Movimentações de trabalhadores e trabalhadoras contra ataques ultraliberais e contra retrocessos históricos começam a pipocar pelo país. Assim como os entregadores de aplicativos, os ferroviários de São Paulo, a vitoriosa greve contra a terceirização dos trabalhadores da Comcap em Florianópolis, os trabalhadores da ProGuaru dão mais uma emblemática demonstração do poder e capacidade de mobilização da nossa classe e a urgente necessidade de avançar, qualificar e unificar a luta para derrotar categoricamente o governo de Bolsonaro e sua agenda criminosa.
Júlia Bachiega e Pedro Cintra
Fundada há 42 anos, a ProGuaru é responsável pela execução de uma série de serviços públicos na cidade de Guarulhos, desde a zeladoria e manutenção de escolas até a construção de praças e pavimentação de vias. A empresa, que é de economia mista, possui a prefeitura de Guarulhos como sua maior acionista. A Proguaru emprega cerca de 4.700 funcionários, sendo a empresa com o segundo maior número empregados formais da cidade, a maioria de seus trabalhadores ganha entre R$1,2 mil e dois salários mínimos.
Em dezembro de 2020 a Câmara Municipal de Guarulhos votou a extinção da empresa através de um projeto de lei. Em agosto deste ano, o prefeito da cidade, Guti (PSD), avançou na iniciativa de extinção da ProGuaru ao publicar de forma completamente autoritária e sem qualquer diálogo com a população, o decreto n° 38316, que traz as providências necessárias para a dissolução da companhia e coloca em risco o emprego de quase 5 mil trabalhadores.
Diante dessa grave ofensiva, a categoria tem, desde o dia 20 de setembro, organizado uma histórica greve e convocado intensas mobilizações em defesa de seus empregos e contra a sanha privatista do prefeito Guti. Juntamente de entidades sindicais, os trabalhadores e trabalhadoras da Proguaru têm realizado assembleias e protestos pela convocação de um referendo para que a população decida de forma democrática sobre o futuro da empresa, mais um exemplo do resgate de históricas ferramentas de luta e organização de nossa classe.
O próprio prefeito Guti gravou um vídeo, no período eleitoral do ano passado, afirmando aos funcionários que manteria a Proguaru e não a venderia para o mercado. A companhia é a última empresa pública existente na cidade e seus trabalhadores possuem longo vínculo e grande experiência, já que a maioria trabalha há mais de 20 anos na empresa. A extinção da ProGuaru faz parte da agenda ultraliberal de ataque aos serviços públicos aplicada tanto pela extrema-direita bolsonarista, que de maneira funcional ao capital financeiro encaminha contrarreformas como a PEC 32, a Privatização dos Correios, a minirreforma trabalhista (já derrotada no Senado), quanto pela direita neoliberal representada pelo governo de João Dória, que também faz avançar a sua reforma administrativa com a PLC 26 como forma de atrair os holofotes do mercado e garantir algum apoio para uma possível candidatura em 2022 à presidência. Se aprovada, a privatização poderá culminar na demissão em massa de milhares de trabalhadores, agravando ainda mais o cenário da aguda crise social que enfrentam os explorados e oprimidos.
Recentemente, Luís Carlos Reis, funcionário da ProGuaru, se suicidou diante da possibilidade de perder seu emprego e o sustento de sua família. Luís Carlos sofria de depressão há anos e seus familiares afirmam que seu quadro piorou desde que a prefeitura avançou em seu projeto de liquidação da empresa, fato pelo qual a prefeitura deve ser responsabilizada para garantir uma indenização aos seus familiares.
A luta dos funcionários da ProGuaru tem sido heróica, demonstra a grande capacidade de mobilização da categoria frente a tantos ataques que a classe trabalhadora tem enfrentado nos últimos anos. Nos indica a grande disposição de luta presente nos setores de nossa classe apesar dos agressivos regressos nas condições de vida dos trabalhadores e das trabalhadoras, que ainda ocupam timidamente os espaços e o protagonismo na luta pelo Fora Bolsonaro devido a política imobilizadora e eleitoreira da burocracia sindical. Uma vitória dos trabalhadores desta categoria contra o ultraliberal e autoritário decreto de Guti pode significar uma possibilidade de avanço da luta popular, constituindo assim um terreno mais favorável para o combate ao bolsonarismo e à agenda antidemocrática de destruição de direitos trabalhistas.
Por isso, nós da corrente Socialismo ou Barbárie – tendência do PSOL, reivindicamos todo o apoio e solidariedade aos lutadores e lutadoras de Guarulhos e entendemos que as centrais sindicais devem, de maneira permanente, mobilizar e garantir condições para que a greve se mantenha firme até que o decreto seja derrotado, apostando na ofensiva de nossa classe e no seu protagonismo político – fator que será decisivo para reverter este brutal ataque e colocar contingentes gigantescos das massas nas ruas para mudar a correlação de forças com Bolsonaro e derrotá-lo de uma vez por todas.
Viva a luta dos trabalhadores da ProGuaru!
Unificar a luta dos explorados e oprimidos!
Faça seu vídeo de apoio ou outra iniciativa para apoiar essa luta!