Com centenas de jovens de toda a Argentina e a participação militante de delegações do Peru, França, Brasil e Costa Rica. O evento, que teve ampla repercussão midiática e nas redes sociais, iníciou-se no sábado, 18 de fevereiro, com a chegada de delegações juvenis de todo o país.
Redação Izquierda Web
O acampamento, que tenta fazer parte da organização de uma juventude que questiona o sistema, de certa forma começou antes de começar. As próprias repercussões de seu chamado já abriram o debate sobre o capitalismo. A direita midiática e das redes sociais ajudaram a divulgar o evento quando tentaram ridicularizá-lo, quando quiseram aplacar suas próprias preocupações com uma montanha de mensagens com seus preconceitos. A única coisa que conseguiram, foi dar mais publicidade ao acampamento.
O primeiro dia foi cultural e esportivo, com música ao vivo, torneio de futebol e torneio de vôlei. Houve também uma sessão de cinema ao ar livre. Vários workshops também foram realizados, incluindo um sobre fotojornalismo conduzido por um trabalhador de imprensa.
O segundo dia teve como destaque a palestra “O anticapitalismo percorre o mundo” sobre a situação da luta de classes em nível internacional. A mesa foi composta por militantes da corrente Socialismo ou Barbárie da França, Costa Rica e Brasil. Interveio também da plateia, uma companheira estudante que é parte da rebelião antigolpista no Peru.
Santiago Follet, correspondente do Socialismo ou Barbárie na França, contou sobre o imenso processo de lutas, mobilizações massivas e greves contra a reforma previdenciária de Macron. Este é o maior processo de luta de classes na França em muito tempo. Falou-se também do processo de reorganização dos revolucionários após o rompimento da antiga direção do NPA para tentar compactuar com o reformismo.
Renato Assad, militante do Socialismo ou Barbárie e da Juventude Já Basta! no Brasil, trouxe a experiência da luta contra a extrema direita Bolsonarista e as tarefas da esquerda revolucionária após a capitulação do PSOL ao lulismo.
Deby Calderón, militante do NPS na Costa Rica, desenvolveu a experiência do partido nas lutas feministas e ambientais no país. Ressaltou a necessidade de fazer parte das lutas, enfatizando a necessidade de cada um fazer parte de uma alternativa anticapitalista que englobe a luta contra todas as formas de opressão.
Também tomou a palavra um representante do sindicato dos entregadores por aplicativo, o SiTraRepa, que luta pelo seu reconhecimento. Ela falou sobre a precariedade laboral da nova classe trabalhadora, as novas formas de exploração “algorítmicas” e do processo internacional de organização dos trabalhadores precarizados em plataformas digitais. Como parte disso, falou sobre a convocação histórica para um primeiro Congresso de “trabalhadores Gig”.
A palestra foi encerrada por Roberto Sáenz, dirigente do Nuevo MAS e da Corrente SoB, com foco na situação mais geral da luta de classes internacional e no processo de “recomeço histórico” das lutas dos explorados e oprimidos no século XXI.
Nesse segundo dia, também cumprimentou o acampamento Manuela Castañeira, referência nacional do Nuevo MAS.
Em seu terceiro dia, o acampamento começou com a segunda palestra do evento. Nesse caso, o debate foi sobre a rebelião popular que impressiona a América Latina, enfrentando um golpe de Estado: Peru.
Participaram do painel Víctor Artavia, dirigente do Socialismo ou Barbárie Brasil, Juan Cañumil, do Nuevo MAS, e teve como destaque a participação de Majo, líder estudantil peruana, que viajou de Lima especialmente para participar do acampamento.
Os debates começaram com a intervenção de Artavia, que interveio sobre a situação política latino-americana mais geral, a crescente polarização e a crise política, que anda de mãos dadas com o crescimento da desigualdade.
A própria carne e sangue da rebelião peruana tomou a palavra com Majo. Seu relato dos acontecimentos, da organização dos povos para chegar à “Tomada de Lima”, do golpe parlamentar e da militarização do país fez vibrar os acontecimentos entre os jovens do acampamento.
A primeira rodada de intervenções foi encerrada por Juan Cañumil, com uma análise da realidade política peruana e da história de opressão no país andino.
O último dia continuou com futebol e piscina. Após o fechamento, centenas voltaram para suas províncias com a vontade de continuar construindo a juventude anticapitalista do Nuevo MAS, o ¡Ya Basta!
Tradução Júlia Bachiega