Não às demissões na Ford

Os trabalhadores não podem pagar pela crise

SEVERINO FÉLIX e BETO VIEIRA 

A toda crise do sistema capitalista, inevitavelmente os prejuízos são contabilizados para a classe trabalhadora. Isso é uma prática recorrente para manter a grande lucratividade que quer o “espirito capitalista”, não importa os meios justificam o fim para os donos do sistema.

Como sempre, a globalização acabou com as barreiras comerciais, descobrindo, assim, novos mercados para explorar as mais variadas forças de trabalho em qualquer lugar que esteja.

Passamos pela grande crise do sistema financeiro em 2008 nos EUA, uma crise que teve sua origem centrada no setor imobiliário que afetou a vida de mais de 20 milhões de pessoas que perderam suas residências para os bancos.

Em 2009 tivemos a maior crise do capital em nível internacional e a falência das gigantes do setor automobilístico, GM (General Motors) e Chrysler, duas das maiores empresas internacionais do capitalismo.

Num primeiro momento ambas foram socorridas por um aporte US$ 17,4 bilhão dada pelo governo Obama que “justificou” a ação dizendo que não podia deixa ambas fecharem as portas pois afetariam milhares de empregos nos EUA.

Porém, essa quantia se tornou insuficiente para este socorro e, como sempre, os trabalhadores foram penalizados perdendo seus empregos nestas empresas. Ao mesmo tempo, o gerente do grande capital (Obama) negociava um aporte ainda maior para beneficiar ambas empresas sem nenhuma preocupação com os trabalhadores.

Desta forma, foi liberado o mais bondoso aporte financeiro para Chrysler no valor de US$ 6 bilhões, ao mesmo tempo para a GM foi de US$ 50 bilhões, além de US$ 9,5 bilhões do governo Canadense que adquiriu uma participação na empresa.

A grande solidariedade aos capitalistas da parte dos governos burgueses é algo normal. Obviamente que aos trabalhadores não é dado tratamento igual, pois são sempre os que esses mesmos gerentes do grande capital através dos governos querem que paguem pelas crises criadas por eles e pelo próprio sistema.

SOMENTE UNIDADE E LUTA DIRETA PODERÁ ASSEGURAR OS EMPREGOS NA FORD

No caso da Empresa Ford Brasil, que pretende fechar sua unidade até o mês de novembro deste ano e assim demitir milhares de trabalhadores para aumentar sua lucratividade.

Além de fechar suas atividades na América Latina, estabelecendo a lógica da globalização, é necessário aumentar o desemprego a nível internacional para alcançar o objetivo.

Nesse sentido, o sindicato dos metalúrgicos precisa desde já dialogar com os trabalhadores das demais unidades desta montadora para organizar uma grande resistência contra todas demissões.

Ao mesmo tempo, precisa dialogar com os demais trabalhadores da cidade, retomando a consciência de classe para resistir a mais este ataque dos capitalistas. Explicar para a população da cidade que todos serão afetados com essas demissões e não apenas os trabalhadores da empresa é uma tarefa fundamental hoje.

Neste momento, é necessário construir uma grande frente de resistência para lutar, ir para ruas dialogar com a sociedade, fechar estradas, convocar os governos municipal e estadual para suas responsabilidades com os trabalhadores da FORD e toda população do ABC.

É preciso aprender com os erros anteriores, várias empresas foram fechadas e não houve resistência e muito menos unidade com os moradores do entorno das empresas.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) precisa fazer um chamado às demais Centrais Sindicais, Conlutas, Intersindical e outras, para a defesa dos empregos e luta contra a “reforma” da Previdência Social. Não existe vitória sem luta e em certo momento é necessário radicalizar com ações mais concretas, transitar pelo bairro em torno da empresa, caminhar pelas principais ruas do centro da cidade, fechar rodovias, dentre outras ações.

Ao mesmo tempo, o Sindicato dos Metalúrgicos vende a ilusão de que é possível rever estas demissões apenas “dialogando” com representes da matriz da Ford – que talvez peça aos trabalhadores uma contrapartida com o objetivo de aumentar a precarização das condições de trabalho para manter os empregos.

Sabemos que sem luta não tem negociação que favoreça os trabalhadores. Assim, a única saída para frear estas demissões é resistir e fazer um grande chamado aos demais trabalhadores da cidade, junto com a população, estudantes e setores da sociedadeé; é  nessa estratégia que devem apostar os trabalhadores e todas as suas organizações sindicais e políticas.