JUVENTUDE JÁ BASTA!
Bem-vindos/as calouros/as de 2021 e 2022 – assim como aqueles que entraram em 2020 e tiveram apenas uma semana de atividades presenciais devido à nova pandemia de Covid-19. Primeiramente, gostaríamos de parabenizar vocês que lutaram contra muitas contradições e barreiras formalizadas para impedir vosso ingresso nessa universidade de caráter extremamente elitista, ainda mais sob as difíceis e reacionárias circunstâncias pandêmicas sob o governo neofascista de Bolsonaro.
A pandemia, no que pese o seu caráter reacionário de desorganização e refluxo nos espaços de produção de conhecimento, socialização e luta, contraditoriamente nos explicitou a necessidade de intensificar a luta por uma outra universidade e por uma outra sociedade. Essa luta tem como pilar central a solidariedade, também expressa no período pandêmico. Assim, após muita mobilização dos estudantes, é com imensa alegria e entusiasmo que enxergamos este retorno presencial para trilharmos um enfrentamento coletivo dos desafios que nos esperam!
Contudo, é preciso ressaltar que a instituição que agora vocês fazem parte, segue amplamente o sentido excludente da sociedade brasileira. A luta dos estudantes para o acesso das futuras gerações e para a permanência estudantil dos ingressantes é indispensável em nosso cotidiano universitário.
Apesar do constante ataque da reitoria nos últimos anos aos estudantes, professores e trabalhadores da USP, ressaltamos que a luta e resistência dessas categorias, ainda mais quando combinadas, têm trazido conquistas históricas para o corpo universitário – a mais recente e impactante foi a adesão das cotas raciais. Em 2013, estudos indicavam que o ingresso na USP era de cerca de 80% de pessoas brancas. Após a implementação das cotas raciais, tanto no Sisu quanto na FUVEST, o acesso da juventude negra e indígena quadruplicou. Um histórico reflexo de anos de mobilização dos estudantes e do movimento negro!
Como então nos organizamos na luta estudantil? Nós, estudantes dessa universidade, somos representados pela organização denominada DCE (Diretório Central dos Estudantes). Ou seja, todas as nossas demandas, necessidades e problemas devem estar diariamente sendo pautados por esta entidade, assim como pelos centros acadêmicos de todos os cursos. Entretanto, a mobilização permanente dos estudantes, tendo sempre como horizonte a unidade com o corpo dos trabalhadores e docentes da universidade, deve superar uma série de contradições que carregamos no último período longe dos espaços estudantis para voltar a se levantar e (re)ocupar os espaços universitários de luta, assim como as ruas e derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo!
Nós, militantes da juventude Já Basta! damos as mais sinceras e calorosas boas-vindas a todos e todas e esperamos poder construir, em coletivo, um projeto de sociedade e universidade que de fato seja pública, acessível e combativa!
Só a luta muda a vida, avante juventude combativa!
DIREÇÃO DO PSOL PREPARA TRAIÇÃO HISTÓRICA
Como sabemos, a universidade não é de maneira alguma um corpo estranho ao processo de construção política e econômica da sociedade, bem como também é, em grande parte, reflexo de todo um projeto político-social. Isto é, a universidade ao mesmo tempo que é ferramenta criadora da realidade é também materialização daqueles que constroem e determinam a realidade. Neste dialético processo, a própria natureza da história, somos sujeitos que se deparam com condições pré-estabelecidas e independentes de nossas vontades, contudo, de maneira alguma nos limitamos ao caráter passivo como se a realidade fosse um filme que passasse diante de nossos olhos e nada pudéssemos fazer.
O mundo hoje está marcado por uma combinação de crise ambiental, econômica, social e política expressada em sua máxima pela guerra Inter imperialista na Ucrânia – um cenário loteado por tensões sem que haja qualquer solução no horizonte mais próximo. Enquanto isso no Brasil, Lula e PT parecem consolidar de vez uma frente amplíssima com setores do capital financeiro e do imperialismo, com Geraldo Alckmin como vice-presidente. Como agravante, Boulos e a direção do PSOL, com apoio da Resistência, Insurgência e Subverta, dão sinais cada vez mais claros que ingressarão de cabeça nessa frente de salvação nacional, o que significará, se for concretizado, a liquidação completa do PSOL como alternativa de esquerda e como instrumento de luta e organização da classe trabalhadora.
Para piorar a situação do PSOL, um importante setor da oposição do partido – o MES – recentemente deu um giro à direita ao defender a formação de uma federação partidária com a REDE que antecipa a derrota pela independência política do PSOL e desarma a base do partido para a luta contra toda a direção burocrática e a autoliquidação em curso (partido financiado pelo ITAÚ alinhado aos recentes retrocessos para os trabalhadores bem como apoiador do golpe parlamentar de Dilma em 2016).
Diante de uma potencial capitulação, um sinal de alerta deve ser levantado: companheiros, companheiras, o que estão prestes a fazer é extremamente grave! Queremos alertar, à toda militância da esquerda e aos que permanecem independentes, para a gravidade do caso.
Neste sentido, entendemos que a derrota de Bolsonaro, mesmo que eleitoral, não pode ser às custas da independência política da classe trabalhadora e da juventude. E que se for necessário chamar o voto em Lula já no primeiro turno, se houver ameaças de cunho golpistas ou reversão nas previsões eleitorais, algo muito distinto de assumir um compromisso com um governo que certamente irá atacar os explorados e oprimidos, o devemos fazer – criticamente.
Diante deste contraditório cenário, fazemos um chamado a todo o corpo estudantil para somar na construção de uma verdadeira frente de esquerda socialista, com um programa anticapitalista, que derrote Bolsonaro pelas ruas – uma derrota que terá um alcance histórico mais amplo e abrirá perspectivas políticas maiores (algo que Lula e o PT se recusam terminantemente a fazer, a propósito!). Caso contrário, Bolsonaro e o bolsonarismo seguirão sendo uma ameaça aos direitos democráticos, mesmo este fora da cadeira presidencial. Portanto, Lula e sua chapa com a burguesia rentista jogam ilusões nas instituições e aparecem como principal força desmobilizadora – fator decisivo para derrotar Bolsonaro categoricamente – dos de baixo.
Convidamos a todos e todas a participarem da palestra com Roberto Sáenz – dirigente e teórico da corrente Internacional Socialismo ou Barbárie – sobre a natureza política desta frente de Lula e Alckmin e os caminhos para a esquerda socialista com uma abordagem histórica e internacional.