Nesta terça-feira, o Deputado Estadual de SP Douglas Garcia (PSL), anunciou uma lista criminosa que chama de “dossiê” em seu Twitter, numa clara demonstração de intimidação e tentativa de perseguição política a todos e todas que se dispõem a lutar contra o neofascismo nacional.
Por Alexandre Burgos e Renato Assad
Recuperando o histórico de intimidações
Para quem não ainda não está a par do que tem ocorrido. No domingo, dia 31 de maio, ocorreram duas manifestações simultâneas na Avenida Paulista. Uma delas foi a favor do neofascista presidente Jair Bolsonaro, que já vem acontecendo com a clara intenção de fechamento do regime frente em meio à crise sócio-sanitária. Essa manifestação. além de defender a intervenção militar, o fechamento do Congresso e do STF (Superior Tribunal Federal), contou com bandeiras utilizadas por grupos ultranacionalistas de países como a Ucrânia que defendiam o alinhamento político com a Alemanha nazista.
Já do outro lado estávamos nós, grupos de torcidas organizadas, antifascistas e movimentos sociais respondendo politicamente à altura. Por conta de um ataque dos próprios bolsonaristas, com a intenção de provocar a Polícia Militar (é notório o lado em que está) para a repressão contra o nosso ato. Foi, de fato, isso o que terminou por se concretizar (o comandante da PM disse ao vivo na CNN que esse foi o estopim, juntamente com o aparecimento de uma bandeira nazista).
Com isso, a PM, para dispersar nosso até então pacífico ato, utilizou da sua já conhecida truculência. Uma repressão criminosa e direcionada contra os seus “famigerados inimigos” que são movimentos sociais e torcidas organizadas, mas em relação aos de verde e amarelo houve praticamente praticamente uma escolta.
Desde esse importante ato e resistência na Paulita no domingo passado, está ocorrendo uma movimentação dos bolsonaristas para incriminar e enquadrar qualquer pessoa que se declare antifascista ou que apoie esse fundamental movimento como terroristas, arruaceiros, vândalos e por aí vai.
Bolsonaristas intensificam ataques aos antifascistas?
Já é de conhecimento no meio da cultura underground a existência de uma lista que expõe os “antifascistas” nas redes sociais com dados, informações pessoais e fotografias com intenção de perseguição política. Lista que tem sua origem em núcleos de gangues de carecas, conhecidos aqui como skinheads de extrema direita, é divulgada todos os anos desde 2012, pelo que se tem de conhecimento, a partir de acessos a este tipo de material criminoso.
Dessa lista divulgada hoje pelo Deputado Estadual Douglas Garcia (PSL-SP), nunca se teve notícias de ataques à integridade física pelos que estão listados ou algo relacionado, tanto porque em sua maioria não são pessoas ativistas em núcleos antifascistas.
Neonazistas e gangues de “carecas” sabem como agem os antifas em combate, não precisam de uma lista para conhecê-los e se enchem de medo pela força do movimento organizado. Colocam paura à essa escória que precisa ser derrotada de uma vez por todas!
A lista é uma ferramenta para tentar intimidar as pessoas que simpatizam ou apenas apoiam a causa antifascistas. Afinal de contas, quem em sã consciência e dignidade é a favor de neonazistas, supremacistas brancos ou qualquer que seja o ato discriminatório, fascista ou violento?
Sabemos quem é a favor dos movimentos neofascistas e dos seus métodos. Empresários e políticos do alto comando do estado burguês que querem aprofundar a exploração e a opressão sobre os explorados e oprimidos utilizam métodos FASCISTAS para garantir os seus interesses. O movimento fascista é historicamente apoiado pela classe dominante internacional em cenários de crise aguda para garantir a manutenção da taxa de lucro da burguesia.
Deputados ligados à base social bolsonarista solicitaram em suas redes que seus seguidores enviassem dados pessoais de “antifascistas” em seus e-mails para que pudessem compilar uma lista e, com isso, denunciar ou criar alguma ação penal para enquadrar essas pessoas “antifascistas” como terroristas ou como perturbadores da ordem pública – é sempre bom lembrarmos deste flanco aberto pelo petismo com a lei antiterrorismo aprovada no final do governo Dilma em acordo espúrio com a burguesia para tentar impedir o impeachment da ex-presidente.
Mas, tem um ponto curioso nessa solicitação para criminalizar os ativistas. Quando Garcia falou que estava com a tal lista em mãos, ele não estava com uma nova e sim a mesma dos anos passados. Apenas atualizada, mas no mesmo moldes da divulgação dos dados das pessoas de listas passadas – temos em mãos a lista do ano passado para comparação.
Outro ponto importante é que o mesmo deputado engajado em levar essa lista para frente, já agradeceu publicamente ao movimento de carecas (se não nos enganamos “do subúrbio”) por fazer a segurança dele em uma manifestação em frente ao Sesc Pompeia contra a filosofa norte americana Judith Butler.
Então quer dizer que deputados bolsonaristas estão compactuando com gangues e movimentos claramente fascistas? Não há sequer a menor dúvida nisso! São setores que construíram a campanha de Bolsonaro e que, obviamente, sentiram-se representados quando o Presidente, ainda em campanha, disse que iria fuzilar a “petralhada” do Acre.
A luta antifascista está ganhando as massas
Diante da força demonstrada pela oposição que começou a sair às ruas no último domingo, ação que ameaça abertamente Bolsonaro e seu movimento, está havendo uma série de ações para intimidar o movimento social ascendente. Assim, a sede para tentar amedrontar o movimento faz com que os políticos ativos neofastistas ligados à família bolsonaro intentem a qualquer custo criminalizar o movimento democrático e suas lideranças.
Já estamos nos organizando para criar uma ação coletiva contra essa divulgação criminosa para que Garcia responda penalmente. Mas, essa tentativa de criminalização impulsionada por Bolsorano através de Garcia deve ser respondida principalmente com ainda mais mobilização de massas nas ruas.
Os neofascistas, como eram os fascistas, são covardes e devem, como sempre, ser enfrentados com o movimento organizado em uma ampla e radicalizada unidade de ação. Só assim poderemos colocar fim à escalada de agressões físicas, como temos presenciamos contra trabalhadores da imprensa, ativistas, mulheres, negros e lgbts.
Como dissemos anteriormente, ser antifascista é ser CONTRA QUALQUER TIPO DE REGIME FASCISTA, fundado pelo sistema político e econômico capitalista na primeira metade do século XX. Por isso, somos antifascistas, contra o racismo, machismo, homofobia e, também, anticapitalistas. Ou seja, os pilares que historicamente sustentam uma sociedade internacional insuportavelmente agressiva e literalmente sufocante – “I Can’t Breath” (não consigo respirar), foram as últimas palavras de George Floyd.
O que queremos alertar é que a base social bolsonarista não é composta apenas por “fãs do tiozão do churrasco”, como disse Kim Kataguiri, do MBL, mas sim por potenciais neofascistas que incitam a intolerância e o ódio, ameaçando fisicamente pessoas que são contra suas ideologias ou que apenas pensam de forma diferente da deles. Essa lista de Garcia é, portanto, uma ferramenta política pífia de intimidação e perseguição àqueles que se colocam ao lado da juventude, das mulheres, dos negros e de toda a classe trabalhadora, sobre a qual iremos passar por cima com nossa mobilização.
Não queremos convencer nenhum reacionário e neofascista de que não somos terroristas, pois disso já sabem. Queremos sim é disputar a opinião pública com notas e lives pela intenert para enfraquecê-los, mas derrotá-los nas ruas se faz historicamente como imprescindível. Somos a maioria e estamos nos organizando, nas redes e em todos os espaços para eliminar a serpente ainda dentro do ovo.
Para realizar essa tarefa, estamos construindo uma unidade de ação que pode ser histórica para fazer o enfrentamento direto aos neofascistas nas ruas. Neste próximo domingo – com todos os cuidados por aqueles que em uma condição segura podem sair à rua – demonstraremos mais uma vez nossa força e ímpeto pela garantia de nossas liberdades democráticas fundamentais, pelo Fora Bolsonaro e Mourão! Além dessa agitação política, para que o povo possa decidir, precisamos construir no movimento social um processo de mobilização que vá para além do Fora Bolsonaro e Mourão, é preciso a luta Eleições Gerais democráticas a partir da mobilização direta para varrer todo o reacionarismo no poder!