“Fascismo se derrota nas ruas, jamais em aliança com a burguesia” (Bancada Anticapitalista)
Hoje, 15 de agosto, a USP recebe Lula e Haddad candidatos a presidente e a governador pela Coligação Brasil da Esperança para uma “aula aberta” sobre democracia organizada pela Reitoria, FFLCH, USP pela Democracia e USP com Lula.
Em que pese que não é corriqueira a presença de candidatos aos dois cargos executivos mais importantes do país na universidade, essa visita ganha ainda mais importância devido ao cenário nacional de polarização político-social em que vivemos. Por essa razão, dirigimo-nos à juventude presente nesse evento e que alimenta ilusões na ruptura com a independência política e em governos de conciliação de classes como alternativa para a crise estrutural que vivemos.
Estamos em uma conjuntura político-eleitoral de grande indefinição, o presidente neofacista tem aumentado a sua taxa de intenção de votos, tanto em pesquisas nacionais quanto regionais, inclusive entre o público feminino e de renda familiar menor, o que coloca uma conjuntura nacional totalmente diferente e exige ajustar os rumos para se evitar uma catástrofe.
O crescimento eleitoral de Bolsonaro se deve ao fato de que o governo tem iniciativa política institucional e não-institucional. Aprovou no Congresso projetos de lei eleitoreiras que permitem a queda do preço dos combustíveis e da energia, aumento do Auxilio Brasil e outras políticas de ajuda, o que está incidindo diretamente na intenção de votos do mandatário neofascista. Além disso, a sua política não-institucional passa pelo questionamento sistemático das urnas eletrônicas, pela violência política e pela mobilização da turba de extrema direita nas ruas, o que pode criar o caldo de cultura para uma reeleição ou para o questionamento dos resultados eleitorais.
Por outro lado, a esquerda, a direção do movimento de massas e a cultura política é hegemonizada pela esquerda da ordem (PT, PSOL e PCdoB) aposta exclusivamente no campo político unificado com a burguesia, na conciliação de classes e nas saídas meramente institucionais, ou seja, nenhuma aposta na mobilização das massas para enfrentar Bolsonaro. Essa traição estratégica começa a cobrar o seu preço político com o crescimento eleitoral de Bolsonaro que pode a depender de vários fatores levá-lo ao segundo turno e a disputar acirradamente as eleições, cenário que é um prato cheio para o golpismo, com o neofascista ganhando ou perdendo a eleição.
Essa linha política faz com que a polarização entre Lula e Bolsonaro seja assimétrica, ou seja, por um lado temos um polo institucional democrático de conciliação de classes e de outro um polo de ruptura institucional de extrema direita. Enquanto as forças reacionárias apostam sistematicamente em rupturas, Lula e o PT, com o apoio do PSOL, montam uma aliança eleitoral ampla com vários setores da burguesia que têm em Alckmin (inimigo declarado da educação, dos movimentos sociais, da juventude trabalhadora e negra) a sua expressão maior.
O PT e seus aliados da esquerda da ordem continuam com a mesma estratégia que facilita o trabalho da reação e que facilitou o impeachment de Dilma, a prisão de Lula e a eleição de Bolsonaro. Apostam na construção de um bloco de poder “democrático” com a burguesia para restabelecer a ordem burguesa, um bloco liberal-social com mais cara de centro do que de centro-esquerda, que rivaliza com o bloco bolsonarista não para superar os limites da democracia dos ricos, mas sim como recompô-la de maneira conservadora.
Não podemos esperar passivamente o resultado de outubro, como estão propondo Lula, a esquerda da ordem e seus aliados e da direita. Temos enormes reservas de combatividade e é metira quando dizem que não se pode fazer nada alem de votar onde as ações de rua da juventude, dos negros, das mulheres, lgts e trabalhadores demonstram isso plenamente. É urgente romper com a estratégia traidora, do contrário o preço pode ser o não reconhecimento do resultado eleitoral ou a reeleição de Bolsonaro, ambas alternativas do golpismo.
É necessário incendiar as ruas contra Bolsonaro. Nós, da Bancada Anticapitalista, da Juventude Já Basta! e da SoB, chamamos que todas as organizações do Pólo Socialista Revolucionário, da esquerda do PSOL e de todas as organizações independentes que construam uma frente de esquerda para enfrentar o atual cenário com um plano de lutas comum. Ao mesmo tempo que denunciamos que o perigo golpista se fortalece devido à política de conciliação de classes da esquerda da ordem, temos que organizar e exigir que a burocracia impulsione a luta nas ruas para derrotar o cada vez mais perigoso bolsonarismo.
De forma imediata, devemos mobilizar e exigir que Lula, PT, PSOL, PCdoB, CUT, UNE, UBES, MST, MTST e todas as direções do movimento de massas organizem de um ato a partir da unidade de ação antigolpista para o dia 7 de setembro. Essa ação será fundamental para enfrentar o perigoso crescimento eleitoral de Bolsonaro e para construir uma saída anti golpista, contra a miséria, o desemprego e a violência, ou seja, uma saída política democrática, independente e anticapitalista diante da crise que se aprofunda.
Construir um 7 de setembro em unidade de ação.
Pela mobilização permanente para derrotar o golpismo nas ruas.
Contra o golpismo, a miséria, o desemprego e a violência, uma saída política democrática, independente e anticapitalista.