Atos pró-Bolsonaro não viram o jogo

Manter a ofensiva nas ruas para derrotar o reacionarismo

ANTONIO SOLER

Havia grande expectativa em relação aos atos pró-Bolsonaro que prometiam hoje dar uma resposta pela ultradireita aos Atos em Defesa da Educação ocorridos no último dia 15. Enquanto escrevíamos essa nota, a comparação entre as manifestações dos Atos em Defesa da Educação e os de hoje dão grande margem de vantagem aos primeiros.

Útil para saber

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Até o fechamento dessa nota, os atos governistas de hoje ocorreram em cerca de 133 cidades, 22 Estados e no Distrito Federal. Essas manifestações reuniram milhares de pessoas em todo país, mas tiveram um caráter verdadeiramente de massa apenas em São Paulo e Rio de Janeiro. Comparativamente, as manifestações oposicionistas do dia 15 de Maio atingiram mais de 222 cidades, 26 Estados e Distrito Federal e chegaram a reunir mais de 1 milhão de pessoas em todo o país.[1] Ou seja, até agora se verifica uma clara vantagem quantitativa para as manifestações do 15M.

Do ponto de vista político e social as diferenças são abismais. Os atos do 15M, que foram convocados pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), tendiam a manifestações mais de vanguarda até os ataques reacionários do Ministro da Educação, Abraham Weintraub, às Universidades Públicas Federais, chamando-as de “Balburdia”. Gesto seguido do contingenciamento (corte provisório que pode tornar-se definitivo) de cerca de 30% das verbas públicas para toda a educação e dos ataques de Bolsonaro aos manifestantes chamando-os de “idiotas úteis e imbecis”.

Essa combinação de elementos, somada à crescente bronca contra o reacionarismo do governo em toda sua linha política, à contrarreforma da Previdência, ao arrocho salarial e à piora generalizada das condições de vida, foi o combustível para assistirmos uma manifestação massiva da juventude combativa, seguida por professores e por funcionários públicos. O que produziu em São Paulo e outras capitais do país atos que fizeram lembrar as lutas de Junho de 2013 em suas expressões mais radicais e que tiveram como síntese um uníssono “Fora Bolsonaro”.

As manifestações de hoje são antípodas do 15M e assemelham-se política e socialmente às manifestações pró-impeachment de Dilma Rousseff iniciadas em março de 2015. Assistimos, assim, nas ruas desse domingo uma manifestação de caráter pequeno-burguesa e classe média alta, apoiada por parte do grande empresariado nacional e que tinha como pautas a defesa da contrarreforma da Previdência, do pacote “anticrime” do Ministro Sergio Moro, do Decreto do Armamento[2], do impeachment de ministros do STF e de toda orientação autocrática de Bolsonaro.

Uma correlação de forças em disputa

As manifestações de hoje têm grande importância porque além de defender as pautas reacionárias também foram uma tentativa do governo e da sua base político-social de estabelecer uma correlação de forças mais favorável com o Congresso, com o Judiciário e, principalmente, com o movimento social.

O questionamento reacionário do típico toma lá dá cá entre governo e parlamento, que convence setores de massas, carrega um enorme perigo aos direitos democráticos, principalmente dos trabalhadores. Isso porque Bolsonaro quer a todo custo impor alguma forma de semibonartismo. Ou seja, um regime político baseado na imposição de Decretos Presidenciais, na submissão dos demais poderes e, principalmente, na repressão da organização e da luta dos trabalhadores, principal conquista democrática dentro do atual regime político.

Mas hoje por hoje, as manifestações desse domingo não serviram para que o governo altere a dinâmica de queda de sua popularidade, de fortalecimento da resistência desde baixo e de questionamento generalizado da sua política. Ou seja, podemos afirmar que vivemos uma dinâmica da luta de classes na qual a possibilidade de derrotar os brutais ataques contra os trabalhadores e os oprimidos segue aberta.

Porém, apesar de todas rusgas com o Executivo e os vai e vem do governo, ataques fascizantes, como o Decreto do Armamento e o pacote “anticrime” de Mouro, seguem em curso. É preciso deixar claro que não estamos ainda em uma conjuntura de mudança categórica de correlação de forças. Precisamos dar continuidade aos atos massivos no próximo dia 30 (2º Ato em Defesa da Educação) e no dia 14/06 (Greve Geral) para derrotar em primeiro lugar a contrarreforma da Previdência, matéria que o conjunto da classe dominante tem unidade e que segue tramitando no Congresso. Assim, para derrotá-la teremos que fazer jornadas de lutas massivas até o final do semestre.

Somado a isso, nesse momento de experiência generalizada com Bolsonaro, ataques sistemáticos aos direitos dos trabalhadores e contraofensiva de massa dos de baixo, precisamos fazer adequações em nossa política para deixar claro que enquanto não derrotarmos esse governo ele se movimentará para atacar nossos direitos e impor uma correlação de forças estruturalmente desfavorável aos trabalhadores e oprimidos.

Nesse sentido, junto com a luta central para derrotar a contrarreforma da Previdência é necessário hierarquizar o Decreto do Armamento e o Pacote “Anticrime”. Sabemos que uma série de outras questões precisam ser pautadas, tais como a política educacional, de moradia, de ambiente e etc. Por isso, precisamos de uma bandeira geral para unificar a luta.

Assim, ao contrário da direção lulista e de setores da esquerda que temem o avanço do movimento de massas, pensamos que a partir dessa nova conjuntura de crescimento da resistência e de necessidade de unificar o movimento para derrotar o governo e todas as forças reacionárias, é preciso apresentar uma palavra de ordem política que passa pela construção do Fora Bolsonaro e Mourão e por Eleições Gerais realizadas de forma verdadeiramente democrática.