O 1º DE MAIO APONTOU O CAMINHO DA UNIDADE

AGORA É CONSTRUIR UMA GREVE GERAL COM PARTICIPAÇÃO ATIVA DE AMPLOS SETORES

POR ANTONIO SOLER

O 1º de Maio (Dia Internacional do Trabalhador) desse ano foi marcado pela luta contra a PEC 6/2019 (“Reforma” da Previdência), contra o desemprego e contra o conjunto de políticas ultrarreacionárias do governo Bolsonaro. A grande novidade desse ano, notadamente o da cidade de São Paulo, foi a realização de atos em unidade com todas as centrais sindicais (CUT, Força Sindical, Intersindical, CPSP-Conlutas, Nova Central, CGTB, CSB e UGT) depois de décadas de manifestações fragmentadas, fato esse nunca dantes visto.

A manifestação que se destacou foi a da capital paulista. Em São Paulo, segundo organizadores, passaram pela manifestação realizada no Vale do Anhangabaú (região central da cidade) cerca de 200 mil pessoas, mas a parte propriamente política do ato, com falas da centrais, partidos e movimentos, contou com cerca de 50 mil pessoas. Apesar de importantes, como forma de denúncia e preparação para a próxima jornada de lutas, as demais capitais do país as manifestações do 1º de Maio não juntaram mais do que alguns milhares de pessoas.

No Vale do Anhangabaú, concentrou-se as principais lideranças das centrais sindicais, dos partidos e dos movimentos sociais. Estavam presentes representantes dos partido, como PT, PSOL, PCdoB, PCB, PSTU e PDT, de movimentos sociais, como MST e MTST e de ex-candidatos (as) à Presidência da República, como Guilherme Boulos (PSOL), Fernando Haddad (PT) e Vera Lúcia (PSTU).

A posição política das direções das centrais é uma grande preocupação, pois sabemos que a estratégia dos dirigentes é um dos elementos mais decisivos para a vitória ou derrota da luta. Na manifestação em São Paulo, os presidentes das maiores centrais sindicais dizem defender a “Greve Geral” como instrumento de luta para barrar a “Reforma” da Previdência. O presidente da CUT, Vagner Freitas, afirmou que o “único jeito de barrar a reforma da Previdência de Bolsonaro é nas ruas. É com greve geral”. Já para Miguel Torres, presidente da Força Sindical, “estamos defendendo o País e a greve geral será a continuidade desta luta“.

A fala dos setores mais combativos do movimento sindical e popular durante o ato do Vale do Anhangabaú foram importantes, representam a necessidade de organizar a luta de fato, mas pecam pela falta de uma política diferenciação (exigências e denúncias) mais contundente às grandes centrais. Para Mancha, representante da CSP-Conlutas, “é preciso levar a construção da greve geral para as bases, para os sindicatos e movimentos sociais para organizar assembleias, coletar o abaixo-assinado contra a reforma, colocar em nossas mãos a construção dessa paralisação no dia 14 de junho para não haver recuos.” Já para Guilherme Boulos, ex-candidato a presidente pelo PSOL e dirigente nacional do MTST, “com muita unidade, nós vamos barrar essa contrarreforma da Previdência. E esse 1º de maio é um exemplo de unidade, caminhando para construir uma grande greve geral, que vai parar o Brasil.”

Essas são falas corretas, é necessário unidade e organizar nas categorias a luta para derrotar a reforma, mas não podemos ficar só por ai, pois é preciso partir da crítica à prática das direções das grandes centrais em outros momentos decisivos para lutar contra as manipulações que desarmaram nossa luta e permitiram terríveis ataques na história recente. Basta ver que a direção da CUT e das grandes centrais sindicais, depois da importante Greve Geral de 28 de abril de 2017, em meio a uma crise política de Temer, decidiram pela política de adiar a próxima data de Greve Geral com a perspectiva de negociação do imposto sindical, o que possibilitou a recuperação de Temer e a aprovação da nefasta “reforma” trabalhista.

A “unidade” entre todos os setores e construir nas “bases” são medidas decisivas, mas sabemos que se ficarem na mão da burocracia apenas não iremos realizar uma Greve Geral que tenha participação ativa dos trabalhadores e dos oprimidos. Pesquisas dão conta de que 51% das pessoas são contrárias a “reforma”, o que junto com a queda recorde de popularidade de Bolsonaro indica que a opinião dos trabalhadores está em processo de deslocamento à esquerda, mas a batalha ideológica ainda não está ganha.

Apenas com a “opinião pública” favorável não podemos derrotar Bolsonaro e sua “reforma”, é necessário ações políticas contundentes. Precisamos realizar um processo de mobilização massivo e ativo, ou seja, que conte com a participação nas ruas, nos piquetes de greve, nos bloqueios das avenidas e nos atos políticos dos trabalhadores e dos oprimidos. Mas, a depender da política da burocracia sindical isso não irá ocorrer. Por isso, é preciso que todos os movimentos, sindicatos e organização dirigidas pelos setores de esquerda – Povo Sem Medo, CSP-Conlutas e Intersindical – joguem-se com tudo na organização de Comitês Unitários que têm o desafio de organizar de forma massiva a mobilização na Greve Geral.  

O principal calendário de mobilização tirado em comum acordo entre as centrais sindicais é a realização de uma Greve Geral, mas antes de junho outras datas de mobilização estão sendo tiradas, e a de maior destaque será a Greve Nacional da Educação marcada para o dia 15 de maio. Essa é uma data que deve ser tomada como fundamental para os trabalhadores da educação e para o conjunto do movimento social. Isso porque com o feroz ataque financeiro – corte de 30% das verbas de todas as universidades federais e 47% do FUNDEB (Fundo Nacional da Educação Básica -, político e ideológico de Bolsonaro contra as universidades, a reação dos trabalhadores em educação e da juventude tende a ser forte e o 15 de Maio será o grande “esquenta” para a Greve Geral de 14 de Junho.