Em um mundo marcado pela explosão de crises profundas e processos de luta por todos os lados, é essencial organizar a juventude e os trabalhadores a nível internacional para enfrentar os ataques e desafios impostos pela barbárie capitalista!
Por Ana Paula Lescano e Pedro Cintra
Encarando esse cenário, a Juventude Já Basta! do Brasil participou do 4º Acampamento Anticapitalista organizado pelo ¡Ya Basta! (juventude do Nuevo MAS, partido membro da Corrente Internacional Socialismo ou Barbárie) que aconteceu em Luján, na província de Buenos Aires, e contou com a presença de delegações de diversos países como França, Estados Unidos, Costa Rica, Brasil e de todas as partes da Argentina. Durante o encontro, foi colocada a necessidade de organizar o enfrentamento ao governo ultracapitalista e de extrema-direita de Javier Milei, que tem promovido graves ataques não só contra os trabalhadores, mulheres e estudantes, mas também às liberdades democráticas.
O acampamento reuniu centenas de estudantes vindos de toda Argentina e de vários países em três dias de debate político e muita diversão com campeonatos de futebol e vôlei, piscina, boxe feminista, cinema ao ar livre, dança, shows, festas e oficinas de desenho e muitas outras. Um espaço que possibilitou incontáveis trocas de experiências de vida e de luta em vários países.
Também tivemos a oportunidade de participar de rodas de conversa e importantes mesas de discussão com a presença de lutadoras e lutadores de várias partes do mundo. Como parte da reflexão internacionalista, realizou-se um painel com militantes da juventude do NPA francês (Novo Partido Anticapitalista), que compartilharam suas experiências de organização para enfrentar os ataques neoliberais e anti-imigração do governo de Macron e a ameaça de extrema-direita representada por Marine Le Pen.
Para pensar a luta das novas gerações de trabalhadores, foi organizado um painel sobre o surgimento de novas experiências de organização do movimento operário internacional. Nesse espaço, tivemos a oportunidade de escutar es companheires do SiTraRepa (Sindicato de Base de Trabajadores de Reparto por Aplicación), sindicato que é ponta de lança da luta dos entregadores e demais categorias precarizadas na Argentina; assim como as experiências de Cindy e Ricardo, membres do SEIU (Sindicato Internacional de Trabalhadores de Serviços) e militantes que são linha de frente da organização dos jovens trabalhadores nos Estados Unidos, país onde tem crescido a sindicalização e surgido imensas greves como a de atores e roteiristas de Hollywood, além de fortes mobilizações de categorias ultraprecarizadas como a de funcionários do Starbucks, Amazon e diversas redes de fast food.
O painel sobre a situação argentina contou com importantes figuras como Manuela Castañeira, dirigente política e ex pré-candidata à presidência da Argentina pelo Nuevo MAS. A mesa refletiu os desafios para seguir impulsionando a ampla jornada de luta contra Milei que se abriu logo após os primeiros dias de sua presidência, mas que já impôs uma derrota ao governo: o retrocesso da Lei Ônibus no congresso argentino, um reacionário megaprojeto de lei que além de ampliar os poderes do presidente e possibilitar a privatização em massa de estatais, prevê um ataque sem precedentes aos direitos laborais e de organização da classe trabalhadora argentina. O debate reforçou a exigência por uma greve geral de 48 horas convocada pela CGT, maior central sindical do país, para frear definitivamente o plano de extrema-direita do governo que pretende, inclusive, eliminar a lei do aborto legal, conquistada em 2020 pela gigantesca Maré Verde que arrastou por anos milhões de argentinas às ruas para lutar por seus direitos reprodutivos e sexuais.
A experiência – atual e histórica – de luta argentina refletiu importantes lições de organização dos explorados e oprimidos para combater o neofascismo, uma ameaça que segue presente na situação mundial e também no Brasil, onde a extrema-direita, apesar de sua derrota eleitoral e da inelegibilidade de sua principal figura, segue fazendo política e defendendo suas pautas ultraconservadoras.
Por isso, mais do que nunca, hoje se coloca como tarefa de toda a esquerda brasileira a necessidade de convocar pelas ruas todos os setores em unidade de ação para exigir a prisão de Bolsonaro e todos os golpistas! Não podemos confiar no STF, na polícia ou em qualquer instituição burguesa, pois foram essas mesmas estruturas que deixaram a extrema-direita governar e nada fizeram para impedir Bolsonaro de aplicar ataques profundos aos estudantes e massacrar a população com suas políticas negacionistas e genocidas durante a pandemia.
É preciso apostar na força da luta da juventude e das mulheres em unidade com os trabalhadores e demais setores populares para prender Bolsonaro e fazer a extrema-direita correr de volta aos esgotos da história de onde nunca deveria ter saído!
Impor essa derrota ao bolsonarismo é essencial também para abrir melhores condições de luta e seguir enfrentando as contrarreformas neoliberais aplicadas por Temer, Bolsonaro e seguidas à risca pelo governo de conciliação de classe de Lula e Alckmin. Não podemos esquecer que o atual governo se nega a revogar o Novo Ensino Médio, o Marco Temporal e aplica seus próprios ataques como o Arcabouço Fiscal e o Novo Estatuto das Polícias, que aumenta o poder político das forças de segurança e é considerada por especialistas mais reacionária do que a legislação vigente da ditadura militar.
A luta contra os governos capitalistas e seus ataques não tem fronteiras! Só a organização internacional da juventude ao lado da classe trabalhadora pode fazer tremer as estruturas do capital e por fim não só a exploração, como também a violência misógina, racista, LGBTfóbica e capacitista que todos os dias nos oprime. Te convidamos a conhecer a Juventude Já Basta! e se organizar ao lado das novas gerações que vão derrotar o neofascismo de Milei, Bolsonaro, Trump e Tarcísio e construir um mundo radicalmente diferente, governado não por um punhado de bilionários que só pensam em lucrar, mas sim pelo interesse das trabalhadoras e trabalhadores!
Um amanhã socialista onde, nas palavras da histórica revolucionária polonesa Rosa Luxemburgo, todes sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres!