Abaixo a precarização do trabalho, parem a repressão!
Da United World Action Alliance (AUWA) enviamos toda nossa solidariedade aos trabalhadores da empresa Foxconn, empresa Taiwanesa sediada na China, que fabrica a maioria dos iPhones produzidos em todo o mundo, que realizaram nesta quarta-feira uma série de protestos com exigências relacionadas a salários, melhores condições de trabalho e contra o estrito confinamento que implica a política “zero covid”.
As fábricas da Foxconn na região de Zhengzhou empregam mais de 200.000 trabalhadores, fato que a torna a maior empregadora do setor privado da China – trabalham mais de 1 milhão de pessoas em todo o país. Assim, a Foxconn é o principal subcontratante da empresa americana Apple, sendo o local de montagem de 80% por cento dos telefones iPhone que vão para o mercado por todo o mundo.
A empresa já foi notícia de práticas brutais para com os seus trabalhadores, que se agravaram face aos surtos da COVID. No mês passado, milhares de trabalhadores escaparam da fábrica como se ela fosse uma prisão, uma vez que a empresa os confinava através da criação de um “circuito fechado”, política que mantêm os trabalhadores durante longos períodos de tempo nas instalações da fábrica, isolando-os de colegas, para evitar o contágio do exterior e para manter a produção. Circuito fechado este que tem provocado protestos por más condições sanitárias e falta de alimentos.
Deve-se recordar que o local se trata de uma “cidade-fábrica”, onde a maioria dos trabalhadores dorme em dormitórios dentro dela ou nos bairros vizinhos. Sendo que, no início deste mês, o governo confinou 600.000 pessoas de toda a Zona Econômica do Aeroporto de Zhengzhou, que inclui a fábrica Foxconn.
Nesta terça-feira, eclodiram disputas entre os trabalhadores e a empresa em parte sobre as discrepâncias entre os salários que a Foxconn tinha prometido e os pagamentos efetivamente recebidos pelos empregados, fato o qual a empresa atribuiu a um “erro técnico”.
Aos gritos de “vamos defender os nossos direitos”, centenas de trabalhadores participaram de protestos contra os baixos salários, longas e extenuantes horas de trabalho e péssimas condições sanitárias. Vídeos nas redes sociais mostram como centenas de trabalhadores entraram em conflito com a polícia e seguranças da empresa vestidos com trajes protetores contra o coronavírus.
Antes da pandemia, Foxconn já tinha ganho notoriedade pela imposição de longas horas de trabalho, frenético e extenuante. Nessas condições, suicídios dos trabalhadores tornaram-se comuns, inclusive em seus locais de trabalho. A “solução” que a empresa encontrou na altura foi a de incluir uma “cláusula anti-suicídio” nos contratos dos novos trabalhadores, a qual liberta a empresa da sua responsabilidade civil caso um trabalhador tire a sua própria vida dentro da fábrica.
Da United World Action Alliance (AUWA), enviamos a nossa solidariedade aos nossos camaradas na China. As empresas de todos os países querem compensar as suas perdas econômicas durante a pandemia avançando contra os nossos direitos laborais. Por isso, não podemos permitir estas práticas brutais contra trabalhadores em qualquer parte do mundo.
Devemos então, continuar a nos organizar e a lutar em todo o mundo para pôr fim a todas estas formas de precarização que ceifam centenas de vidas todos os anos.
Tradução Maria Cordeiro