MULTIPLICAM ESCÂNDALOS NO GOVERNO BOLSONARO

Um bate cabeça no laranjal do governo

Por Renato Assad, 15/02/2018

Arrancamos o ano de 2019 com o governo de Jair Bolsonaro, construído pela classe dominante como figura de salvação nacional capaz de solucionar os problemas crônicos de corrupção, um “anti-esquerda”, mas que na verdade chefia o país única e exclusivamente para implementar a agenda de contrarreformas para garantir a manutenção da taxa de lucro dos grandes empresários e do capital financeiro.

Pois bem, menos de dois meses de governo bastou para que a falsa moral da família Bolsonaro e de seu partido, o PSL, caisse por terra com escândalos associados à sua família, ao partido e a Ministros de Estado.

Estes ocorridos, os quais iremos tratar aqui, abriram uma crise interna do governo e uma possibilidade de colocá-lo na defensiva. isso se, na luta de classes, setores da esquerda radicalizarem a luta ao permearem as fraturas que o governo apresenta com uma eficaz e organizada resistência nas ruas contra os ataques aos direitos dos trabalhadores e das minorias.

O primeiro escândalo envolvendo o recém empossado governo aparece com a figura de Flávio Bolsonaro, filho do presidente e eleito senador pelo estado do Rio de Janeiro, e seu antigo assessor Fabrício Queiroz. Documentos do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) apontam que Queiroz recebia sistematicamente transferências bancárias e depósitos feitos por oito funcionários que trabalharam ou ainda trabalham no gabinete de Flavio na ALERJ. Os valores suspeitos giram em torno de R$ 1,2 milhão. Queiroz não se apresentou para prestar depoimento até hoje, assim como os outros assessores que “misteriosamente” desapareceram para qualquer esclarecimento.

Não bastasse este escândalo envolvendo o filho do presidente, o mesmo que como Deputado Estadual em 2017 pelo PP defendeu a legalização das milícias no Estado do Rio de Janeiro. Surge também a notícia de que Flávio tinha mãe e mulher do chefe da milícia do RJ (Escritório do Crime), possivelmente envolvido na morte de Marielle Franco, lotadas em seu gabinete.

Esta semana presenciamos mais um escândalo de desvio de dinheiro público envolvendo um Ministro. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno (PSL), teria comandado um esquema em Pernambuco com uma candidata laranja para o desvio de verbas do Fundo Patidário. O valor de 400 mil reais foram repassados à candidata Lourdes Paixão, que obteve apenas 247 votos. Foram repassados também cerca de 100 mil reais para impressão de material de campanha de Lourdes, e no endereço da gráfica, que supostamente teria prestado o serviço, funciona uma oficina de funilaria…

É notório que quando se trata da dinâmica politica da sociedade não é a aritmética parlamentar que decide em última instância. Isto é, as artimanhas palacianas só podem impor à classe trabalhadora contrarreformas e retiradas de direitos se não ocorrer a resistência direta na luta de classes. O que queremos dizer com isto é que, esse início turbulento de governo, denunciado em diferentes escândalos, abre grandes possibilidades para que a esquerda e a classe trabalhadora consigam mudar a correlação de forças com o governo (visto que este ainda continua em sua ofensiva) e impedir que a principal contrarreforma do grande capital financeiro, a da previdência, uma verdadeira atrocidade, consiga passar.

O texto e projeto da contrarreforma da previdência deve sair nos próximos dias e ser encaminhada às diferentes esferas para aprovação, mas prévias do mesmo estabece 65 anos para homens e 62 anos para mulheres como idade mínima, além de outras medidas, como aumento de alicota para funcionários publicos (vide a sobretaxação dos servidores publicos do município de São Paulo). Assim, apenas com uma forte mobilização nacional, usando dos diferentes instrumentos de luta como a greve geral, é que podemos barrar este projeto!