O negacionismo de João Dória e Rossieli Soares já foi responsável por dezenas de mortes nas escolas estaduais. Assim, em tempos de pandemia, para salvar vidas, temos que lutar contra essa necropolítica para que as aulas presenciais só ocorram com vacinação de toda comunidade escolar.
SEVERINO RAMOS FÉLIX
O discurso sobre volta às aulas está na ordem do dia desde meados do ano de 2020, pois a grande pressão das autoridades e empresários do setor da educação não leva em conta o atual cenário de contaminação da COVID -19.
Essa posição se baseia na desculpa de que é preciso pensar na “saúde mental” dos nossos estudantes, além do baixo riscos de contaminação por partes destes…Ou seja, seguindo o argumento dos empresários da educação, é necessário o lucro acima da vida (professores, funcionários, estudantes e conjunto da comunidade), seguindo estritamente a lógica capitalista da acumulação individual.
O Brasil já contabiliza mais de 380 mil vidas perdidas desde o início da pandemia devido ao descaso por parte do presidente negacionista genocida Jair Bolsonaro e de seus discípulos que desconsideraram todos os argumentos de autoridades do campo científico no tocante a medidas para evitar o avanço do coronavírus.
Esse cenário catastrófico ajudou a demonstrar e aumentou o tamanho das desigualdades sociais no Brasil e o aprofundamento da desigualdade no setor educacional. Além disso, descobrimos que existir mais de 38 milhões de pessoas “invisíveis” sem ajuda alguma da parte das autoridades pública e mais de 35 milhões de pessoas sem acesso a água tratada no país.
Os governantes que hoje vêm a público defender o retorno das aulas presenciais durante a pandemia são os mesmos que ajudaram a promover o aumento do abismo entre a educação pública e privada. Nossos estudantes não tem acesso aos meios tecnológicos para que possam se incorporar à educação remota desde o ano de 2020.
Ao mesmo tempo, os profissionais da educação foram penalizados com redução salarial ou dos benefícios adquiridos com demissão em massa no setor privado e púbico, ou seja, mais uma vez a conta da crise será paga pelos trabalhadores.
A necropolítica educacional de Dória e Rossieli
O governador João Doria assinou um decreto no dia 27 de março deste ano classificando a educação básica como serviço essencial e, desta forma, pretende pressionar para o retorno das aulas presenciais o mais rápido possível. As manobras de Doria e Rossieli Sores (Secretário da Educação) não para por aí, pois usam descaradamente manobras para não respeitar sentenças judiciais conquistadas pelos sindicatos da categoria.
Os professores da rede pública estadual, através da APEOESP obtiveram uma vitória contra o retorno das aulas presenciais nas fases vermelhas e emergenciais, porém mais uma vez a dupla Doria e Rossieli, de forma sórdida, anteciparam o recesso escolar do ano letivo simplesmente para não cumprir essa sentença judicial.
Desta forma, é preciso resistir aos ataques do governo do estado para forçar o retorno das aulas sem que toda a população seja vacinada no estado de São Paulo. Não podemos aceitar que professores, funcionários, estudantes e seus familiares sejam expostos a essa contaminação da COVID-19 em um estado que já perdeu mais de 92 mil pessoas para essa doença.
Dados da APEOESP apontam para mais de 70 vidas perdidas de professores e estudantes devido ao retorno às aulas presenciais. Como se não bastasse, os servidores e comunidade escolar estão com a saúde mental abalada pela pressão psicológica que dória e Rossieli exercem sobre as escolas.
Ao mesmo tempo, a Câmara dos Deputados parece ter se inspirado no pacote de maldade do governo do estado de São Paulo e aprovou o Projeto de Lei 5.595/2020 que torna a educação básica e superior também como serviço essencial e, assim, não pode parar mesmo em momentos de crises. Esse projeto de lei, que ainda será votado no Senado Federal, serve apenas para desfiguração do sentido da prioridade social que deve ter a educação para impor a volta às aulas sem segurança sanitária e para dificultar a luta dos trabalhadores da educação por melhores condições de trabalho.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) precisa superar o imobilismo e construir um plano nacional de combate ao retorno das aulas presenciais em plena pandemia. Nesse sentido, elaborar um calendário de luta com representantes das entidades sindicais, estudantes e trabalhadores da educação para derrotar os governos genocidas é fundamental e urgente.
É preciso cobrar a responsabilidades das centrais sindicais (CUT, CSP – CONLUTAS, INTERSINDICAl) e dos partidos (PT, PSOL e PSTU) para que construam conjuntamente uma frente de resistência ao governo Bolsonaro e seus ataques contra a educação e à classe trabalhadora.
Volta às aulas presenciais somente com vacinas para toda população!
Não ao Projeto de Lei 5.595/2020!
Quebrar patentes para ter vacinas para todos!
Auxílio emergencial de um salário-mínimo!
Lockdown nacional para salvar vidas!
CPI é pouco, impeachment de Bolsonaro genocida já!