“Se Argentina pode, nós também”
CECI CAIVANO
Após o triunfo do movimento de mulheres na primeira votação da Câmara dos Deputados para a legalização do aborto na Argentina, as mulheres latino-americanas estão começando a se organizar mais fortemente para conquistar o direito ao aborto legal em seus países.
A partir de 14 de junho, começaram a surgir novas redes sociais (principalmente no Instagram) de organizações para o aborto legal e iniciaram oficialmente suas campanhas por esse direito; no Peru (IG: @ abortolegalpe e @abortolegalper), Colômbia (IG: @colegolgia abortiva), Chile (IG: @abortolegalcl TW: @ abortolegalcl) e México (TW: @abortolegalmx IG: @abortolegalmexico). As reivindicações também começaram no Equador, no Paraguai e na Costa Rica. Na Venezuela e no Brasil, eles estão convocando eventos e assembléias nesta semana para discutir o assunto.
Através de redes como o Instagram, convocou-se marchas, tweets e assembléias de mulheres em diferentes lugares pelo lema “Se a Argentina puder, nós também podemos”, e desenhando e criando lenços de cores diferentes que as representem e sejam um símbolo de unidade e luta por esse direito, inspirado no lenço verde da Argentina.
Enquanto em alguns desses países a organização do movimento de mulheres e suas campanhas nacionais pelo direito ao aborto existam há muito tempo, nunca houve um momento tão crucial para se dizer “Agora é a hora”, com o enorme passo que estamos dando as mulheres argentinas, para a América Latina
Alguns exemplos disso: no México, o aborto é legal apenas na Cidade do México. Lá elas têm sua Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal, segura e gratuita (https://mexico-pro-aborto-nacional5.webnode.mx). Agora, elas criaram novas redes e sites convidando assembléias e organizando para tornar o aborto legal em todo o México, porque as mulheres que querem ter um aborto têm que ir para a Cidade do México e não é acessível a todas. Um dos organizadores escreveu para mim “A campanha surgiu espontaneamente, a Argentina nos inspirou muito! Logo depois nos organizamos e pouco a pouco chegamos à solidez que temos agora. Estamos escrevendo o projeto com a ajuda de advogadas feministas. “
No Peru, elas vêm lutando pelo aborto legal desde antes de 2010 com sua Campanha Peruana pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito. E agora, depois do 13J, reativaram tudo isso nas redes sociais. Ao contatá-las, falei com uma organizadora que refletia em suas mensagens tudo isso: “Sempre tentamos nos fazer ouvir e poder escolher, agora com a conquista de vocês colocamos ainda mais 'pilha' e o ânimo de que sim podemos! Muito obrigado pelo encorajamento, estamos felizes que você possa seguir em frente. Em breve tocará a nós “.
As mulheres argentinas estão conquistando esse direito com um governo ultra reacionário e misógino que é contra, que foi muito pressionado e teve que permitir o debate do projeto de lei no Congresso, mas não viu essa onda de mulheres organizadas chegando e ficando na porta do Congresso até a sessão terminar e, conseguindo assim, a aprovação em primeira votação. Esta vitória neste contexto, não é apenas um exemplo de luta pelos diferentes setores e movimentos que estão lutando contra as demissões e ajustes aqui, marcando que o caminho para a vitória está nas ruas, mas que também somos pioneiras e um exemplo para toda a América Latina.
Essa nova onda feminista, essas novas redes e comentários, demonstram o enorme passo que demos no país e que não é apenas um triunfo nosso, mas de todas as mulheres do mundo e, mais especificamente, da América Latina. Como o aborto legal está sendo realizado na Argentina, ele pressiona outros governos latino-americanos a legalizarem esse direito e para que as mulheres abandonem o século XIX e a brutal opressão que vivemos na região, que é um dos lugares mais atrasados em matéria de gênero, e também incentiva e dá força aos nossas companheiras latinas que lutando se ganha. Sua força também tem que nos encorajar mais a não baixar nossas armas e finalmente conquistar este direito na Argentina. Porque conquistá-lo aqui também significa que elas estão mais perto de alcançá-lo e contribuir para que as mulheres do mundo, a cada vez, sejamos uma.
Vamos por que toda a América Latina conquiste o aborto legal! Sigamos nas ruas com essa força, e que se torne lei!
Trad. José Roberto