Colocamos nosso portal à disposição de colaborações de companheiros/as independentes que pensam e militam no campo da esquerda socialista. Neste sentido, apresentamos o texto abaixo como parte do debate sobre a atual crise vivida em todo o mundo, suas premissas, seus alcances e suas perspectivas.

Redação

GUSTAVO MORÉLIA*

Uma catástrofe nos ameaça. A pandemia se espalha na velocidade de um cometa. Rapidamente as populações mais desprotegidas do mundo caem doentes e não encontram vaga em hospitais e agonizam sem tratamento. A situação dos moradores da cidade de Guayaquil no Equador pode ser a nossa de amanhã. Corpos abandonados nas ruas por falta de assistência.

No momento em que lançamos este documento, os Estados Unidos da América são o epicentro da epidemia alcançando o maior número de contagiados e mortos. Na mais potente economia capitalista a tragédia do coronavírus em 20 dias provocou a demissão de 17 milhões de trabalhadores. Um impacto nunca sentido antes. Nunca em tão pouco tempo tantos trabalhadores perderam seu emprego. E estamos só no começo da crise. Além disso, as consequências também possuem cor e classe. Como sempre os trabalhadores são os mais afetados e dentro deles a população mais sofrida.

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo de 9 de abril de 2020, a taxa de infecção entre negros e latinos nos EUA é maior que entre outros segmentos da população. Em Chicago 72% dos mortos por Covid 19 são negros. Em Nova Iorque 34% dos mortos são hispânicos. Dentre os imigrantes irregulares o desespero é total. Se antes já estavam isolados, agora estão confinados em casa. Se adoecerem estarão abandonados à própria sorte, não possuem documentos, não podem procurar assistência, correm o risco de deportação. Na Europa a realidade não é diferente. Os mais afetados são os mais fragilizados tanto pela idade como pela condição socioeconômica. Os imigrantes e refugiados sofrem o descaso das autoridades da mesma forma que nos EUA.

Em todos os cantos do globo os números apresentados mentem. A quantidade de infectados e mortos é muito maior do que o divulgado. Não há teste para todos os suspeitos, não há vaga hospitalar, não há UTI e equipamentos hospitalares. Porque a realidade é tão parecida em países com tantas diferenças? Por que o sistema econômico é o mesmo – capitalismo. Nele a desigualdade predomina.

O século XX conheceu muitas crises e muitas guerras com resultados trágicos para os trabalhadores. A crise que estamos presenciando neste momento será a maior já vivida por nós neste início de século XXI. Já há um acordo entre analistas empresariais e acadêmicos que seu impacto será mais profundo que a crise econômica de 1930 que arrastou milhares de trabalhadores do mundo inteiro à fome e ao desemprego. Tanto na primeira como na segunda guerra os EUA se beneficiaram, mas desta vez não serão, pois já são duramente golpeados pela epidemia.

Porém, serão os países da América Latina, da África e os mais pobres da Ásia que sofrerão mais intensamente a crise do coronavírus. São países historicamente explorados pelo imperialismo e que não oferecem à sua população as condições básicas de uma vida digna. Só para lembrar a principal recomendação da Organização Mundial da Saúde é lavar as mãos. A maioria da população desses países sequer possuem água potável para beber, muito menos para lavar as mãos. As condições de moradia são precárias impedindo o isolamento. Os corpos são frágeis pela fome e subnutrição de toda uma vida. 

  • Isolamento amplo, geral e irrestrito até o fim da pandemia;
  • Aos trabalhadores da saúde e essenciais acesso aos equipamentos de proteção individual e adicional de periculosidade;
  • Contra o desemprego garantia de estabilidade geral a todos os trabalhadores;
  • Salário desemprego a todos que estejam sem trabalho, precarizados e informais;
  • Não pagamento da dívida pública e taxação das grandes fortunas;
  • Nacionalização do sistema financeiro;
  • Tratamento público e gratuito a todos os pacientes;
  • Fim das patentes médicas, estatização da indústria e hospitais.

*Militante socialista