Preto – trabalhador dos Correios
Nas últimas semanas temos acompanhado uma intensificação da polarização pela superestrutura com as ameaças explícitas às eleições por parte de Jair Bolsonaro em uma tentativa permanente de agitar a sua base social e edificar condições políticas para um eventual fechamento do regime – uma cortina de fumaça que com a sua relevância e perigo acaba por “esconder” o avanço das contrarreformas em curso.
Estamos diante de uma situação extremamente confortável para a classe dominante, isto é, o governo, ainda que haja divisão na classe dominante, segue sendo bastante útil a esta pois apesar de Bolsonaro tensionar e tentar colocar para opinião pública uma mentirosa falta de lisura no processo eleitoral nacional – do qual ele se elege há mais de 30 anos – por outro avança com uma agenda ultraliberal com total apoio do centrão, da direita liberal e dos principais veículos de comunicação.
Foi votado na última quinta-feira(5), na câmara dos deputados, a PL 591, referente a privatização dos Correios, por 286 votos a favor e 173 contrários, uma empresa centenária e patrimônio nacional histórico dos trabalhadores e da sociedade civil. O projeto de lei é inconstitucional uma vez que fere o artigo 21 da Constituição que prevê o monopólio da União sobre a exploração do serviço postal, tendo como entre outros motivos a confidencialidade das correspondências, e segue para o Senado, onde será votado nos próximos dias.
As falsas justificativas para a privatização da estatal são problemas na administração, quebra de monopólio, melhoria nos serviços postais e valor das tarifas – mentiras usadas para entregar a empresa e o seu lucro bilionário nas mãos do capital financeiro.
Trata-se de uma privatização criminosa de uma empresa estratégica à soberania nacional que está presente em mais de 5.500 municípios, com mais de 100 mil funcionários e com lucro de 1,5R$ bilhão no último ano. Os Correios oferecem a sociedade os melhores preços do mercado e 97% das entregas são realizadas dentro do prazo, sendo cerca de 15,2 milhões feitas por dia, garantindo assim a entrega nos lugares mais remotos do território nacional e prestando também serviços bancários já que é a única agência que oferece este tipo de serviço em 2 mil municípios nacionais.
Citamos aqui outros motivos pelo qual devemos mobilizar incansavelmente a luta em defesa desta histórica estatal: os Correios é responsável pelo transporte emergencial de banco de sangue e órgãos para transplante em pacientes em estado grave; o calendário escolar no Brasil pode começar simultaneamente porquê a empresa distribui todo o material didático pelo país, assim como as provas do ENEM; 80% dos pequenos comerciantes de venda online utilizam a nossa estatal para envio de suas mercadorias;
Com o projeto de privatização não haverá nenhuma garantia para a sociedade ou para os trabalhadores e trabalhadoras dos Correios, podendo afetar pequenos municípios que não apresentarem lucratividade e na vida de mais de 100 mil trabalhadores que poderão somar aos mais de 14 milhões de desempregados já existentes. Não podemos aceitar esse retrocesso histórico que terá consequências graves a todo o corpo social brasileiro. É preciso mobilizar pela base os trabalhadores e trabalhadoras dos Correios e a sociedade em geral – tendo em vista os setores mais dinâmicos da luta de classes como a juventude, o movimento negro, a comunidade LGBTQIA+ e as mulheres – para barrar o avanço deste projeto criminoso no Senado Federal.
Por mais que as condições objetivas tragam importantes dificuldades para a mobilização de setores das massas, temos todas as condições possíveis, a partir das direções sindicais, partidos da esquerda da ordem e socialistas, figuras públicas, parlamentares e movimentos sociais de organizar a discussão pelas bases e edificar um processo histórico de luta que culmine em uma greve nacional de tempo indeterminado até que a privatização seja derrotada por completo.
*As direções dos sindicatos dos Correios, Fentect, Findect sintect-sp,convoca os trabalhadores para uma plenária ao vivo pelas redes sociais, terça-feira dia(10), às 19hrs com indicativos de greve nacional para o dia 17/08*
Não à privatização dos Correios!
Vacina para todos/as/es!
Renda de um Salário-Mínimo!
Fora, Bolsonaro e Mourão! Eleições Gerais!
Rumo à greve geral!