Bolsonaro e a Seleção Brasileira de Futebol são mais íntimos do que pode parecer à primeira vista, não só porque a direita se apropriou da camisa da CBF, mas por diversos outros pontos.
Vitor Rago
O “pior técnico da seleção brasileira”, como ficou conhecido Sebastião Lazaroni, defendia um esquema de jogo importado da Europa, o treinador era tido como inovador antes de começar os trabalhos, mas no final foi um fracasso.
As críticas vindas da imprensa desestabilizaram o comandante da seleção, assim como Bolsonaro, que vive em conflito diário com os principais meios de comunicação do país. Lazaroni nunca encantou e foi eliminado de maneira vergonhosa pela Argentina na Copa de 90.
Em resumo: temperamentais, autoritários e facilmente desestabilizáveis, não conseguem lidar com as críticas da imprensa e nunca desenvolveram um trabalho relevante enquanto técnico ou político.
Agora, se a comparação for com o “pior momento da seleção brasileira”. A reunião ministerial que foi divulgada ontem (23), sexta-feira, pode simbolizar bem o “7×1”.
Luiz Felipe Scolari era despreparado quando assumiu a seleção e desenvolvia um trabalho atrasado antes de ser contratado e a aversão a imprensa sempre foi marca registrada do seu trabalho.
Felipão dizia que existia um complô pro Brasil não ser campeão e taxava quem criticava seu trabalho de antipatriota. Ele e Bolsonaro sempre demonstraram apreço pelas ditaduras, ambos defensores do genocida Augusto Pinochet, flertam com a censura já faz tempo.
Em resumo: temperamentais, autoritários e admiradores de ditadores que não conseguem lidar com as críticas. Ainda pior, colocam seus adversários como “inimigos da nação”.
No futebol e na política as tragédias são anunciadas. O fracasso vergonhoso que nos enfiamos também não é uma grande surpresa, seja na Copa de 90, na Copa de 2014 ou no governo Bolsonaro.
O fracasso nos dois primeiros momentos mostrou a catástrofe que eram os trabalhos e colocaram fim aos contratos, na política não é assim.
Essa reunião ministerial nos mostra mais uma vez o projeto do atual governo.
Um projeto de caça aos direitos democráticos, de negacionismo a ciência. Um projeto que pauta a venda e destruição da floresta amazônica em meio a uma pandemia. Tudo isso, nada mais que um projeto de país que pode ter consequências históricas.
No governo Bolsonaro o que não puder ser destruído e vendido, como as florestas, será sucateado e privatizado, como o SUS e a educação.
Se no futebol, com Lazaroni e Felipão, o “Brasil” perdeu. Nesse projeto político quem perde é o povão que leva o país e o futebol nas costas, aquele mesmo povo que antes lotava as arquibancadas e hoje ficou sem espaço nas novas Arenas.
Ainda, vale lembrar que todo técnico tem uma comissão que o auxilia. A comissão técnica de Felipão era protagonizada por Carlos Alberto Parreira, na época em que assumiu o cargo estava praticamente aposentado.
O despreparo de muitos que cercavam Felipão é parecido com o despreparo dos que cercam Bolsonaro. O “critério técnico” que o presidente prometeu usar é o critério que seja benéfico para ele, seus amigos e os empresários que o bancam.
No futebol da política, nossa classe é historicamente a única que pode decidir o jogo. Devemos defender um projeto pelo e para os de baixo.
Estamos no final de um segundo tempo dramático, não há mais tempo para o projeto Bolsonaro, é hora de agir. Somos nós ou são eles.
***Os jogadores do Brasil que lamentam na foto a derrota por 7a1 para a Alemanha, são os últimos atores de um projeto de uma CBF que lucra milhões com o Futebol Brasileiro e enche o bolso dos poderosos que nela mandam.