A queda de Ricardo Vélez

O ministro da Educação, Ricardo Vélez, participa de audiência pública na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.

Bolsonaro é inimigo da educação

Um governo reacionário em crise que compromete a educação nacional

POR RENATO ASSAD

Um pouco mais de cem dias de governo Bolsonaro, com a sua popularidade ladeira a baixo, continuidade recessiva e desemprego em alta, mais uma figura do alto escalão do governo cai. Depois do ministro da Secretaria Geral, Gustavo Bebianno ser exonerado por escândalos de corrupção, agora foi a vez do ministro da educação, Ricardo Vélez, indicação de Olavo de Carvalho, ser exonerado devido à sua clara incapacidade de ministrar a pasta e apresentar projetos para a crise educacional brasileira. A saída do agora ex-ministro era prevista já há algumas semanas e deixa muito claro a disputa que existe entre seguidores de Olavo e a ala militar.

A crise no MEC teve início logo no começo do governo, quando ao tomar posse Vélez exaltou em seu discurso a família tradicional, a igreja, aos valores conservadores e que a pasta atuaria centralmente no combate ao “marxismo cultural”, que segundo ele está impregnado na educação. Contraditoriamente, porém não fora do esperado, o novo escolhido para ministrar a pasta de educação, Abraham Weintraub, que nunca atuou na área de educação, é também extremamente alinhado com Olavo de Carvalho e segue à risca a linha de extrema direita bolsonarista, que no final do ano passado disse que sua contribuição no governo seria exonerar o mesmo “marxismo cultural” das universidades.

Já se sabe que o governo Bolsonaro não tem nenhuma preocupação e projetos para a educação nacional, mas não é só pelas absurdas escolhas de seus ministros, que refletem o descaso com o tema. No dia 29 de março, o governo anunciou o Decreto 9.741, publicado na edição extra do Diário Oficial da União, que contingenciou R$ 29,582 bilhões do Orçamento Federal de 2019. Com isso, a educação perdeu R$ 5,839 bilhões, cerca de 25% do previsto, o que deixa claro que para o governo e para a direita, a educação brasileira não é uma prioridade, mas um lugar que taticamente se escondem atrás do mentiroso projeto de “combate” ao marxismo nas instituições de ensino.

Este novo corte no orçamento, produto da EC 95 (teto de gastos), somado à escolha patética do novo ministro do MEC e à prioridade de que se aprove, ainda este ano, a contrarreforma da previdência, nada mais é do que um projeto de desmonte do Estado e dos serviços públicos essenciais para a população, em especial para a classe trabalhadora.

O governo não consegue achar uma saída para sua crise e para a crônica recessão nacional, com isso, tenta de maneira perversa aplicar o maior pacote possível de políticas de austeridade, essas que são responsáveis pelo aumento drástico das desigualdades sociais.

Acreditamos que apenas pela luta de classes nas ruas é possível impor uma derrota ao governo e às suas contrarreformas e apresentar saídas pela esquerda, ou seja, que interessam aos trabalhadores e oprimidos. Mas isso só será possível numa massiva radicalização da luta, passando pelo combate sem trégua a esse governo. Ou seja, não podemos dar tempo para que Bolsonaro recupere a iniciativa, como fizeram as principais centrais sindicais depois do 22M (Dia Nacional de Luta).

Para tal, é necessário que as centrais sindicais, os sindicatos, as organizações populares e estudantis independentes e combativas, bem como a FRENTE POVO SEM MEDO e os partidos comprometidos com a luta, como o PSOL, impulsionem a mobilização e exijam que a organização unitária do 1º de Maio sirva como ponte para uma Greve Geral com participação ativa dos explorados e oprimidos. Única forma de derrotar Bolsonaro e sua contrarreforma.