A FAMÍLIA BOLSONARO, AS MILÍCIAS E O ASSASSINATO DE MARIELLE FRANCO

LUCIANO MATHIAS

Fica cada vez mais claro o envolvimento de Flavio Bolsonaro com as milícias e com o assassinato de Marielle Franco. O caso que começou com a investigação da Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) a respeito das transações financeiras feitas pelo ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, revelou-se algo muito mais profundo no que tange ao envolvimento da Família Bolsonaro com as milícias do Rio de Janeiro.

Para começar, a mãe e a mulher do ex-PM e agora foragido da polícia, Adriano Nóbrega, já fizeram parte do gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro. O ex-PM é acusado de chefiar a milícia conhecida como “escritório do crime”, suspeita de assassinar Marielle Franco e Anderson Gomes, além do envolvimento em diversos casos criminosos como: assassinato, extorsão, agiotagem, pagamento de propinas e grilagem de terras nas comunidades Rio das Pedras e Muzema, no RJ.

Adriano Nóbrega também já foi defendido em 2005 por Jair Bolsonaro e homenageado duas vezes por Flavio Bolsonaro. Na ocasião, Nóbrega estava preso por homicídio e recebeu a Medalha de Tiradentes, maior honraria oferecida pelo legislativo estadual Fluminense, na cadeia.

Já fazem mais de 10 meses do assassinato brutal de Marielle Franco e Anderson Gomes, um caso intragável, no qual ainda não acusaram os devidos culpados, não só pela execução do crime, mas também em relação à autoria intelectual e organização da operação. Para quem acompanha o caso, parece que não foram feitos também muitos esforços investigativos para que se esclareça e se faça justiça.

Se hoje o caso do assassinato volta à tona e coloca em cheque a possível participação da família Bolsonaro, foi por esforços diretos da militância do PSOL, partido de Marielle, como da militância da esquerda como um todo. Imortalizando, em todos os atos, a simbólica figura da defensora dos direitos humanos e da liberdade com o lema “Marielle, presente!”.

Agora, vale lembrar que escândalos como os de Aécio Neves, que sugeriu matar o primo se necessário, de Michel Temer, com as denúncias de corrupção da JBS, além de muitos outros que foram colocados para debaixo do tapete nos quais os envolvidos praticamente foram inocentados, pois não interessa para a classe dominante que sejam investigados. Isso para que se entenda que qualquer justiça só será feita pela ação direta do movimento social.

Por isso, é necessário que o PSOL, como todos os setores da esquerda, denuncie este escândalo que envolve a família Bolsonaro. Podemos considerar esse como mais um espaço para denúncia desse governo e reação diante das contrarreformas que querem impor aos trabalhadores e oprimidos. Assim, é importante aproveitar essas brechas políticas que se abrem para fazer chamados às ruas e combater esse governo profundamente reacionário e corrupto.