Rosi Santos, para as Vermelhas e Juventude JÁ BASTA!
Neste domingo, na Favela do Amor aconteceu um ato cultural em homenagem e por justiça ao assassinato do jovem Lucas Martins dos Santos, morto após ser levado por PMs em Santo André. Com apenas 14 anos, Lucas foi levado no dia 12/11/19 por policiais militares em uma viatura, em seguida foi encontrado morto. Desde então, a vida da família Santos tem sido permeada por dor e ameaças.
Medo e revitimização
O Esquerda Web acompanhou a ação político-cultural realizada neste domingo para exigir justiça e para arrecadar utensílios para mãe de Lucas, que foi presa em meio ao caso com único propósito de deslegitimar a causa da família.
Como se não bastasse a perda tão prematura e trágica de Lucas, a família vive em um cenário de descaso e de insensibilidade estatal por parte do governador do Estado de São Paulo João Dória (PSDB) e do prefeito de Santo André, Paulinho Serra, do mesmo partido. Ambas lideranças, de maneira desumana, recusam-se em dar a devida centralidade ao caso, ou, mesmo, o minimo de atenção institucional aos familiares.
O Clima na Favela do Amor esta pesado, depois de ocorrido com Lucas a favela mais se parece a favela da dor… Podemos conversar rapidamente com familiares do jovem que estão desolados e atordoados, não só com a tragédia, mas também com o abandono por parte do prefeito de Santo André.
O caso está no Setor de Homicídios de Santo André da Polícia Civil, onde os policiais militares estão sendo investigados. No entanto, isso não é o suficiente diante de tamanha covardia e responsabilidade dos governos local e de estadual.
Alguns moradores relatam ameaças e agressões, o que demonstra que existe uma clara intenção e um trabalho sistemático das autoridades para que o caso caia no esquecimento para que ninguém seja efetivamente responsabilizado.
O caso de Lucas não pode se tornar mais um. Por isso, apostamos no potencial de manifestações como essas do domingo. Manifestações que vão onde a dor e revolta está.
Os inúmeros casos de assassinatos por disparos policiais no Rio de Janeiro e o mais recente caso da comunidade de Paraisópolis, colocam a tarefa urgente para o movimento negro e para o conjunto da esquerda de assumir de maneira centralizada a luta por justiça e para demonstrar efetivamente que vidas negras importam.
Estiveram presentes diversos MCs, a Rede de Proteção e Resistência Contra ao Genocídio, projetos culturais como o Meninos e Meninas de Rua, saraus de poesia do grande ABC e Batalhas de Hip Hop e membros do PSOL. Houve, também, grafitagem, oficina de MCs para as crianças e uma importante doação de livros para uma futura biblioteca para na comunidade.
O evento serviu não só para compartilhar a revolta, mas também para celebrar a união e a solidariedade para continuar na luta contra a política genocida do governo Bolsonaro e seus representantes regionais e locais.
Assim foi, verdadeiramente, uma tarde de respiro que, sem dúvidas, energizou e fortaleceu a campanha por justiça e por combate a politica de extermínio da população negra.
O mais importante é que, além disso, todos os casos relatados de ameaças por familiares e moradores perpetrados pela polícia serão encaminhados ao setor de investigação ainda essa semana para que os moradores tenham a mais absoluta certeza que não estão sozinhos. Mas, é necessário que todo o movimento social de Santo André e região continuem dando apoio para os familiares de Lucas e atentos para que as promessas das autoridades sejam verdadeiramente cumpridas. Lucas presente hoje e sempre!
Chega de omissão! Reparação e acompanhamento psicológico para a família imediatamente!
Chega de medo! Inclusão de todos os membros da família ao Programa de Proteção a Testemunha já!
Basta de perversidade! Liberdade para mãe de Lucas!
Vidas negras importam!
[…] Mais uma mãe negra da periferia que perde seu filho. Filhos criados apesar das adversidades, por mulheres que lutam diariamente contra a violência, o desemprego, a fome, a falta de políticas públicas e sofrem com o medo de terem seus filhos […]