O governo de Carlos Alvarado fez um novo ataque ao Fundo Especial para a Educação Superior (FEES) e à autonomia universitária. O Ministério da Fazendo enviou para a Assembleia Legislativa uma proposta orçamentária retirando das universidades ₡70 bilhões. Durante a tramitação do plano esse montante foi reduzido para ₡35 bilhões.
Estes montantes não poderão ser utilizados em gastos correntes, como o pagamento de salários, financiamento de bolsas, projetos de pesquisa ou ação social. Pelo contrário, obriga as universidades a empregar esses recursos em obras de infraestrutura e equipamentos.
Isso é um ataque à autonomia universitária, já que obriga a investir apenas em infraestrutura uma enorme quantidade de recursos que normalmente são dedicados a outros setores importantes como salários, bolsas, pesquisa e etc.
Diante dessa situação pela asfixia financeira a centros regionais devido à aprovação desse plano fiscal quarta-feira estudantes do centro Pacifico da UCR (Universidade de Costa Rica) ocuparam as instalações como forma de protesto. No dia seguinte o reitor Henning Jensen se apresentava à assembleia dos estudantes onde lhe expuseram as exigências do movimento, as quais rechaçou imediatamente. Por essa decisão – que vai na linha de excluir os estudantes das decisões e negociações – foi vaiado e expulso do campus.
Simultaneamente, na UNA é reprimida, pela segurança e polícia, uma manifestação no prédio da Reitoria para exigir prestação de conta do reitor Alberto Salon sobre as negociações que permitiram o ajuste milionário. Esta ação desencadeou a indignação de centenas de estudantes que saíram das aulas e fechara o acesso à cidade de Heredia durante o restante do dia.
O levante se estendeu ao centro Rodrigo Facio da UCR que durante a noite bloqueou Circunvalación à da Faculdade de Direito em solidariedade com os estudantes de Pacifico e de Heredia. Na noite de quinta-feira se realizavam assembleias que decidiram ocupar edifícios, os de Sociais e Educação. Na sexta, a rebelião estudantil se estendia rapidamente ocorrendo mais ocupações nas faculdades de Educação, Letras e Sociais. A direção do Direito fechou o edifício porque os estudantes fecharam a rua de acesso. Além disso, mantem-se ocupadas as sedes do Pacífico e Guanacaste.
A irrupção do movimento estudantil, desde a base, representa um recomeço para esse setor que durante os últimos anos esteve ausente das lutas sociais devido à influência do governo do PAC na juventude. Estes são sinais de uma ruptura das jovens gerações com o governo que também podem ser rastreadas entre os secundaristas quando, antes das férias do meio do ano, milhares de secundários fecharam seus locais de estudo e exigiram a renúncia do Ministro a Educação Edgar Mora.
Neste momento o ascenso passa pelo movimento estudantil superior universitário, que com estas primeiras experiencias de luta progressivas, configura uma nova geração contra o governo do PAC e que foge ao controle do aparato de contenção que tem sido os diretórios e estudantis da FEUCR de Progre, como correia de transmissão do governo.
O CONARE convocou uma marcha na próxima terça-feira para a Casa Presidencial em defesas da autonomia financeira e contra os ataques ao FEES. Essa marcha pode ser um importante momento, é preciso fortalecer esta convocação para que seja uma jornada de luta contra os ajustes do governo. Porém, o movimento estudantil deve participar de maneira independente dos setores burgueses e conservadores. A classe trabalhadora universitária e em união com outros setores em luta devem organizar um crescente plano de lutas para derrotar o ajuste e os cortes do FEES do governo.