Para uma Conferência Internacional Anticapitalista
A rebelião nos Estados Unidos e o crescimento dos movimentos de luta em várias partes do mundo começam a suscitar a necessidade da confluência em um espaço internacional.
Roberto Saenz
Dirigente e teórico da Corrente Internacional Socialismo ou barbárie
16 de julho de 2020
“Cresce a dinâmica da luta de classes que se torna internacionalista, embora em alguns setores da classe trabalhadora seja difícil; mas essa dinâmica cresce. A Corrente Internacional Socialismo ou Barbárie e essas conversas buscam incentivar essa dinâmica de luta internacional.” (Trecho da palestra realizada em 23 de junho e editado como texto (A “revolucion” a flor de piel. Está completo em www.izquierdaweb.com)
Desde a corrente Internacional Socialismo ou Barbárie [1], levando em conta o processo de rebelião popular nos Estados Unidos, estando e participando das mobilizações na França que ocorrem nos últimos dias da população negra que reclama por papeis de residencia, uma série de mobilizações das últimas semanas, também participamos de Barcelona, e também com nossos companheiros em pleno desenvolvimento no Brasil, América Central etc., nos dá a impressão de que o fenômeno que está surgindo é muito grande, mas não temos nenhum tipo representação em âmbito internacional .
Temos que ver se isso se aprofunda. Se for aprofundado, nossa ideia é a de que devemos, juntamente com outras forças da esquerda e dos movimentos em luta, convocar uma Conferência Internacional Anticapitalista que proporcione um ponto de encontro entre as correntes da esquerda revolucionária e dos movimentos de luta.
Surgiu nesse contexto um embuste, uma espécie de “Internacional progressista” entre Sanders – que capitulou aos democratas -, Varoufakis – que capitulou quando entregou a luta contra o FMI na Grécia pelo governo Syriza – o PT, etc; obviamente tudo isso não é mais do que puro reformismo, sem nenhuma potencialidade.
Mas existe uma espécie de “hiato” ou vazio de um campo no qual podemos processar o amadurecimento político das discussões entre as correntes revolucionárias e os movimentos de lutas. Há um vazio, porque viemos de um estágio muito difícil, um estágio muito rico para reiniciar a experiência histórica, mas ao mesmo tempo difícil, de acumulação, de relançamento de novas correntes do trotskismo, como é o caso nosso da corrente internacional Socialismo ou Barbárie.
Em outras palavras, uma situação de recomeço da experiência histórica, de fechamento de outra experiência histórica anterior com a queda do Muro de Berlim, de crise no interior das correntes do trotskismo no segundo período do pós-guerra e do lançamento de balanços e de novas correntes socialistas revolucionárias.
Temos que verificar como confluir estes dois elementos: as correntes revolucionárias que têm vitalidade e os que querem atuar com um programa anticapitalista, e os movimentos de luta que vêm do terreno real e que não são necessariamente trotskistas.
Deve haver um espaço onde isso se confluía; ainda não ouvimos falar muito sobre isso. Estamos no começo dos eventos e essas confluências acontecem quando há processos reais, processos que são sustentados. O tema do movimento negro, o movimento das mulheres, da juventude, a ecologia: há uma tendência crescente a movimentos de luta e há uma vaga de um espaço comum, internacional.
Começamos a divulgar essa ideia agora, iniciamos a propagandear recentemente. Não somos ingênuos, sabemos que não é fácil, que depende um pouco mais do processo em si. Nenhum âmbito, reagrupamento, instâncias como a Primeira Internacional etc. surgiram como saído de um tubo de ensaio, de um laboratório, mas como um fenômeno real. O tema é que, de alguma forma, devemos ser capazes de ligar as correntes revolucionárias que representam uma trajetória histórica acumulada do marxismo revolucionário, trotskismo etc., e as novas experiências que estão em curso.
Existem todos os tipos de debates que não tenho tempo para abordar agora. Mas, é claro, as correntes que mantêm a tradição do marxismo revolucionário são uma minoria, há mais correntes do tipo One Single Issue, que pegam apenas um único elemento (a cor ou o tema da mulher, por exemplo), temas parciais. Existem todos os tipos de correntes reformistas, autonomistas e anarquistas. A questão é como encontrar um âmbito no qual se possa processar uma experiência; claro que dentro de certos parâmetros.
É isso que realmente nos preocupa, para além de qualquer formulação que possamos ter, que por enquanto talvez seja, a Conferência Internacional Anticapitalista. Trata-se de verificar se existe um escopo mais global em que a experiência possa ser processada. Entendendo que seja feita com uma clara delimitação do reformismo, com um caráter anticapitalista e revolucionário em geral.
é bom saber que tem alguem tentando superar a fragmentação