30M confirma tsunami da educação

Aerial view during a demonstration in support and defence of public education following a raft of budget cuts announced by President Jair Bolsonaro's government, in Sao Paulo, Brazil, on May 30, 2019. - Bolsonaro's ultraconservative government sparked outrage when it revealed on April 30 at least 30 percent cuts to the annual budgets of federally-funded high schools and universities. (Photo by Miguel SCHINCARIOL / AFP)

Organizar pela base a Greve Geral de 14 de Junho para derrotar Bolsonaro

POR LUCIANO MATHIAS

Na última quinta-feira, 30/05, mais uma vez as ruas de todo o país voltaram a ser ocupadas por centenas milhares de manifestantes que dão continuidade à luta iniciada no dia 15 de maio.

Ao todo mais de 150 cidades apresentaram mobilizações. São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte tiveram os atos mais expressivos, com cerca de 100 mil pessoas em cada. Belém, Fortaleza e Salvador também apresentaram atos muitos volumosos, chegando até a superar o 15M.

O 30M, tão massivo quanto o 15M, mostrou como a juventude, com protagonismo estudantil, e os movimentos sociais possuem grande reserva de luta e colocam a possibilidade de alterar a configuração da correlação de forças no próximo período.

A pauta principal foi o repúdio aos ataques e cortes de verbas do governo contra a educação pública. Porém, os atos também se colocam contra a reforma da Previdência, as políticas reacionárias desse governo e apontam como saída política o Fora Bolsonaro.

Além de uma pauta mais ampla, as manifestações preparam a greve geral de 14 de junho, uma vez que participaram das manifestações desse 30M uma série de outras categorias, com destaque para professores e funcionários públicos.

A reação do governo nos dois atos pró-educação representa de forma muito caricata a tentativa de depreciar a educação pública perante o conjunto da sociedade e  declarações de guerra contra o movimento estudantil e dos funcionários públicos.

Se no dia 15 Bolsonaro chamou os manifestantes de “idiotas úteis”, o ministério da educação emitiu uma nota na quinta-feira (30) após o ato declarando que professores, servidores, funcionários, alunos e até mesmo pais e responsáveis “não são autorizados a divulgar e estimular protestos durante o horário escolar”. Nota que pretende ser mais uma tentativa frustrada de combate à livre organização dos estudantes e trabalhadores da educação. Bom, os estudantes, professores e trabalhadores já demonstraram que a autoridade para defender a educação e os direitos é deles própria e os ataques do governo só tem servido até agora para dar ainda mais força ao movimento.

O governo tentou impor uma correlação de força mais favorável com o Congresso e o conjunto da sociedade quando chamou com base em um programa autoritário e em defesa das contrarreformas sua base eleitoral para o ato do dia 26 de maio. Os atos de ultradireita pró-Bolsonaro desse dia em comparação com as manifestações em defesa da educação dos dias 15 e 30 de maio servem para medir a correlação de forças nas ruas.

Não se trata de uma medida definitiva da conjuntura política e nem de que o governo não irá avançar em suas políticas, pois uma série de outros elementos devem ser considerados e estamos apenas no meio de um processo de luta, mas é bem claro que os atos em defesa da educação tiveram enorme vantagem, pois tanto o 15M, quanto o 30M, foram quantitativamente maiores do que os atos bolsonaristas do dia 26,.

A paralisação do dia 30 e do dia 15 foram sem dúvida vitoriosas, porém ainda não é possível afirmar uma vitória em cima dos ataques que o governo quer aplicar. O jogo está em aberto ainda e o seu resultado depende muito da mobilização da greve geral no dia 14 de junho e da construção de um forte calendário de lutas. Para isso, é fundamental que as burocracias sindicais não caiam na traição de negociar a contrarreforma da Previdência desmobilizando os trabalhadores ou impedindo que façam uma greve geral ativa.

O PT já deu indicação de ser favorável a uma possível reforma da Previdência com alterações. Claro que a burocracia petista tenta escamotear suas táticas de conciliação, porém já deu indícios e tem claros interesses de que se aprove alguma forma de “reforma” para diminuir os gastos com Previdência nos Estados que governa. O próprio governador do Piauí, Wellington Dias (PT), declarou em uma matéria da BBC Brasil: “Na alegria ou na dor, vamos ter que adotar medidas (para equilibrar a Previdência). Nós já temos hoje algo como doze Estados em situação de desequilíbrio”.

O que ficou evidente com as últimas manifestações é que a juventude e a classe trabalhadora tem muito fôlego para se manter na luta, que o governo não tem nenhum compromisso com a educação e não demonstra disposição para nenhum tipo de diálogo, que a força da juventude está incendiando politicamente o país e, por fim, que é possível derrotar Bolsonaro e seu governo. Mas isso depende da continuidade dos atos com a juventude, movimentos sociais e classe trabalhadora para dia 14 de junho e para o próximo período.

Não podemos aceitar mais uma traição da burocracia lulista, como foi o caso da desmobilização da greve geral em 2017 contra a reforma da Previdência de Temer. Dessa forma, a direção do PSOL tem uma importante tarefa no sentido organizar e de exigir que a burocracia lulista organize de fato a luta. Assim, nesse momento, nosso partido precisa exigir que a burocracia petista organize a greve geral pela base, com assembleias, Comitês de Luta Unificados e amplas manifestações de rua.

Suspensão imediata dos cortes de verbas para a educação!

Não à contrarreforma da Previdência!

Fora Bolsonaro e Mourão! Eleições Gerais!