DEBORAH LORENZO
Às vésperas do 8 de março, dia internacional das mulheres trabalhadoras, vaza um áudio atribuído à Arthur do Val (Podemos) cujo conteúdo é deplorável, para não dizer em termos mais vulgares, além de escancarar toda a podridão machista característica da sociedade patriarcal capitalista.
Em meio a um conflito interimperialista de dimensões históricas, sem precedentes, o deputado conhecido como “Mamãe falei” encontrou espaço em sua agenda para realizar nada mais nada menos do que uma espécie de turismo sexual na Ucrânia.
Ao longo do áudio vazado é possível ouvi-lo descrevendo as ucranianas de forma extremamente sexista, machista e sem qualquer sensibilidade social para o contexto dramático que vivenciam. “Vou te dizer, são fáceis, porque elas são pobres. E aqui minha carta do Instagram, cheia de inscritos, funciona demais. Não peguei ninguém, mas eu colei em duas ‘minas’, em dois grupos de ‘mina’, e é inacreditável a facilidade”, afirma orgulhosamente em um dos trechos da gravação.
Este é apenas um pequeno fragmento de um verdadeiro show de horrores, que vai desde a caracterização hipersexualizada de mulheres refugiadas em filas de espera para salvarem suas próprias vidas a citações e exemplos de amigos que fazem turismo em outros países para “pegar” loiras.
Como é possível alguém conseguir atingir este nível de insensibilidade? Como é possível ignorar a calamidade que se instaurou sobre o cotidiano e vida destas mulheres ucranianas, os diversos medos, incertezas e angústia de enfrentar uma guerra?
Para responder estas indagações é importante partir da premissa de que a sociedade capitalista criou uma cultura que naturaliza a opressão e a exploração, sobretudo de algumas parcelas da sociedade, dentre as quais as mulheres estão inseridas.
Neste modelo social existe uma hierarquia de maneira que o dominador exerça seu poder sobre o oprimido e para tanto a regra é expoliar ao máximo. A vulnerabilidade é um aspecto essencial da exploração e do abuso. Neste sentido, quanto mais fragilizado estiver o alvo da exploração mais facilmente o dominarei.
Socialmente isto se materializa na violência doméstica, nos abusos sexuais, no feminicídio e nos inúmeros casos de violência de gênero nos mais diversos contextos e espaços de vida. O que faz o deputado é apenas vocalizar um pacto machista, historicamente legitimado pela sociedade patriarcal que naturaliza a mulher no lugar de exploração, o que se intensifica pelo contexto de vulnerabilidade no qual encontram-se aquelas mulheres.
É por esta luta histórica e emancipatória das mulheres e do povo trabalhador que não podemos deixar as ruas. Apenas a mobilização permanente dará conta de colocar abaixo este sistema opressor e a extrema direita que deu luz e foco à figuras reacionárias como Arthur do Val.
As ruas devem ser nossas! Devem ecoar nossas vozes! Devem esmagar com todas as forças este tipo de parasita político que faz apenas espalhar ideias repugnantes encharcadas de preconceitos!
Vamos às ruas neste próximo 8 de março para mostrar nossa força, a força de uma classe que se organiza e luta!
Para concluir, em virtude da gravidade dos fatos e do enorme desserviço que prestam à luta das mulheres, exigimos investigação imediata do caso e que as devidas medidas punitivas sejam aplicadas ao deputado. Cassação do mandato já!
Toda solidariedade às mulheres ucranianas.
Não à naturalização da exploração da mulher!
Mobilização permanente, pelas ruas!
Cassação a Arthur do Val!
Mulheres, juventude, negros e LGBTQIA+ unidos!
#8MForaBolsonaro