Vamos pela unidade da esquerda!

Nem Macri, nem Cristina são alternativa!

Socialismo ou Babárie, 15/02/2019

Macri: un governo fracassado

Ninguém tem dúvidas: o governo de Mauricio Macri é um fracasso por qualquer ângulo que observe. Durante anos ele nos prometeu que as coisas iriam melhorar, que estávamos mal, mas iamos bem, que teriamos que esperar pelo segundo semestre, depois o terceiro, o quarto, o quinto … Mas há quase quatro anos que estão governando e a verdade é inegável: cada vez estamos piores.

Prometeu que controlaria a inflação, e em 2018 tivemos a maior inflação desde a hiper de 89. Ele prometeu que iria gerar uma “revolução da alegria” e terminou, tarifaço após tarifaço, elevando os preços da luz às nuvens , gás, água e transporte público. Disse que ele, e o melhor “time da história”, sabia como lidar com a economia, e acabamos na maior fuga de dólares para o exterior, tomando empréstimos como nenhum governo fez nas últimas décadas e entregues ao FMI. Ele prometeu que os investimentos cairiam e acabamos em uma onda de fechamento de fábricas, demissões e suspensões, como há muito não se sofria. Ele jurou que aumentaria a aposentadoria e acabou diminuindo os salários de nossos avós. Prometeu trabalho para todos e avançou com a baixa de salários, reforma trabalhista e flexibilização no ambiente de trabalho.

A lista é interminável. Seu governo de CEOs e empresários não fez nada além de defraudar e arrochar trabalhadores, mulheres e jovens, em benefício dos setores mais ricos e ricos. Para eles tudo, para nós nada.

Cristina é a repetição de um velho filme

Há pessoas que frente ao fracasso de Macri olham para trás e pensam que talvez Cristina Kirchner pudesse fazer alguma coisa, ou que pelo menos não poderiamos estar pior do que com Macri. Mas o kirchnerismo já nos governou por doze anos e não soube, nem quis resolver os principais problemas dos trabalhadores, jovens e mulheres.

A desilusão com o governo de Cristina Kirchner foi tão grande que não apenas milhares de pessoas votaram em Macri em 2015, mas apesar do desastre que estamos vivendo ainda há companheiros de trabalho, de estudo e vizinhos que estão pensando senão em voltar a votar em Cambiemos noamente…

Isso acontece porque os jovens, os trabalhadores e as mulheres fizeram uma longa experiência com o governo K e se cansaram. Sabem que com eles a exploração no trabalho permaneceu como de costume (e, acima de tudo, pagando os “lucros”!). Sabem que Cristina há oito anos negou às mulheres o direito de decidir sobre seu próprio corpo (direito ao aborto). Sabem que a prioridade de seu governo era, como ela disse, ser um “pagador em série” da dívida externa e garantir que os empresários “a aceitassem”.

A falsa opção entre Cristina e Macri não gera novas ilusões ou esperanças. Cristina não oferece nada de novo: é a repetição de um filme que já vimos: a única coisa que ela propõe é voltar a 2015, mas negociando com o FMI e sem modificar nenhuma das reformas reacionárias que Macri fez.

Chamamos a Luis Zamora, AyL e a FIT à unidade.

São muitos os que não aguentam mais esta situação e se perguntam: o que podemos fazer? Muitos de nós começaram a se organizar, a sair às ruas para manifestar e lutar contra as políticas reacionárias e de ajuste do governo Macri e Cambiemos. Trabalhadores mobilizando e lutando contra demissões e baixos salários como é neste momento a luta de Pilkington[1], entre muitos outros; mulheres saindo a lutar pela legalização do aborto e contra femicídios e violência; e jovens, junto aos professores, defendendo o direito à educação pública; e todos juntos contra as políticas reacionárias e a intençãoa de libertar os milicos genocidas por meio do 2 × 1.[2]

Este ano há eleições e, juntamente com as lutas nas ruas, devemos pensar em como tirar Macri da Casa Rosada sem cair em velhas propostas que não despertam a menor esperança de progredir.

O certo é que a Argentina está sofrendo uma crise há muitos anos. É a crise da Argentina capitalista a serviço das grandes empresas, bancos e empresas imperialistas. É a crise dessa Argentina que sempre adia os interesses dos de baixo para benefício dos de cima. É a Argentina que sempre se propõe a arrochar os trabalhadores, para salvar os capitalistas.

A esquerda vem ganhando um lugar importante nas lutas e nas eleições nos últimos anos. Um amplo setor a reconhece comprometida em defender as necessidades dos trabalhadores, das mulheres e da juventude: onde há uma demanda, onde há uma necessidade, onde há uma luta, a esquerda está lá. Além disso, é bem conhecido que a esquerda “bate os pés nas ruas” todos os dias; que não está misturada em nenhum caso de corrupção.

No entanto, também é verdade que estamos divididos: Nicolás Del Caño, Luis Zamora, Néstor Pitrola, nossa parceira Manuela Castañeira, têm amplo reconhecimento, mas não integram uma alternativa unificada. É por isso que muitos nos chamam pela unidade e estão certos: para nos transformar em uma alternativa, devemos avançar na unidade da esquerda.

Somente a esquerda pode levantar um programa que privilegie as necessidades dos de baixo: aumento dos salários indexados mensalmente de acordo com a inflação; salário mínimo, vital e móvel de US$ 40.000; eliminação do imposto trabalhista; proibição por lei de demissões e suspensões; suspensão imediata do pagamento da dívida externa; impostos progressivos sobre grandes fortunas; direito ao aborto livre, legal, seguro e gratuito; basta de violência contra as mulheres; triplicar o orçamento educacional e de saúde; congelamento de tarifas nos valores do final de 2016; fim da precarização laboral da juventude: alteração para contratação permanente.

Cada setor da esquerda em separado não é suficiente para levantar este programa: para transformar-nos em uma alternativa. Somente a unidade da esquerda pode aparecer diante dos olhos de milhões como uma alternativa real ao velho e ao fracassado.

Desde el Nuevo MAS estamos impulsando esta unidad. Por eso llamamos al FIT, a Zamora y al conjunto de la izquierda a conformar un gran polo junto a los trabajadores, las mujeres y la juventud para presentar una propuesta unitaria en las elecciones que vienen. Tenemos una salida, y es por la izquierda.

Desde o Nuevo MAS estamos promovendo esta unidade. É por isso que chamamos a FIT, a Zamora e toda a esquerda para formar um grande pólo com os trabalhadores, mulheres e jovens para apresentar uma proposta unitária nas próximas eleições. Nós temos uma saída e é pela esquerda.

Trad. José Roberto

 

[1] NT.: empresa multinacional vidreira de auto-peças, com sede na Inglaterra, subsidiária da japonesa NSG

[2] NT.: Lei criada em 1994 (e revogada em 2001) que possibilitava a redução de 2 anos da condenação definitiva de militares, para cada 1 ano de prisão preventiva, reduzindo, na prática a pena à metade.