Trabalhadores dos Correios em greve enfrentam Bolsonaro

Todo apoio aos trabalhadores dos Correios. Essa é uma greve fundamental para derrotar os ataques aos servidores públicos e a política de privatização das empresas estatais

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Hoje os trabalhadores dos Correios completam 4 dias de uma importante greve nacional que foi iniciada nesta segunda-feira (17), em defesa do cumprimento do acordo coletivo

ANTONIO SOLER

A greve foi decretada pela categoria em nível nacional porque a empresa estatal quer deixar de cumprir o ACT (Acordo Coletivo de Trabalho) de dois anos, assinado junto aos representantes da categoria no ano passado. Esse acordo que tem vigência de 2 anos, se revogado permitiria que a empresa deixasse de cumprir 70 das 79 cláusulas previstas.

Para isso, a ECT (Empresas Brasileira de Correios e Telégrafos) entrou com liminar no STF (Superior Tribunal Federal). A liminar pedindo a suspensão do acordo foi aceita pelo ministro Dias Toffolli e está sendo julgada pelo plenário do STF, decisão que provavelmente será proferida ainda nesta semana. 

Parte importante dessas cláusulas que a ECT quer derrubar são conquistas históricas da categoria e o seu descumprimento quer impor uma linha de precarização total das condições de trabalho e remuneração, objetivando criar melhores condições para o processo de privatização e garantia de super lucros ao capital privado que venha a ter o controle da empresa.

O lucro obtido neste ano, até agora pela ECT é de R$ 383 milhões, R$ 281 milhões a mais do que em 2019. Enquanto isso, essa categoria nacional que presta um serviço essencial tem sido uma das maiores vítimas da política genocida do governo Bolsonaro, já morreram vítima da Covid-19, 120 trabalhadores da empresa.

Segundo a Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares) a greve mobiliza cerca de 70 mil trabalhadores, existem unidades em que a paralisação chega a 90%. A ponta de lança da greve, como é comum ocorrer, são os trabalhadores operacionais e de atendimento. Além da importante adesão da categoria nessa semana, mobilizações como carreatas têm sido realizadas em várias capitais pelo país.

Essa é uma categoria nacional de enorme tradição de lutas que não tem ilusões na justiça burguesa e que tem disposição de manter a greve até que a direção da ACT e o governo recuem desse ataque às suas conquistas históricas. Dessa forma, precisamos estar ombro a ombro com esses trabalhadores.

Essa é uma greve decisiva para a conjuntura. Enfrenta um governo genocida de extrema direita que, em conluio com os outros poderes e a classe dominante, ataca brutalmente as condições de existência dos trabalhadores. Exemplo recente disso foi a manutenção pela Câmara dos Deputados do veto ao trecho da Lei Complementar nº 173/2020 que impôs o congelamento salarial a todos funcionários públicos até o final de 2021.

A política da ampla maioria das direções sindicais e políticas burocráticas (CUT, PT e afins) ao sabotar a resistência política direta, iniciada pelas torcidas antifascistas a Bolsonaro foi um dos fatores que permitiram que o governo recuperasse parcialmente a sua popularidade e voltasse a ter força para atacar o conjunto dos trabalhadores, como visto acima.

Assim, é preciso superar o corporativismo e trabalhar para que essa greve ganhe verdadeiramente um caráter nacional e derrote o governo. Não podemos apenas ficar nas declarações formais de apoio à greve, é preciso que o conjunto dos trabalhadores organizados em sindicatos, movimentos e partidos de esquerda, encontrem formas efetivas de contribuir com o movimento, integrando-se às atividades organizadas pelos Comandos de Greve e tendo iniciativas de propaganda e agitação junto ao conjunto da sociedade.

Apoio efetivo à greve dos trabalhadores dos Correios!

Manutenção do ACT!

Em defesa dos trabalhadores dos serviços públicos!

Não à privatização das estatais!

Fora Bolsonaro e Mourão!