Por Renato Assad
O governo Bolsonaro e o Ministério da Educação, liderado pela figura nefasta de Abraham Weintraub, após dois grandes cortes na educação que causaram massivas e importantes mobilizações nacionais em defesa do ensino público, apresentaram em julho o Programa Institutos e Universidades Empreendedoras e Inovadoras — FUTURE-SE, projeto este ainda pouco assimilado pela população, mas que é a porta de entrada do capital privado nas instituições de ensino superior e a deliberação de um possível regimento de cobrança de mensalidades ao corpo estudantil, ou seja, um aprofundamento carregado de transformações de um modelo de financeirização da educação já posto em pratica, a partir do FIES e PROUNI, no governo de FHC e levado adiante no governo Lula.
O principal objetivo deste programa é o “fortalecimento da autonomia administrativa e financeira das Instituições Federais de Ensino Superior — IFES”. Ou seja, a partir da contratação de Organizações Sociais (OSS), as universidades perderiam toda a sua autonomia, onde as OSS passariam a ter o poder interno das instituições públicas de ensino, encaminhando, a partir do interesse do capital financeiro, o redirecionamento dos custos ao ensino, pesquisa e inovação, seriam responsáveis também pela contratação de professores temporários (precedente para o barateamento e flexibilização do trabalho docente), ceder espaços universitários através de alugueis para empresas e até mesmo autorizar a mudança de nome das universidades para nomes de patrocinadores.
Segundo reitores e especialistas em educação, este perverso programa, como aqui
dito antes, tem como principal objetivo a privatização do ensino superior, isso
porque nossas instituições passariam a ser geridas como empresas, visando
apenas o lucro e deixando de lado todas as necessidades educacionais. Esta
dinâmica traz uma preocupante ameaça que paira sobre nossas instituições, a da
possível extinção dos cursos com baixa empregabilidade, isto é, principalmente
os cursos voltados às ciências humanas que não agradam o mercado pois não
produzem mão de obra, deixando de lado o imprescindível conhecimento para o
desenvolvimento mais humanizado e crítico da sociedade.
Tivemos uma importante derrota para a classe trabalhadora, para as mulheres e para a juventude com a aprovação da reforma da previdência em seus dois turnos na câmara federal dos deputados, mas para nada estamos derrotados de forma categórica. Ressaltamos aqui, a importante reserva de mobilização que existe principalmente na juventude e nas mulheres, corpos sociais mais dinâmicos hoje na luta contra o insistente e ultrarreacionário giro à direita, e por isso faz-se necessário uma insistente exigência às centrais sindicais na convocação e construção pela base das mobilizações nacionais em defesa da educação, avançando com o rompimento da inércia que se encontra a classe trabalhadora hoje.
Para além disso, como não faz a burocracia lulopetista, que trai sistematicamente a classe trabalhadora apostando na institucionalidade política, é preciso, a partir de nossas experiências, construir um calendário de lutas que unifiquem as demandas juvenis e dos trabalhadores rumo a uma greve geral de tempo indeterminado, avançando politicamente e programaticamente pelo “Fora Bolsonaro, Mourão e Moro” e “Eleições Gerais Já”. Temos hoje, o inimigo número um dos explorados e oprimidos dirigindo o país e não existe outra saída para a nossa classe e para a juventude que a não derrota categórica deste governo organizadas pelas ruas e em ampla unidade de ação!