Mulheres protagonizam atos históricos

Movimento de mulheres protagoniza atos históricos contra o neofascismo

O próximo ato #elenao está sendo marcado para o dia 6 de outubro no Vão Livre do Masp, um dia antes das eleições do primeiro turno.

“Uma manhã, eu acordei, e ecoava 'ele não', 'ele não, não, não'; uma manhã, eu acordei e lutei contra o opressor; somos mulheres, a resistência, de um Brasil sem fascismo e sem horror; vamos à luta para derrotar o ódio e pregar o amor; vamos à luta para derrotar o ódio e pregar o amor” (Música inspirada na melodia da histórica canção italiana antifascista Bella Ciao)

SUELI ALVES E ANTONIO SOLER

Ontem foi um dia histórico para a luta de classes no Brasil. O movimento de mulheres sob a #elenao protagonizou uma manifestação de massa contra o candidato a presidente neofascista, racista e misógino, Jair Bolsonaro (PSL).

Foram organizados atos em todas as capitais, no Distrito Federal e em mais de 300 cidades em todo o país que reuniram cerca de 1 milhão de pessoas, além das manifestações ocorridas em mais de 24 cidades em outros países.

Nas capitas mais populosas os atos atingiram dimensões multitudinárias, em São Paulo foram cerca de 300 mil pessoas, no Rio de Janeiro 200 mil, em Belo Horizonte 150 mil…

Os atos de ontem foram convocados a partir do grupo do facebook Mulheres unidas contra Bolsonaro. Grupo esse que em poucos dias atingiu mais de 1 milhão de seguidoras. Foi hackeado dias depois, retomado pelas mulheres e hoje tem 3 milhões de seguidoras, segundo último anúncio.

Os atos tiveram composição majoritária de mulheres, jovens, negros, estudantes e trabalhadores. Do ponto de vista político, foram manifestações povoadas pela esquerda, nas quais se expressaram as bandeiras da igualdade, tolerância, liberdade e democracia. No manifesto comum lido durante os atos de ontem afirmam

defendemos o respeito às diferenças; o direito das mulheres de viverem seguras e decidirem sobre o seu próprio corpo; defendemos salários iguais entre homens e mulheres, entre negros e brancos; defendemos cotas para os que foram historicamente injustiçados e prejudicados; defendemos serviços públicos com qualidade para as mulheres pobres e seus filhos.” (Manifesto Das Mulheres Unidas Contra Bolsonaro)

O movimento de mulheres no Brasil, da mesma forma que em todo o mundo, há alguns anos coloca-se no centro da luta de classes e ocupa lugar de protagonista.

É um movimento de caráter totalizador da luta social, pois tem a capacidade de unir de forma democrática em torno de si, sem perder de vista suas pautas especificas e a auto-organização, as demandas mais sentidas de todos os explorados e oprimidos.

As mulheres foram centrais para enfrentar a ofensiva reacionária desde 2014 e se colocaram à frente de todas as lutas desde então, foram centrais na luta contra o impeachment e contra as “reformas” de Temer, lutaram em defesa dos seus direitos reprodutivos e estiveram na linha de frente da juventude contra os ataques à educação pública.

Agora, diante do crescimento político-eleitoral do neofascismo, o movimento de mulheres rompe com o eleitoralismo – com a separação entre luta direta e eleições imposta pela burocracia, particularmente pela lulista – e demonstra, mais uma vez, o seu caráter universal e protagoniza atos históricos que irão incidir sobre os resultados das eleições e dinâmica da luta de classe pós-eleitoral.

É bom que se diga que, além do dinamismo do movimento de mulheres, as manifestações massivas vividas ontem só podem ser compreendidas em um cenário de tensões políticas não resolvidas.

Apesar da ofensiva reacionária e de suas vitórias conjunturais, vivemos uma situação política de crise estrutural, de conflitos abertos e de crescente instabilidade que só podem ser resolvidos no interior da própria luta de classes.

Dessa forma, as mulheres e o movimento dos trabalhadores, longe de estarem derrotados, como não cansam de afirmar os derrotistas de plantão, são as que representam e organizam o polo de resistência que está por derrotar o neofascismo nas ruas e nas urnas.

O próximo ato #elenao está sendo marcado para o dia 6 de outubro, um dia antes das eleições do primeiro turno, a manutenção da sua massividade e combatividade é fundamental. Nesse sentido, como parte do PSOL, conclamamos que todas as nossas candidaturas, a começar a do nosso candidato a presidente Guilherme Boulos, coloquem na próxima semana como tema central à convocação do 2º Ato Mulheres Unidas Contra Bolsonaro.

Além disso, é preciso que Boulos convoque o 2º ato no debate eleitoral televisivo de hoje na TV Record e exija de todos os setores, principalmente do PT e de sua candidatura (Haddad), que rompam com o eleitoralismo e contribuam com a convocação da luta para derrotar o fascismo nas ruas e nas urnas.