ARGENTINA – Uma encenação de “unidade nacional” que evidencia profundos interesses comuns
Redação
Ontem, Fernández e Macri deram não um mas dois abraços durante a missa na basílica de Luján. Todos os meios e os políticos tradicionais festejam isso como sinal “da política que vêm aí”
Porém, o que deve importar aos trabalhadores é o significado que está por trás do abraço. A transição foi pacífica; a patronal foi capaz de disparar e rebaixar o salário sem nenhuma mobilização. Nem Macri nem Fernández assumiram. Um porque está indo e o outro porque ainda não chegou.
O abraço é a simbolização da governabilidade. Nos “combatemos” mas na realidade não tanto porque estamos juntos para garantir a Argentina capitalista.
Matizes existem entre ambos governos, sobretudo na tática, nas formas e nos setores patronais que se pretende beneficiar, mas não no fundo dos assuntos; no programa geral.
Fernández não vêm para tomar nenhuma medida anticapitalista, nada que questione os direitos de propriedade dos ricos. Vêm endireitar o que Macri fez um tanto mal em questão econômica e nas demais, mas isso no limite claro de não tocar em nenhuma das regras do jogo fundamentais.
O que vem é ajuste, dissimulado, mediado, mas enfim ajuste. O que vem é um período de carência para pagar a dívida, mas pago da dívida no fim. O que vem é política pela “preocupação com a fome” mas os paliativos não serão feitos pelas costas dos empresários mas sim dos trabalhadores, Os “privilegiados” que tem um trabalho, não os que enriqueceram enormemente sob o macrismo.
A expectativa dos de baixo é que tudo vá melhorar com Fernández. Mas seria um erro esperar mudanças de fundo mais além de questões cosméticas ou simbólicas; além das tentativas de que os conflitos sociais não explodam em suas mãos.
O abraço de Fernández e Macri, patrocinado pela Igreja, só demonstra que apesar dos matizes e as brigas para a TV e na justiça patronal, ambos trabalham para os capitalistas.
Tradução Gabriel Mendes