Por Carolina Costa e Gabriela Barbosa, das Vermelhas
Não existem mais nomenclaturas para definir o governo de Jair Bolsonaro, que outra vez ignora a capacidade crítica das pessoas. O seu mais novo disparate é a possibilidade que se aventa de indicação ao cargo de Ministro da Saúde. Ítalo Marsili, psiquiatra, sem nenhum reconhecimento científico e profissional na área, mas muito conhecido nas redes sociais. Famoso, basicamente, como coach de comportamento.
Já existe uma pressão de seus seguidores e de bolsonaristas, nessas redes, para que ele ocupe o cargo de Ministro. Além disso, o psiquiatra tem se esforçado na autopropaganda dizendo frases como: “Hoje encontrei essa foto (…) e me lembrei do juramento feito por todos que incorporamos às fileiras do Exército: dedicar-me inteiramente ao serviço da Pátria, cuja Honra, Integridade, e Instituições, defenderei com o sacrifício da própria vida’”, extremamente apelativas, demonstrando seu alinhamento ideológico com o Exército Brasileiro e com as ideias bolsonaristas.
Outro ponto que queremos explorar é a gravidade política da escolha desse nome. Em alguns dos seus vídeos que viralizaram, contém declarações machistas, antiéticas, anticientíficas e preconceituosas, como no caso do vídeo em que ele ofende a profissão de Educador. Além de outras que mereceriam denúncia na Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), onde o mesmo banaliza o abuso sexual infantil ao relatar ter “curado” um paciente pedófilo. Nessa ocasião, Ítalo não só instruiu como também ajudou seu paciente a contratar prostitutas com aspectos infantis.
Não se pode admitir que, em um país onde temos uma cultura do estupro enraizada e apologia à exploração de corpos, falas que compactuam com essa lógica sejam estendidas, ecoando como algo já comum nesse Governo. Não podemos tolerar isso em 2020. Não podemos ser omissos em tamanho atraso.
Sem especialização na área e com a residência inacabada, Ítalo nunca trabalhou no setor público, nem com outra perceptiva médica de saúde mental, além da absurda metodologia clínica que aplica. Trata-se de um médico-empresário que não possui nenhum comprometimento com a saúde pública ou empatia social, como de fato podemos ver em suas declarações. Um profissional incompleto na área de saúde mental e um verdadeiro carreirista, que viu a possibilidade de ir além das atividades de coaching, onde dissemina argumentações misóginas, preconceituosas e de naturalização da perversão, para dar um salto mais alto de ascensão social e profissional.
Desde o início da pandemia, as medidas de Jair Bolsonaro e sua corja neofascista, por menores que sejam, são maximizadas e aplaudidas de maneira rigorosa e lunática por sua ,cada vez menor, base aliada. Mostrando os resquícios mais sólidos do machismo, homofobia e racismo que caminham cada dia mais no sentido oposto do qual a sociedade deveria ter.
Ítalo M. chega em um vídeo a divagar sem nenhum constrangimento toda a sua misoginia, ao citar a República de Platão para criticar a participação das mulheres na democracia. Dizendo, praticamente” “maldita hora em que as mulheres começaram a votar, elas se deixam levar pela sedução de candidato”. Sendo as mulheres, de acordo com ele, manipuláveis e frívolas.
Opiniões como essas, além de ordinárias e desrespeitosas com todas as cidadãs brasileiras, entre elas, parlamentares e anônimas, mulheres que fazem parte e ajudam a construir o regime democrático em nosso país, atendem a uma concepção de governo muito parecida com a que ele quer pertencer e que nós, Mulheres e LGBTQI+, precisamos derrotar.
Necessitamos de um ministro que não seja mais um fantoche, produto do obscurantismo que se apossou do país, não podemos aceitar uma pessoa que possui apenas “bom trânsito nas redes sociais”. Por isso, repudiamos veementemente qualquer possibilidade de indicação de Ítalo M. a Ministro da Saúde ou a qualquer cargo no Governo.
Não iremos aceitar isso!
Fora Bolsonaro!