Mobilizações imensas estão exigindo ações contra a violência policial sistemática que vem ocorrendo há dias. O governo e a polícia responderam com uma repressão sangrenta que já resultou em dezenas de mortes.
Luz Licht
As forças de “segurança” reprimiram violentamente a mobilização no distrito de Lekki, na cidade de Lagos e em outras cidades contra a violência institucional quando desafiaram o toque de recolher decretado pelo governo de Muhammadu Buhari.
De acordo com a denúncia das/dos manifestantes, que foi publicado em vários sites internacionais, por volta das 19h, soldados do exército local abriram fogo com balas de chumbo na multidão, ferindo várias pessoas.
Um manifestante pintou nas ruas a consigna #EndSARS (End SARS), referindo-se à unidade policial da Brigada Especial Anti-Roubo, que foi desmantelada em 11 de outubro passado como resultado das mobilizações. Entretanto, os protestos do movimento que foi desencadeado sob essa consigna continuam e exigem uma reforma policial mais profunda. Enquanto isso, a polícia disse numa declaração que “A partir de agora, a força exercerá todos os poderes da lei para impedir qualquer outro ataque à vida e à propriedade dos cidadãos”.
Os manifestantes não estão satisfeitos com a dissolução das Sars e exigem o fim dos abusos das forças repressivas e o respeito aos direitos humanos, pondo um fim às prisões arbitrárias, torturas e assassinatos pelas forças policiais. Lagos é o epicentro dos protestos e uma cidade de nada menos que 14 milhões de pessoas, além de ser o centro econômico do país. Entre outras ações, eles bloquearam o acesso ao aeroporto da cidade, o maior do país, e as estradas que levam aos principais portos da Nigéria.
O jornal The Punch, citando testemunhas oculares, indicou que pelo menos 29 pessoas (na maioria civis e policiais) morreram em Lagos, e que haveria um total de 49 nacionalmente. As autoridades não confirmaram as informações. Também foram realizados protestos em Abuja (capital federal) e em estados como Kano (no norte), Oyo e Ogun (no sudoeste) e Plateau (no centro).
Tradução Gabriel Mendes