É nas ruas que iremos combater o machismo que ganhou asas com esse governo misógino
Há meses das eleições, tática covarde de sufocamento dos relatos de funcionárias vítimas de assédio sexual na Caixa Econômica tem silêncio de Jair Bolsonaro, perseguição da base bolsonarista às mulheres e cinismo de Pedro Guimarães, que fala em “perseguição” ao governo. Precisamos ir com o movimento de mulheres para as ruas e exigir que esse abusador seja punido exemplarmente para que novos casos não ocorram.
VITÓRIA ALVES
O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, foi acusado de abuso sexual por funcionárias do banco. Entre relatos revelados ao portal Metrópoles, as vítimas descrevem que foram apalpadas nos seios e na bunda por Guimarães, que disfarçava os abusos como abraços e gestos de carinho. Em áudio, testemunha revela que houve, inclusive, chantagens por parte do economista, que prometia crescimento de carreira. “Nesse momento, me senti violentada mesmo, como mulher”, revelou. Pedro Guimarães pediu demissão do cargo nesta quarta-feira, 29, após repercussão das denúncias. Segundo ele, os relatos apresentados são injustas, falsas e sua saída se dá por não querer prejudicar o governo de Jair Bolsonaro.
Mais que responsável pela Caixa e, agora, ex-presidente dela, Pedro Guimarães é de uma proximidade ímpar a Bolsonaro, tendo cogitado até mesmo uma vaga em sua chapa como vice-presidente. A poucos meses da eleição, Bolsonaro vive um mês repleto de escândalos e inconsistências. Agora, com o pedido de demissão do economista, temos as respostas ainda mais claras do presidente aos assédios e, por consequência, ao machismo, ao feminicídio e à vida das minorias: o funcionário de seu governo não foi demitido, se demitiu. O presidente não moveu um dedo para repudiar as denúncias feitas e afastar Guimarães de seu cargo.
Pedro, em covardia, afirma em pronunciamento que os relatos feitos por suas funcionárias são como manobras políticas para prejudicar o atual governo federal. Mulheres, vítimas estas, que viveram constantemente a perturbação do medo, da humilhação e das incertezas de um próximo assédio ou episódio violento no local de trabalho. Hoje, após as denúncias, a base bolsonarista que defende a esfarrapada desculpa de que este escândalo é proposital para afetar a imagem de Bolsonaro mostra a que veio. Não é novidade que, para este grupo e suas representações, a palavra e as dores das mulheres se diluem como representações para o ódio e o palanque político da barbárie montada por esse governo, a oligarquia e a classe dominante que os apoia.
A luta contra o governo Bolsonaro tem que ser feita em várias frentes, não poderemos mudar a correlação de forças em que vivemos apenas votando, como quer o lulismo e os capitulares à frente eleitoral burguesa Lula-Alckmin. Nesse sentido, cabe ao movimento de mulheres, aos movimentos sociais e à esquerda uma ampla movimentação exigindo não apenas a demissão de Guimarães deste bolsonarista abusador, mas sim uma punição exemplar, como a prisão e reparações financeiras às vítimas.
