Basta de desarticulação do DCE com os estudantes
Juventude SoB
Desde que assumiu o Diretório Central dos Estudantes em 2017, a chapa dirigida pelo lulopetismo parece empenhar-se numa desarticulação do movimento estudantil pelas bases, apostando de maneira errada na esfera institucional. Assim como no ano passado, em que a direção da entidade se reuniu com a pró-reitoria algumas vezes sem consultar os estudantes pela dinâmica de assembleias, este ano não parece ser diferente.
Chegando já no mês de abril, sob um governo ultrarreacionário de extrema direita, com tantas questões a serem discutidas e com a extrema necessidade de massificação da luta do movimento estudantil, a atual direção do DCE não esboçou ainda a menor preocupação pelos espaços de discussões políticas e programáticas, não tendo chamado nenhuma assembleia este ano.
A mudança na situação objetiva, com o governo Bolsonaro acumulando contradições, coloca novas tarefas importantíssimas à juventude e ao movimento estudantil. É importante ressaltar que toda a estratégia de luta do movimento e suas bases passa, necessariamente, pelo debate político da situação de conjuntura e pela síntese dos ataques contra a juventude, classe trabalhadora, mulheres, negros e LGBTQis neste início de governo. E parece que para o DCE isso não é prioridade.
Na sexta-feira (22), o primeiro ato contra a reforma da previdência foi realizado por diversos setores da classe trabalhadora, das mulheres e da juventude, esboçando o que pode ser uma mudança na correlação de forças com o governo. Um calendário de lutas já está sendo articulado para as próximas semanas, podendo levar a luta à uma possível greve geral no próximo período, e os estudantes da USP, como setor importantíssimo da luta da juventude, devem se incorporar de maneira orgânica neste próximo período.
Para além da reforma da previdência, nesses últimos tempos acompanhamos o desenrolar da investigação do assassinato brutal de Marielle Franco e Anderson Gomes e a clara ligação da família Bolsonaro com as milícias envolvidas no caso. O eixo, de justiça por Marielle, ganha assim prioridade na luta de classes, isto porque a relação explícita do governo com a milícia carioca coloca uma incapacidade moral de Bolsonaro continuar governando.
“Quem mandou matar Marielle”, como consigna, deve ser incorporada à luta contra a reforma da previdência, mas isso deve ser construído na base do movimento estudantil, e, por isso, reiteramos a necessidade dos espaços de discussão política dos estudantes.
Além dessas, diversas outras pautas são imprescindíveis e devem ser debatidas: a crise da Venezuela, o caráter privatista e entreguista do governo, o pacote anticrime e os diversos ataques à educação, principalmente a ameaça ao caráter público da USP.
Por isso é necessário que o DCE chame urgentemente uma assembleia geral dos estudantes!