Sarau do Fórum: A lírica em torno do Álbum AmarElo do rapper Emicida

    O ABC Paulista possui uma cena cultural muito forte e para aqueles que não conhece, mas são amantes da poesia vale a pena conhecer o Sarau do Fórum, que no mês de Agosto completará 10 anos. O Sarau do Fórum é uma atividade cultural que ocorre no Projeto Meninos e Meninas de Rua, em São Bernardo do Campo, todas as últimas quintas-feiras do mês. A atividade que nasceu em 2010, fruto do Fórum de Hip-Hop de SBC, cumpre um importante papel de resistência cultural na cidade, abrindo espaço para a livre manifestação da arte, realizando encontros de poesias com presença de poetas conhecidos como Akins Kintê, por exemplo, vencedor do 1º Festival de Poesia de São Paulo e também fomentando importantes debates sobre a questão racial com presenças importantes como da deputada Érica Malunguinho, em 2018. Nesse momento de impossibilidade de realizar atividades presenciais devido à pandemia, os organizadores prepararam uma programação especial nas suas redes sociais chamada #SarauDoForumIndica, onde toda semana são publicadas dicas de literatura, artes visuais, música, audiovisual, entre outros.

    Compartilhamos uma indicação musical de, Eder Alexandre poeta e um dos organizadores. Essa e muitas outras indicações podem ser vistas nas páginas do Instagram e Facebook do Sarau.

    Redação

     

    Emicida fortalecendo a cena cultural no aniversário de 6 anos da Batalha da Matrix em São Bernardo do Campo

    Por Eder Alexandre, poeta e um dos organizadores do Sarau do Fórum

    Lançado no final de 2019, AmarElo é o álbum que merece no mínimo uma ressalva no universo da poesia e do hip-hop. Com o título inspirado no poema de Paulo Leminski (Amar é um elo, entre o azul e o amarelo), Emicida questiona o velho imaginário sobre o rap e diz que: “o rap é compreendido por um estereótipo que é o mesmo dado às pessoas pretas, como a raiva e a pobreza”. Com isso, o músico coloca uma leveza diferente nas canções, uma experiência que não apenas os amantes do rap, mas como os da poesia devem vivenciar.

    O artista expõe uma outra visão política, reafirmando que os pretos têm o direito de existir e não apenas resistir, e na música “Pequenas Alegrias da Vida Adulta”, Emicida traduz isso de uma forma encantadora e extremamente sensível.

    A evolução de Emicida, tanto musical quanto na escrita, é notória. Sua leveza musical conecta-se com suas novas composições e as famosas punch line vão abrindo espaços para uma lírica ainda mais elaborada, uma estética parecida com a de grandes compositores brasileiros como Gonzaguinha, Djavan, Gilberto Gil, Chico Buarque, entre outros. Verificado na canção “Cananéia, Iguape e Ilha Comprida”.

    O disco é uma intervenção poética, em tom acolhedor e de revolta, e em AmarElo, música que carrega o nome do álbum, Emicida trata de questões complexas como a depressão e ansiedade. Para compor esse som, ele convidou as cantoras Majur e Pablo Vittar, colocando o dedo na ferida da homofobia presente na sociedade e, inclusive, no universo do rap.

    Esses são apenas alguns exemplos de como Emicida consegue se destacar e alçar novos voos que vão colocando ‘o Zika’ entre os grandes, não só do rap, mas da música brasileira.

    Álbum AmarElo

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    Posted by Sarau do Forum on Sunday, April 19, 2020