POR MARTIN CAMACHO
Neste momento em que escrevemos essa nota o ex-presidente, Michel Temer, está sendo trasladado para o Rio de Janeiro depois de ter sido preso em São Paulo pela operação Lava Jato. Isso acontece no mesmo dia que entrou em pauta no Congresso Nacional a proposta da “reforma” da Previdência. Além de Temer, foram presas umas 26 pessoas no regime de prisão preventiva e/ou prisão temporária.
Crime e política burguesa de mãos dadas
Temer é o líder de uma organização criminosa responsável por uma série de crimes, tais como: lavagem de dinheiro, corrupção, peculato e organização criminosa, o que pode dar ao menos 20 anos de cadeia. Temer aproveitou sua condição de parlamentar, secretário de estado e vice-presidente para realizar uma série de negociatas que favoreceram grandes empresas e o seu partido (MDB) durante décadas às custas da população que sempre acaba pagando pelas maracutaias dos políticos burgueses e dos grandes empresários.
O ex-presidente já sofreu duas denúncias da Procuradoria Geral da República que foram freadas pela Câmara dos Deputados quando ele era presidente. A sua impopularidade e desgaste político vinha deste período, o que acabou sendo fator importante para que a “reforma” da Previdência não pudesse tramitar durante o seu governo. Com o fim dos seu governo, Temer perde foro privilegiado e os inquéritos foram encaminhados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para a Justiça Federal de Curitiba, sede da Lava Jato.
Na delação de José Antunes Sobrinho, sócio da Engevix, Temer aparece no centro de um esquema de corrupção que dentre outros movimentos repassou R$1 milhão na forma de propina para o seu intermediário Coronel João Batista Lima Filho. Valor que seria parte de um favorecimento para a Engevix em um contrato de construção da usina nuclear Angra 3.
Outro dos implicados é o ex-ministro Moreira Franco que foi pego pela Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro. Franco é um dos principais integrantes da quadrilha comandada por Temer. O mesmo Moreira Franco é sogro de Rodrigo Maia, Presidente da Câmara dos Deputados, uma coincidência que deixa suspeitas de qual é a verdadeira extensão que tem as máfias que governam o país.
Nenhuma confiança na Lava Jato, mobilizar para derrotar Bolsonaro
O MDB é parte do sistema de partidos que existia desde a ditadura militar e que sempre se moveu de forma fisiológica a sombras do Estado. Depois da movimentação política nacional ocorrida desde 2013 e das denúncias de corrupção, PSDB, MDB e PT perderam base de apoio popular para continuar à frente da direção do país. O modus operandi que antes era pouco conhecido e impenetrável, hoje já não é.
A Lava Jato, sem dar nenhum crédito a essa operação que só trabalha no sentido de garantir as condições para as manobras reacionárias que culminaram com a eleição de Bolsonaro e que não tem a imparcialidade que muitos anunciam, acabou por ajudar a solapar esse regime partidário. Exemplo disso, é que todos os governadores presos no Rio de Janeiro nos últimos tempos estão implicados em casos de corrupção e são ligados ao mesmo MDB que está no centro dos destes esquemas de corrupção.
A prisão de Temer tem o objetivo de fortalecer a promotoria, o judiciário e o ministro Sérgio Moro, mas acaba descontentando muitos membros do parlamento que veem nessa prisão uma ameaça direta. Portanto, pode ser um tiro pela culatra, dificultando assim angariar votos para a aprovação da “reforma” da Previdência. Além disso, a prisão de Temer coloca mais água no moinho da campanha por justiça par Marielle Franco, pois foi morta no Estado militarizado – Rio de Janeiro – por Decreto do ex-presidente e sob controle do seu partido.
A PF e o Ministério Público precisam dar uma resposta para a pergunta de quem mandou matar Marielle e qual é a relação dos políticos burgueses e seus partidos com essa execução. Por essa razão, exigimos que se abra uma CPI das Milícias, como já foi apresentado no Congresso pelo PSOL, para que se investigue a relação do poder público em nível federal com essas organizações criminosas. Até que se saiba quem mandou matar Marielle, o presidente miliciano, Bolsonaro, está sob suspeita. Por isso, temos que ir às ruas para derrotar Bolsonaro e sua contrarreforma da Previdência e para lutar por justiça para Marielle.