Operação policial acaba em 25 mortos no Jacarezinho

Bolsonaro e seus seguidores genocidas são responsáveis por essa chacina

Protesto no Rio. Foto: Ricardo Moraes/Folhapress

Bolsonaro e seguidores genocidas são responsáveis por essa chacina

ANTONIO SOLER

Ontem (06/05) a partir das 5h, a operação na comunidade do Jacarezinho, zona norte da cidade do Rio de Janeiro, teve como saldo a morte de 25 pessoas – 24 moradores e 1 policial – e o ferimento de ao menos 3 pessoas, 2 delas estavam dentro de um vagão do metrô que passava na estação Triagem, próxima à comunidade.

A operação que tinha como “justificativa” o combate ao aliciamento de menores pelo tráfico de drogas, acabou por gerar, segundo pesquisadores do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF (Universidade Federal Fluminense), a operação policial mais letal da história do Rio.[1]

Além da violência assassina ser um expediente comum da política, que não respeita nenhum direito – muito menos à vida – das pessoas que vivem favelas, a dinâmica da operação indica que essa quantidade absurda de mortes ocorreu porque logo no início o policial que morreu foi baleado na cabeça, o que teria gerado o modo “vingança” e levado a que, a partir daí, houvesse o morticínio deliberado.

A quantidade de mortes e o modus operandi, vídeos e relatos de populares indicam que essa operação foi mais uma ação da Polícia com policiais invadindo casas e atirando em pessoas rendidas, caracteriza evidente política genocída. Segundo declaração de Edson Fachin, Ministro do STF, que recebeu petição do Núcleo de Assessoria Jurídica Universitária Popular, vinculado à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), os indícios “parecem graves” e “há indícios de atos que, em tese, poderiam configurar execução arbitrária”.

Já na contramão dessa percepção e totalmente de acordo com a necropolitica que baliza o governo federal em toda a sua linha, hoje pela manhã o vice-presidente (Hamilton Mourão) em resposta sobre o ocorrido na operação declarou simplesmente que eram “todos bandidos”, isso sem que tenhamos ao menos identificação dos corpos, perícia, investigação…

Genocidas, tirem as mãos das comunidades do Rio de Janeiro

Quando se fala em necropolítica não se trata de exagero algum, pois para a política do extermínio bolsonarista a solução para o tráfico de drogas, como para qualquer problema social – vide a política diante da pandemia -, passa pelo extermínio. Essa é a lógica universal deste governo.

Vale notar que ontem o genocida mor, Jair Bolsonaro, que até o fechamento dessa nota não tinha dado nenhuma declaração, esteve reunido com seu seguidor e atual governador do Estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC). Castro, desde que assumiu o governo do estado, segue a mesma linha de extermínio de Wilson Witzel, como consequência, seu governo já tem um número de mortes muito maior do que o ex-governador impichado.[2]

É preciso, assim, responsabilizar politicamente o governo do estado do Rio, o Ministério Público[3] que autorizou a ação e o governo federal por essa chacina. Castro e Bolsonaro, bem como o comando da Polícia Civil, têm as mãos sujas com o sangue dos 25 mortos do Jacarezinho.

Basta de genocídio! Como há grande preocupação no interior da comunidade do Jacarezinho de que novas incursões genocidas ocorram, causando ainda mais dor e destruição a essa população já tão sofrida, temos que nos colocar veementemente contra qualquer operação da política nesta comunidade.

É preciso reagir nacionalmente ao genocídio da população negra, periférica e trabalhadora, que tem na chacina do Jacarezinho mais uma terrível expressão, organizando manifestações em todas as capitais e principais cidades do país. Todas as organizações dos trabalhadores e dos oprimidos devem convocar a luta em solidariedade ao Jacarezinho. Em São Paulo, somamo-nos e convocamos o Ato que ocorrerá no Vão Livre do MASP neste sábado (08/05) às 17h.

Genocidas, tirem as mãos do Jacarezinho

Bolsonaro e Castro são responsáveis por essa chacina

Chega de genocídio contra a população negra, periférica e trabalhadora

Legalização das drogas e estatização sob controle dos trabalhadores

Fora Bolsonaro e Mourão, genocidas

Eleições Gerais já


[1] A política da “guerra às drogas” demonstrou-se totalmente ineficaz em todas as partes do mundo, no Brasil e no estado do Rio, em particular com o seu morticínio levado pela polícia fluminense, há anos não tem demonstrado nenhuma eficiência, ao contrário, só tem servido para fortalecer os grupos milicianos. Por essa razão, é preciso retomar uma ampla campanha por uma política de legalização das drogas.

[2] Wilson Witzel sofreu impeachment por corrupção à frente do governo do estado  é um dos expoentes da necropolítica que ocupou o cenário político nacional e se notabilizou pela frase  “mira na cabecinha”, ou seja, defesa aberta do extermínio como forma de combate ao narcotráfico. O bolsonarista Castro segue a mesma linha de extermínio de Witzel, seu governo já tem um número de mortes muito maior do que o ex-governador impichado.

[3] O STF em junho de 2020 definiu que operações policiais durante a pandemia apenas poderiam ocorrer em situações indispensáveis, justificadas por escrito pela autoridade competente e comunicadas imediatamente ao Ministério Público.