Aproxima-se o 8 de Março, e na atual conjuntura de aumento extremo de violência às mulheres e ataques generalizados a democracia e aos direitos que impactam fortemente a massa feminina trabalhadora, é importante que as mulheres sejam as primeiras a romperem completamente com este governo e se coloque em movimento.
Um novo #EleNão é possível
Vermelhas,para o Esquerda Web 06,03,2020
As declarações ultra machistas de Jair Bolsonaro, desde que assumiu a presidência – fator que o denuncia como grande influenciador do aumento drástico da violência de gênero -, acendem um sinal de alerta ao movimento feminista: ou reagimos, ou o governo construirá efetivamente um cenário de desmoralização e de letalidade sem precedentes para as mulheres.
Faz alguns meses que os casos de violência e assassinatos brutais de mulheres tem sido pauta em diversos segmentos da informação e da cultura causando imensa comoção em toda a sociedade. Para se ter uma ideia, o final do ano passado foi o período festivo mais violento para as mulheres em toda a história.
Há nas pesquisas um fenômeno relativamente novo, o da hiperviolência na incidência de crimes do tipo, ou seja, não só percebeu-se um aumento espetacular de assassinatos, mas de assassinatos de mulheres com extrema brutalidade e requintes de crueldade.
A política militarista e genocida de armamento de Bolsonaro, banalizou o uso da violência. Além disso, o Projeto de família e de pessoas de bem que defendem o governo Bolsonaro e o ultra conservadorismo da ministra Damares Alves, é indubitavelmente letal para as mulheres – desde as mulheres trans, até às crianças do nosso país.
Segundo os dados da Secretaria de Segurança Pública, os casos de feminicídio aumentaram em 76% somente no 1º trimestre de 2019 e 70% dos estupros contra crianças ocorrem dentro da própria casa. No início do mês de janeiro de 2019, nos primeiros vinte dias que Bolsonaro se sentou na cadeira presidencial, foram assassinadas mais de 300 mulheres em razão de seu gênero.
Uma realidade espantosa, que se combinada ao rechaço à todas as outras políticas do governo, poderia ser um elemento real de combatividade, pois estaria ligada diretamente a realidade de milhares de mulheres trabalhadoras, principalmente as pobres, negras e periféricas.
A postura ofensiva e violenta, mesmo que mesclada com tom jocoso de Bolsonaro, possuem um conteúdo profundamente preocupante, pois ao mesmo tempo que alia sua principal estratégia de governo, que é aprovar as reformas e atender a pauta moral do seu núcleo mais duro ligado às igrejas neopentecostais, protagoniza com muita facilidade a polarização entre esquerda e direita, que tem por finalidade desviar a atenção não só aos escândalos que envolvem seu governo, mas também retirar o foco de atenção sobre suas medidas econômicas.
Por isso, é preciso levar em consideração o conteúdo e forma desse governo, a sua real intenção e o uso que faz da pauta moral em detrimento de outras pautas expondo não somente o machismo do governo mas como todo o governo em si.
Um novo EleNão é possível. Tudo indica a necessidade de um movimento que não seja homogeneizado pela burocracia feminina petista que só tem olhos para 2022, – uma vez que estão na direção da maior parte do movimento feminista -, um movimento que seja capaz de ir além do eixo pela democracia em abstrato, como propõem essas lideranças, e que unifique novamente um amplo setor de mulheres nas ruas, com uma manifestação histórica nos moldes do EleNão que impossibilitou a ascensão desse governo já no primeiro turno das eleições presidenciais.
Está colocado um desafio gigantesco e apaixonante ao movimento
Caracterizar o atual presidente de machista e misógino deixou de ser uma polêmica de feministas, mas um fato consumado por setores cada vez mais crescentes da sociedade. E depois dos diversos ataques a imprensa e a trabalhadoras do meio, essa caracterização ganhará ainda mais peso nesse 8M.
O 8 de Março mais uma vez servirá para exigir justiça a companheira Marielle Franco, (Vereadora do PSOL-RJ), assassinada em 2018 por milícias ligadas a família do atual presidente, cujo assassinato completará dois anos no próximo dia 14 e ainda é latente no imaginário social. É um absurdo politico e a nível institucional que um crime dessa envergadura ainda siga sem ser solucionado. Por isso, as mulheres do PSOL e demais companheiras estarão nas ruas aumentando ainda mais a desconfiança (que já existe) de envolvimento de membros do alto escalão da política e da polícia, ligados ao governo.
Além disso, devido a crise política e econômica que o governo ao invés de resolver aprofunda mais, a manifestação deste ano tende a abarcar um setor ainda mais amplo, criando canais de comunicação com o conjunto da sociedade, contra o machismo e contra todas as políticas desastrosas do governo
O ato ocorrerá uma semana antes da famigerada manifestação de apoio ao governo marcada para o dia 15, portanto pode ser um polo de resistência e imprimir a tônica dos próximos passos do movimento e da esquerda em geral.
Por isso, não só esse 8M, como toda a organização do movimento de mulheres daqui em diante, deve estar a serviço de uma grande reação ao governo e ao fundamentalismo religioso que atacam quase que diariamente a dignidade de todas, e de todos os gêneros, seja cis, trans, lésbicas, não binárias e etc. Sendo assim, como no movimento EleNão – em que milhares de mulheres se unificaram em torno de um eixo que representou fortemente o rechaço de um candidato que poderia estabelecer um regime ainda mais violento contra todas, as mulheres voltam novamente às ruas, para combater a violência estrutural e para exigir justiça para Marielle, contra o aumento galopante da precariedade da vida, por respeito e por dignidade!
Nossas vidas importam!
Chega de feminicídios!
Nenhuma desqualificação mais! Tire mãos de nossos direitos!
Fora Bolsonaro! Revogação de todas as suas reformas!
Vermelhas no 8M
8M Mauá ato sábado,(07) na praça 22 de Novembro às 13h.
8M em Cuiabá domingo (08) na Praça Ulisses Guimarães – em frente ao shopping Pantanal às 16h
8M São Paulo. Ato estadual domingo (08) a concentração será as 13:30 na Av. Paulista, 1853 (Parque Mario Covas) próximo ao MASP.
[…] nossa parte, temos sido enfáticas na importância da centralidade da pauta de gênero, e do combate à violência nos diversos âmbitos da politica e da sociedade, e damos especial peso a necessidade de um movimento feminista de luta nas […]