A Greve Internacional dos Entregadores (1/7) teve um caráter verdadeiramente internacional, mas foi no Brasil que ocorrem as maiores manifestações. É fundamental cobrir essa luta de solidariedade até a vitória final de uma categoria que está superando as dificuldades de organização e luta que querem impor as plataformas (empresas) digitais. Além disso, em meio a uma conjuntura na qual é fundamental enfrentar as dificuldades e lutar em defesa dos direitos econômicos e políticos (democráticos), os/as entregadores/as estão dando um grande exemplo para toda a classe trabalhadora.
ANTONIO SOLER
A greve internacional dos trabalhadores por aplicativos de quarta-feira (01/07) foi um grande êxito e um fato de repercussão internacional que contou com a mobilização de trabalhadores de cinco países, mas que teve no Brasil o seu principal centro.
Se o Brasil foi o centro da greve mundial, a cidade de São Paulo foi certamente o seu epicentro, havendo também manifestações em outras cidades e capitais, tais como Brasília, Belo Horizonte, Aracajú, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, Goiânia, Rio Branco e Belém e outras.
Em São Paulo ocorreu uma manifestação de massas extremamente ativa – atos, bloqueios de avenidas e cortejos de motos e bicicletas – que se iniciou às 9h da manhã nos “Bolsões” [locais de concentração de entregadores], com piquetes em frente às lojas das principais redes de fastfood.
Depois, a partir das 14h, houve uma gigantesca paralisação em frente ao Masp, na Avenida Paulista, reunindo cerca de 10 mil entregadores (calcula-se que em São Paulo sejam 50 mil motofretistas no total) que depois de paralisar a Paulista se dirigiu em caravana até a Ponte Estaiada – na Marginal Pinheiros em frente à Rede Globo – para fixar uma gigantesca faixa dizendo “A guerra continua”.
Se havia alguma dúvida sobre a capacidade de mobilização coletiva dessa categoria superexplorada, que sofre com a falta de vínculo empregatício algum com as empresas, a greve demostrou que a consciência de classes está se refazendo entre esses companheiros.
A liderança mais destacada desse movimento hoje, e que organiza os Entregadores Antifascistas, Paulo Lima (Galo), disse no encerramento do ato de São Paulo, “este foi o primeiro de uma sequência de dias históricos. Vamos fazer outras [paralisações] dessa. Hoje deu para perceber que todos os entregadores estamos em comum acordo: os aplicativos precisam mudar a forma como nos tratam”.
Esse é um movimento que tem enchido de boas expectativas todos os setores organizados da classe trabalhadora, dos movimentos sindicais e da esquerda socialista, em contato com o apoio prático, como foi o caso dos profissionais da saúde que de forma voluntário montaram postos para distribuir álcool em gel em apoio aos grevistas.
Isso ocorre porque a articulação sindical dos entregadores e a greve são demonstrações práticas de que, apesar da mediação das novas tecnologias a serviço do capital que criam verdadeiras condições de necroexploração sobre camadas cada vez mais amplas da classe trabalhadora, é possível não apenas construir a consciência de classe, como tão bem frisa o Galo em suas intervenções, mas também uma organização jovem, internacional e radicalizada, estratégica para a luta não apenas desta categoria, mas de toda a classe trabalhadora.
Essa jornada de lutas que teve como pauta o aumento do valor mínimo por entrega, vale-refeição, seguro de vida, acidente e roubo, fim dos bloqueios dos aplicativos e equipamentos de proteção individual, é apenas o começo de um processo. Como diz a faixa fixada no final da manifestação em São Paulo, “a guerra continua” contra empresas como IFood, Rappi, Uber Eats e outras, até que condições mínimas de trabalho e remuneração sejam garantidas por essas plataformas que somam lucros cada vez maiores. Por isso, os entregadores já estão prevendo outra paralisação para o próximo dia 11 de julho, caso as plataformas não atendam suas reivindicações.
Viva a luta internacional dos/as trabalhadores/as!
Todo apoio à luta dos/as entregadores/as!
Basta de necroexploração!
Atendimento imediato de toda a pauta de reivindicações!