Prisão de Sara Winter, “ex-feminista”, inimiga declarada do movimento

Sara Winter e Damares Alves militância pró-vida

Sara Fernanda Giromini, conhecida como Sara Winter, tem 27 anos e nasceu em São Carlos, no interior paulista. Sara, foi fundadora da variante brasileira do Femen, movimento confundido como feminista que lhe deu certa notoriedade, mas que deixou em 2013. Em seguida fundou o coletivo BastardXs — grupo que se intitulava feminista e que aceitava a intervenção de homens no seu interior, mas que também não foi muito adiante. Desde então, Winter não vinha tendo visibilidade, até que viu na onda bolsonarista a oportunidade perfeita de despejar todo o seu ranço de classe e ressentimento contra o feminismo.

De militante pró-aborto para ativista pró-vida e neofascista

Madu, Vermelhas 15.06.2020

A prisão da fascistóide Sara Winter, e outros cinco aliados, nesta manhã, já havia passado da hora. A prisão temporária é de até cinco dias, podendo ser renovada por mais cinco, até a prisão preventiva. A detenção surge uma semana depois da repercussão do impacto visual do ato racista organizado por ela com os auto intitulados “300 do Brasil”, grupo bastante ruídozo composto por menos de 30 pessoas.

Na sua pequena, mas não menos desprezível, manifestação, os membros usavam máscaras e carregavam tochas acesas, em direção ao Supremo Tribunal Federal (STF).  Uma evidente representação dos atos da Ku-Klux-Klan — movimento racista de supremacia branca que atuou fortemente durante o período de segregação racial nos EUA.

Essa manifestação criminosa foi um divisor de águas da escalada reacionária da “militante anti-feminista”. Uma tentativa desesperada de criar um fato político em defesa do governo e dela própria, que na ocasião tinha sido pega nas investigações das fake News. A manifestação se dirigia exatamente contra o Supremo Tribunal Federal e ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito.

Desde o Femen, um grupo de origem ultra nacionalista ucraniano, Sara Winter dá mais uma demonstração que o maior problema que ela trás para o movimento advém seus financiadores. O Femen e seu parasitismo político sempre causou fissuras no movimento feminista, entre muitas razões, está sua conhecida transfobia e misandria. E após alguns anos de rompimento, Sara enxerga na ala parlamentar dos bolsonaristas, uma possibilidade de ganhar algum espaço político.  Assim, com ela não deve haver nenhuma sororidade, Sara é inimiga dos trabalhadores que tem reagido contra as brutalidades sociais do governo e principalmente das mulheres,  das LGBTQI+ e seus direitos.

Sua perigosa militância pró-vida

Foi com a bandeira anti-aborto que encontrou uma seara fértil no Brasil. E ao encontrar apoio em igrejas, tanto neopentecostais como católicas, obteve financiamento de viagens pela América Latina, para realizar debates e palestras junto à comunidade reacionária e pró-vida do Brasil e da região, como ex-feminista.

Esse é um dos principais problemas que identificamos enquanto feministas. Ou seja, a experiência e “bom” trânsito que Sara Winter teve no interior do movimento de mulheres — elemento que faz com que um setor de mulheres, levadas pela confusão e influenciadas pela força midiática de Sara, se distancie ainda mais do feminismo por pensarem que ela tem ou teve algum lugar de fala no interior do movimento.

Integrantes do Femen já denunciaram, entre várias coisas, o oportunismo de Sara, desmentindo a versão contada por ela, de que a motivação de ter saído do grupo foi por arrependimento. Que ao contrário de ter sido abandonada pelo “movimento” durante um processo de aborto, como alega, dizem que a ruptura havia se dado antes desse ocorrido, e que a causa do afastamento foi a expulsão de Sara por divergências internas por dinheiro, e sobre as posições antidemocráticas, ultra-reacionárias e inclusive nazifascistas Winter.

Desde então, Sara, alia o seu oportunismo nato a rivalidade contra o verdadeiro movimento feminista. Hoje, apesar de isolada nessa temática, é alinhada com setores bolsonaristas pró-vidas. E apesar de ser tida como excêntrica para os padrões direitistas do bolsonarismo, por ser ex-Femen, Sara chegou a ser cogitada para ocupar cargo na Secretaria de Mulheres, antes de investigação do STF.

Além disso, Sara, sozinha, desenvolve uma militância transfóbica e destemida em torno da criminalização do aborto. Em 2018, uma de nossas companheiras acompanhou a atuação de Winter com a direita pró-vida, na América Latina. Estivemos em um evento apresentado por Sara em Buenos Aires. Nesse mesmo ano, sendo financiada por neo-pentencostais do Brasil e da Argentina, Winter viajou para o Chile, onde se apresentou em um programa de TV de grande repercussão. Entre sua frenética militância anti-feminista, também está uma longa conferência no Equador.

Em vídeos disponíveis no YouTube, Sara mostra-se sempre muito desenvolta, com os argumentos obscurantistas pró-vida, de embriões que matam mulheres e destroem famílias pelo aborto ilegal. Winter chegou a fazer uma campanha de doações na internet, que, de acordo com ela, era para “salvar bebês”, no entanto, diante da possibilidade de uma meteórica aproximação com o alto escalão do governo, Sara secundarizou essa campanha em prol de se concentrar na defesa do governo. Típico de seu oportunismo reacionário.

Ascenção e queda

Todo o seu esforço neofascista com seu grupo, era amedrontar a esquerda das ruas e dar visibilidade a única narrativa: a de apoio incondicional ao governo. No entanto, as últimas manifestações da esquerda, — que foram iniciadas um dia após seu ato criminoso em Brasília —  demonstraram toda a força que têm, retomando as ruas das principais cidades do país, o que fez a justiça atuar contra esses grupos criminosos como o de Sara Winter.

Sua prisão foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, a quem Winter direcionou sérias ameaças. A investigação corresponde ao inquérito que investiga o financiamento de protestos antidemocráticos e não tem relação com a investigação sobre a produção das Fake News, da qual Sara também é alvo de investigações.

Por um lado, não podemos esconder nossa satisfação sobre essa notícia. Winter é uma iminiga, não só do movimento feminista, do qual nunca construiu nada de fato, mas das mulheres em geral, e deve ser responsabilizada jurídica e politicamente, pois, infelizmente, é mestre em confundir as mulheres com os seus discursos infundados, sobre feminismo. Além disso, hoje, cumpre uma função perigosa, de ser aquela que coloca a cara e mesmo de maneira bizarra, unifica e visibiliza as forças antidemocráticas que estão atrás do governo Bolsonaro.

Porém, por outro lado, sua prisão lhe dará a publicidade que tanto busca, por isso é fundamental que todas as lutadoras feministas e pela democracia se unifiquem nas redes e nas ruas, para que correntes ultrareacionárias como as de Sara Winter, que ainda dão sustentação às brutalidades causadas pelo bolsonarismo, não prosperem.  É importante que lutemos por um grande movimento feminista organizado nas ruas, capaz de bater de frente com Bolsonaro e varrer definitivamente personagens como Sara Winter, definitamente para a lata de lixo da história.

Fascistas não passarão!

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