Na manhã dessa sexta-feira (15) Nelson Teich ministro da saúde pediu demissão. Teich foi o segundo ministro a deixar a função durante a pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2). O ministro anterior, Henrique Mandetta, também deixou o ministério por discordar de Bolsonaro sobre as medidas de enfrentamento ao novo coronavírus, principalmente sobre uso da cloroquina e do fim do isolamento social.
Rosi Santos
O destemor do presidente que naturalmente possui diversos privilégios institucionais e de saúde a seu dispor, tendo se quiser todo um hospital a sua disposição é o mesmo que tem as mãos banhadas de sangue de quase 14 mil trabalhadores.
A demissão de Nelson Teich não causa tanta surpresa no Planalto, pois a relação entre ele Bolsonaro já vinha se deteriorando. Essa semana na tentativa de pressionar o ministro para se alinhar ainda mais com governo e avalizar o uso da cloroquina. Bolsonaro disse a imprensa, “amanhã o Teich dá uma resposta pra gente. Acho que vai ser pela mudança do protocolo para que se possa aplicar [cloroquina] a partir dos primeiros sintomas”. A medicação é vista com muitas reservas pela comunidade médica porque pode causar graves efeitos colaterais, sendo indicada apenas em casos graves do tratamento da Covid-19 e quando todas as outras ações médica já forem usadas.
Teich deixa o cargo logo depois da repercussão do constrangimento que passou em coletiva na segunda-feira (11/5). Nessa ocasião soube ao vivo das medidas do Governo em liberar o funcionamento dos serviços como salões de beleza, barbearias e academias de ginástica. Medidas que vão totalmente na contramão das medidas adotadas pelo Ministério da Saúde, que não previa, obviamente, essas atividades na lista de serviços essenciais.
Bolsonaro, em reunião com empresários, ontem (14/5) falou que travará uma verdadeira guerra (e não é apenas uma metáfora em se tratando desse governo autoritário e genocida) para que a economia seja retomada, e disse para empresários “partirem para cima” dos governadores que têm implementado o isolamento social.
O novo esvaziamento no Ministério da Saúde, em meio à pandemia, é a confirmação de que o governo não quer um ministro voltado à saúde dos milhões de brasileiros vulneráveis a essa doença que tem proporções devastadoras. Mas sim um cúmplice para o verdadeiro genocídio em favor do retorno às atividades econômicas a todo custo.
Os nomes mais cotados para assumir interinamente o comando do Ministério da Saúde é Eduardo Pazuello, o atual diretor-executivo da pasta, que já havia sido imposto por Bolsonaro quando Teich assumiu. Seria mais um nome militar no Governo. Pazuello conta com o apoio dos generais que já ocupam vários ministérios no Palácio do Planalto e cargos de segundo escalão. Outra possível substituta seria a médica Nise Yamaguchi, aliada ferrenha do governo e defensora do uso da cloroquina.
Ou seja, o panorama que se avizinha em relação ao impacto da pandemia sobre o Brasil é ainda pior. O Brasil chegou à marca de 800 mortes oficiais diárias, sem falarmos do grave problema da subnotificação, e hoje é o sexto país mais infectado, com mais de 200 mil contágios e quase 14 mil óbitos.
Esses são números e uma tendência que, somados às manobras institucionais de Bolsonaro para fechar o regime e sua recusa consciente em não seguir uma estratégia de saúde pública para o enfrentamento a pandemia, exigem de forma combinada uma plano alternativo de enfrentamento do povo trabalhador, que deve ser iniciado pela saída da passividade política na qual se encontra a esquerda e o movimento de massas. Pois, é cada vez mais evidente que é impossível combater a pandemia com Bolsonaro no poder.
Centrais, sindicatos, movimentos, entidades da saúde, como COFEN, COREM, partidos de esquerda, dentre eles o PSOL, devem chamar imediatamente um panelaço pelo #ForaBolsonaro para repudiar a tentativa de impor a política genocida no Ministério da Saúde. Não se pode dar mais tempo para Bolsonaro continuar sua política genocida, trabalhadoras e trabalhadores da saúde deram o exemplo, com mobilizações com os devidos cuidados sanitários, é hora de fazer a luta para além das redes sociais.
Além disso, é de extrema urgência a criação de um calendário comum de luta pelos o Fora, Bolsonaro e Mourão!, e começar a preparar manifestações de rua com distanciamento social. Pois, além dos efeitos sobre a saúde pública da atual política governamental – que irá causar uma catástrofe sanitária de dimensões continentais, colocando o Brasil em patamares colossais de doentes e mortos, miséria e degradação social -, está no poder um governo autoritário GENOCIDA que irá até as últimas consequências para impor um novo regime ditatorial no Brasil.
Fora Bolsonaro e Morão!
Eleições Gerais já!
Organizar ações de rua com cuidados sanitários e distanciamento social já!
Conheça nosso plano emergencial dos trabalhadores para enfrentar a pandemia!
Todo apoio aos Comitês de Solidariedade e Luta!