Passeata dos trabalhadores da CSN pelas ruas de Volta Redonda, nesta quinta (7)
Em uma situação de desemprego, arrocho salarial, perda de direitos, precarização do trabalho, carestia e fome, uma série de categorias de funcionários públicos trabalhadores dos serviços urbanos e operários entram em luta em várias partes do país. Isso demanda uma política de nacionalização dessas lutas que tem que passar por uma plenária emergencial de lutadores, eleita diretamente pela base.
ANTONIO SOLER
Estamos diante de um processo real de aquecimento da luta pela base que precisa ser coberta de solidariedade para que sejam vitoriosas e para que possam contribuir com a luta política mais geral contra o governo Bolsonaro, responsável direto – junto com a classe dominante e a maioria do Congresso Nacional – pelo ataque sistemático ao conjunto das condições de vida, de trabalho e socioambientais.
Como parte dessa onda de mobilização, temos a heroica greve dos garis do Rio de Janeiro, a mobilização nacional dos entregadores por aplicativo, a luta de famílias por todo país contra ordens de despejo, a greve dos operários da CSN no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, a greve dos Metroviários de Belo Horizonte, a greve dos funcionários do INSS, do Banco Central, a luta dos servidores em vários Estados e de operários em fábricas pelo país. Tudo isso compõe um quadro de mobilização sindical que precisa ser valorizado como um todo e elevado nacionalmente pelas centrais sindicais, movimentos e partidos que se dizem representantes da classe trabalhadora.
Enquanto uma série de categorias luta por emprego, salário, moradia e segurança, hoje Geraldo Alckmin foi apresentado como vice-presidente por Lula e o PT. Lula, que não faz sequer uma menção às lutas dos trabalhadores em curso, dedica o seu discurso a enaltecer a importância da experiência política do ex-tucano e a chamá-lo de companheiro; o mesmo, que foi responsável por ataques sistemáticos à vida dos servidores, pelo processo de desmonte da escola pública, diversos desvios de verbas públicas, violentas reintegrações de posse por todo estado e pelo aumento vertiginoso de mortos por ações policiais.[1]
Para a vitória das lutas atuais de mobilização e para derrotar Bolsonaro e a extrema direita – nas eleições e na correlação de forças mais geral – precisamos, justamente, de uma linha política oposta a de conciliação de classes que tem desenvolvido Lula e o PT, essa que conta, infelizmente, com a participação ativa da direção do PSOL. Ou seja, uma linha política que construa uma alternativa independente da burguesia, que coloque no centro do debate nacional a mobilização dos trabalhadores e oprimidos, pela base, e que organize e exija de forma independente que Lula e sua burocracia em todos os movimentos organizem a luta contra os patrões. Essa é a única forma viável de derrotar Bolsonaro, não diluindo táticas, perfil e programa na chapa Lula-Alckmin, como quer fazer criminosamente a direção majoritária do PSOL.
Diante desse processo de luta, é fundamental organizar e exigir da CUT e de todos organizações de massa que organizem uma Plenária de Base Emergencial com representantes diretos das categorias em luta para votar um calendário de lutas com dias de paralisação, rumo a uma greve geral por emprego, salário e moradia e pelo fora Bolsonaro. Além disso, é fundamental que os atos do Fora Bolsonaro, que ocorrerão no país todo amanhã, sejam polarizados pelas categorias em luta e orientados para a unificação dessas lutas e pela construção de uma saída política independente dos patrões e da burocracia.
Fora Bolsonaro e Mourão!
Unificar a luta por salário, emprego, moradia e fora Bolsonaro
Por uma Plenária Nacional Emergencial de lutadores de base
Por uma frente de esquerda para derrotar Bolsonaro nas lutas e nas eleições
[1] Essa postura de Lula é a típica movimentação burguesa social democrata que separa a luta sindical da política eleitoral para que essa última não seja “contaminada” com a luta direta e as reivindicações concretas dos trabalhadores, principalmente quando quem está sendo apresentado como candidato a vice-presidente é um tipo reacionário representante do capital financeiro, como Alckmin.