Toda solidariedade à luta do movimento feminista na Argentina
Em todo o mundo, gritamos: Na Lei do Aborto Legal não se mexe!
Corrente internacional Socialismo ou Barbárie
05/03/2024
O próximo 8M na Argentina será um grande dia de luta do movimento feminista contra os ataques do governo ultrarreacionário de Javier Milei. Um governo que, desde sua posse, ataca todas e cada uma das conquistas dos trabalhadores, estudantes, aposentados, mulheres, diversidades e todos e todas de baixo!
O plano do governo Milei inclui, entre outras coisas, a liquefação de salários e pensões para níveis insustentáveis; a privatização da educação e da saúde pública; a inflação anual ultrapassa 270%; a pobreza atinge quase 60% da população e o governo decidiu retirar os subsídios dos restaurantes populares, onde milhares de crianças pobres são alimentadas, tudo para dar esses fundos às igrejas católicas e evangélicas! Todas as medidas desse governo são para beneficiar os empresários e milionários, e nada para os trabalhadores.
Desde a conquista do retorno à “democracia” (dos ricos) em 1983, esse é o maior desafio às liberdades democráticas contra o povo argentino. Milei, além de executar um ajuste neoliberal feroz, também quer se autoproclamar “imperador” e passar por cima de todas as instituições e maiorias sociais, e transformar cada trabalhador e trabalhadora em escravos sem nenhum direito. Ele até fez uma primeira tentativa de limitar o direito de protestar e se manifestar pacificamente.
Por todos os motivos acima, não é de surpreender que o movimento feminista seja um dos maiores inimigos públicos desse governo. Grande parte de sua campanha eleitoral foi dedicada a atacar conquistas históricas, como o Aborto Legal ou a Educação Sexual Integral, com um questionamento de fundo sobre papel das mulheres e da diversidade na sociedade. Seu projeto é uma condenação das mulheres ao confinamento do lar e ao trabalho doméstico, negando o direito de decidir sobre o próprio corpo ou a própria vida.
Recentemente, esse governo de reacionários ameaçou proibir o aborto em casos de estupro e revogar a Lei de Interrupção Voluntária da Gravidez, que foi conquistada nas ruas da forma mais democrática que se tem notícia na Argentina. Essa lei foi conquistada por meio de anos de mobilizações em massa; debates parlamentares com mais de 800 especialistas a favor e contra a lei; palestras e conferências em escolas e universidades. Toda a sociedade se mobilizou no calor da enorme Maré Verde e recebeu a solidariedade e o abraço internacionalista com pañuelazos de todo o mundo.
Por tudo isso, o movimento feminista, os e as trabalhadoras, os estudantes e os setores populares já estão resistindo a essa verdadeira declaração de guerra promovida pelo governo de Javier Milei.
Com grandes e históricas jornadas de luta, como a Greve Geral de 24J (24 de janeiro de 2024) convocada pela CGT – a mais importante Central de Trabalhadores do país -, as jornadas na “Plaza Congreso” enfrentando brutal repressão, bem como mobilizações massivas no centro do país e em todas as províncias, a Lei Omnibus, um dos pilares do ataque global desse governo, foi derrubada.
E com a força desse triunfo, as Assembleias Feministas já começaram, onde centenas de companheiras começaram a organizar uma histórica Greve Feminista no 8M nas ruas, para defender a Lei do Aborto Legal e enfrentar o plano reacionário do governo de Milei.
O movimento feminista construiu uma profunda solidariedade e laços internacionalistas em todo o mundo: nos mobilizamos em apoio a lutas como a #MeToo ou a primeira Marcha das Mulheres contra Trump, realizada por companheiras estadunidenses. Também saímos às ruas para abraçar o movimento iraniano na rebelião do Hijab e nos mobilizamos em todo o mundo contra o genocídio brutal do povo palestino. E hoje, nos pronunciamos e apoiamos a luta do povo argentino que enfrenta as medidas brutais do governo Milei!
O 8M será um dia em que as mulheres e as diversidades darão uma batalha muito importante na Argentina em defesa da conquista do Aborto Legal, como parte da luta de todas as mulheres e homens trabalhadores para derrubar o plano reacionário de Milei. Mas também é uma batalha que transcende fronteiras, pois faz parte da luta contra a emergência da extrema direita internacional e seus ataques sistemáticos contra as conquistas democráticas do movimento de mulheres.
Em vista disso, nos solidarizamos com sua luta nas mobilizações do próximo 8 de março; que seja ouvido em todo o mundo, companheiros da Argentina, estamos com vocês!
E repetimos suas palavras: “Somos a Maré, podemos ser o tsunami”.