24 a 27 de abril na Califórnia, EUA. Durante estes dias, o Primeiro Congresso Internacional de Trabalhadores de Plataforma foi realizado na Califórnia, Estados Unidos. Foram 4 dias repletos de debates, ações de luta e grandes conclusões para avançar na coordenação e organização internacional desse novo setor de trabalhadores.
Foi um Congresso histórico, um evento fundacional para os trabalhadores de plataformas no mundo que, pela primeira vez, organizaram um encontro internacional pelos e para os próprios trabalhadores. Na Califórnia encontramos companheiros de 15 países em 3 continentes, o ativismo internacional desse novo setor da classe trabalhadora que é o trabalho por plataforma. Nos reunimos na Califórnia para discutir, organizar e planejar como continuar e crescer nossa luta pelos direitos laborais e por nossos sindicatos e organizações em todo o mundo.
O Congresso foi organizado na sede do California Gig Workers Union e do SEIU 721, que nos recebeu com enorme fraternidade de classe. Os camaradas fizeram enormes esforços juntamente com SiTraRepa na coordenação conjunta e realização deste Primeiro Congresso.
Ao nosso lado participaram importantes expressões do novo sindicalismo dos Estados Unidos: delegações da Amazon Labour Union, Starbucks Workers United, trabalhadores do McDonald’s, Amazon Flex e Peet’s Coffee.
Uma delegação do SiTraRepA viajou da Argentina junto com outras organizações americanas do Brasil (Entregadores Unidos pela Base), Equador, México, Colômbia e Paraguai. Da Europa, participaram companheiros que se organizam na Itália, Alemanha, Dinamarca, Bélgica, Suécia e Espanha. E da Ásia, destacou-se a participação das Filipinas, juntamente com Nepal, Hong Kong e Taiwan.
Um Congresso cheio de debate e ação
As discussões foram organizadas em torno de 4 painéis que abordaram vários temas envolvendo as e os trabalhadores de plataformas em todo o mundo. O primeiro abordou as condições de trabalho, que são idênticas em todo o planeta. O segundo abordou a nova onda de sindicalismo de base que está surgindo internacionalmente, no trabalho por plataforma e em outros setores também, onde se destacou a participação de representantes da Amazon Labour Union e do Starbucks Workers United. O terceiro painel abordou as diferentes regulamentações legais que existem e as que estão sendo debatidas para essa nova categoria de trabalhadores e, no último, debatemos como fortalecer a organização e a mobilização internacional dos trabalhadores por plataforma.
Por outro lado, as ações de luta marcaram o desenvolvimento do Congresso, mostraram que o setor encarna muita força para as lutas nas ruas em que as ações tiveram enorme impacto. Primeiro, na segunda-feira, dia 24, uma importante caravana foi realizada em frente ao prédio do tribunal de justiça da Califórnia para apoiar o recurso à suprema corte do California Gig Workers Union contra a escandalosa Proposição 22, que é obviamente inconstitucional e de um claro e reacionário conteúdo antissindical.
No dia seguinte, desenvolvemos uma importante ação de solidariedade internacional, manifestando-nos no consulado argentino com as delegações internacionais exigindo e apoiando o reconhecimento do SiTraRepA.
Por fim, a quinta-feira começou com uma ação no aeroporto de São Francisco, no estacionamento onde os motoristas esperam as corridas dos passageiros, que teve uma grande participação de trabalhadores.
Por fim, a ação de encerramento do Congresso foi uma chocante caravana que bloqueou as ruas em frente à sede da Uber, empresa emblemática desse modelo de precarização, onde realizamos uma coletiva de imprensa na qual expressamos nossas principais demandas e foi encerrada com muita força pela companheira Emilse Icandri do SiTraRepA, pela Coordenação Internacional.
Finalmente, a importante assembleia de trabalhadores do Congresso aprovou várias resoluções de grande importância. Em primeiro lugar, foi elaborada uma declaração de princípios que denuncia as condições dos trabalhadores de plataforma no mundo e o caminho de luta que esta organização internacional se propõe para enfrentá-los.
Ao mesmo tempo, foi votado um plano de ação que consistirá em várias jornadas internacionais de luta, coordenadas e simultâneas em todos os países, que serão realizadas ao longo do ano para mostrar a força deste movimento de trabalhadores em todo o mundo.
E, por fim, votamos para dar continuidade à construção gerada neste Congresso, mantendo-o organizado permanentemente, com uma Coordenação Internacional e realizando um próximo Congresso para 2024 que certamente será muito maior e com a participação de mais delegações internacionais.