Segue abaixo uma nota de Betto Vieira – trabalhador do SEMASA e pré-candidato a vereador pelo PSOL em Santo André – sobre a luta coletiva em defesa do transporte público na cidade a partir do final dos anos 1980.
Redação
Em Santo André nos anos 80 foi criada, por iniciativa de diversas entidades, a AUTC – Associação dos Usuários do Transporte Coletivo, aonde atuei por mais de dez anos, ocupando também nesse período o cargo de presidente.
Fazendo a fiscalização e reivindicação por melhorias no sistema de transporte, foram realizadas pesquisas de frequência, planilhas, panfletos e por dezenas de vezes ocupamos a tribuna da câmara municipal, todo o trabalho era coordenado pelo Padre José Mahon (em memória).
Essa atuação acabou por contribuir em uma das maiores conquistas da cidade de Santo André no período. No governo do então prefeito Celso Daniel, foi criada a secretaria municipal de transporte e a EPT, empresa pública de transporte, proporcionando uma grande transformação no sistema de transporte coletivo, onde o poder público passou a fazer a gestão, que até então era feito pelos próprios empresários através de sua entidade.
Nesse sistema de gestão pública as empresas passaram a ser remuneradas por viagens executadas, e não mais por passageiros na catraca. Todo o dinheiro arrecadado era depositado em um caixa único e a remuneração feita somente depois de confirmada a prestação do serviço, e em caso de não cumprimento do contrato as empresas eram autuadas e multadas. Isso deu um grande salto na qualidade e quantidade do transporte, com mais frota, condutores treinados, maior higiene e tantos outros benefícios de um serviço prestado prezando a qualidade de vida. O início do desmonte do sistema se dá com a chegada de Newton Brandão ao paço em 1993 e desde então vemos a qualidade do transporte cair e tudo ser sucateado.
Temos o exemplo de que é possível fazer um transporte público de qualidade, com transparência na gestão e participação popular.
A luta faz a lei.
