Publicamos abaixo uma carta de setores da esquerda denunciando os ataques antidemocráticos da direção majoritária do PSOL contra a base e a independência de classe do nosso partido. Esses ataques passam pela aprovação de uma federação partidária com um partido burguês (Rede Sustentabilidade) e pelo ingresso do PSOL na chapa Lula-Alckmin, tudo isso sem a menor consulta à base do partido. É necessário uma rebelião de base contra esse duplo ataque (político e metodológico) – única forma de garantir a independência de classe, a combatividade e a democracia no PSOL -, só assim poderemos continuar a ter um papel ao lado dos trabalhadores em suas lutas imediatas e históricas.
Redação
Carta aberta aos militantes e filiados do PSOL
As articulações entre Guilherme Boulos, a majoritária do PSOL (Revolução Solidária e Primavera Socialista) com o PT e outras legendas burguesas, revelam o desprezo às instâncias partidárias. Já no ano passado Boulos renunciou à candidatura a presidente em favor de Lula. Por isso, o Bloco de Oposição do PSOL lançou a pré-candidatura de Glauber Braga para enfrentar essa capitulação política.
Neste ano, o Congresso Estadual definiu candidatura própria do PSOL ao governo de São Paulo e o nome de Boulos foi aprovado por unanimidade. Agora, Boulos e a cúpula abandonam também essa tarefa! Para favorecer Haddad/PT e, talvez, até Márcio França/PSB.
É bem verdade que todo método está a serviço de uma política. No caso, a liquidação completa do PSOL como partido classista, socialista, democrático e que nasceu com a tarefa histórica de superar a política de conciliação de classes que levou o PT a total adaptação e rendição à ordem burguesa. Querem entregar toda nossa história e rebeldia nas mãos de Lula e dos banqueiros, e agora também nas mãos de Alckmin e dos que governaram durante décadas contra o povo, o país e muitos estados.
A indignação da militância é sentida. No último dia 2 de abril, as setoriais realizaram uma plenária de base com a presença do companheiro Plínio de Arruda Sampaio Jr, representando a posição do congresso que defende candidatura própria nas eleições e a preservação do caráter socialista do PSOL, anticapitalista e com independência política. A grande ausente foi a direção majoritária, que sabotou o evento e não conseguindo seu objetivo, não enviou representantes. Afinal seu projeto de refundar o PSOL e torná-lo mais uma sigla eleitoral burguesa, somente pode prevalecer derrotando a militância psolista. Toda direção burocrática atenta contra a democracia interna, despoja o poder de decisão da base e se apropria do poder político, das finanças e de toda a máquina partidária. Isso está em curso no PSOL.
É necessário também denunciar a capitulação às pressões eleitorais, que em primeiro lugar significam abandono das lutas de docentes e outras categorias que arriscam seu trabalho e sua vida para conquistar direitos básicos. Essa adaptação eleitoralista significa também ficar de olho apenas na distribuição do fundo partidário e eleitoral, na máquina do PSOL que leva muitas correntes a abandonarem a estratégia socialista pela tática eleitoral burguesa. Desgraçadamente o MES (Movimento Esquerda Socialista), que faz parte do Bloco de Oposição fez um grande desserviço, na Executiva Nacional, votou favorável à Federação do PSOL com a Rede, partido burguês, cuja deputada estadual Marina Helou acaba de garantir o voto decisivo que aprovou o PLC 03 do governador Doria (licenciado) que acabou com o plano de carreira do magistério e todas as conquistas estabelecidas no Estatuto do Magistério. É com esse partido burguês que a direção do PSOL quer se fusionar pelos próximos 4 anos, com o inestimável apoio do MES. Vale destacar que sem os votos do MES a proposta da Direção majoritária não teria passado, porque contraditoriamente, a Resistência e a Insurgência, até agora aliados ao setor majoritário, votaram contra a Federação, embora tenham sido considerados como abstenção.
Por tudo isso, chamamos à base do PSOL, de todas as correntes políticas, das setoriais, dos núcleos, os independentes, a somar forças na defesa do Partido Socialismo e Liberdade, visto que, a direção majoritária, entre quatro paredes, pretende “votar” em nome do Partido, pela Federação com a Rede, no dia 18/04 e pelas alianças eleitorais dia 30. Chamamos também a todas as correntes que tem posições críticas para construir uma resolução única contra esses desmandos. Nenhuma trégua à direção que desconhece as instâncias e a base do PSOL. Nenhum arrego àqueles que já se adaptaram ao capitalismo e à ordem burguesa e querem liquidar o PSOL das origens.
# Glauber Braga Presidente!
# Não à Federação com a Rede!
# Candidatura própria do PSOL em SP e em todos os estados!
# Não ao Lulo-Alckmismo!
#Pelo PSOL das origens, classista, democrático, socialista e libertário!
Assinam:
Alternativa Socialista – AS
Centralidade do Trabalho – CT
Grupo de Ação Socialista – GAS
Luta Socialista – LS
Psol Pela Base – PPB
Socialismo ou Barbárie – SOB
Plínio de Arruda Sampaio Jr.