o que afetaria a maioria das espécies, não apenas o ser humano. É um pouco o que está acontecendo hoje silenciosamente.
Se hoje se pode contar a quantidade de abelhas mortas é porque os apicultores dão conta de quantas colmeias foram afetadas, mas ninguém pode dar conta das abelhas que vivem na mata, ou seja, a tragédia é maior do que os números já alarmantes falam.
O engenheiro agrônomo e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Aroni Sattler fala o seguinte: “o impacto do uso desses agrotóxicos atinge um raio de 3 a 5 quilômetros das lavouras. Tudo no entorno desaparece”. Comprovar isto não é muito difícil, basta chegar em uma plantação aqui em São Paulo para só se escutar o barulho do vento.
A morte das abelhas – e tudo o que significa – é um alerta da catastrofe ambiental que se avisinha mas que pode ser revertida se todos contribuirmos para a educação de amplos setores sociais que passa pelas crianças nas escolas, por derrotar a política do veneno de Bolsonaro e da bancada ruralista e por ampliar o controle e fiscalização dos produtores no campo.
Assim, contrariamente com o que quer impor o governo Bolsonaro, temos que ampliar os debates sobre o meio ambiente, como hoje fazem os secundaristas na Europa. Temos que seguir esse exemplo e sair às ruas por um mundo sustentável que seja para todos e não para poucos privilegiados.
Fora Bolsonaro e Mourão! Eleições Gerais!
Fora o ministro do meio ambiente!
Por políticas ambientais nas escolas!
Rechaço da política dos agrotóxicos!