Diante das recentes e insistentes provocações violentas da extrema direita em nossa universidade, convidamos a todes es alunes, trabalhadores e professores para uma reunião de conformação de um Comitê Antifascista da USP. 

Já Basta – Juventude Anticapitalista

No último período a nossa universidade tem sido alvo de ataques sistemáticos por parte da extrema direita e seus grupos fascistóides. Alguns porta-vozes da tradição política mais reacionária e autoritária existente têm insistido em vir à USP para tentar intimidar es estudantes e impedir o exercício de nossas liberdades democráticas.

Quais os objetivos dos provocadores? 

Além de produzir conteúdo para o engajamento de suas redes sociais, visando projetos políticos eleitorais, esse tipo de ação também transmite de maneira pedagógica as reais intenções da extrema direita. Querem promover uma espécie de “Cruzada” contra a educação pública, contra a sua democratização, contra a produção de uma ciência crítica e, sobretudo, contra o livre exercício democrático de debates, organização, mobilização e agitação política.  

Por que o ataque à USP e outras universidades públicas? 

Ora, os defensores do lema “Deus, Pátria e Família” (lema do fascismo brasileiro que carregava uma suástica nazista) sempre foram historicamente contrários a tudo aquilo que há de plural, crítico e democrático. Reivindicam um projeto social de natureza obscurantista, autoritário e violento. 

Justamente por isso, por estarem vinculados à expressão mais perversa e violenta do capitalismo, é que destilam todo seu ódio contra as universidades públicas e não à toa. São nelas que encontramos as manifestações mais plurais de pensamento e existência de nossa sociedade, são nesses espaços que as novas gerações começam e desenvolvem suas experiências de reflexão crítica e prática política em defesa dos seus interesses.

Ou seja, querem silenciar aquilo que há de mais progressivo, diverso e democrático e que hoje se condensa nas universidades a partir de uma transformação étnica, social e de gênero, ainda que, todavia, muito limitada destes espaços. São contrários portanto à existência, resistência dos corpos trabalhadores, trans, negros, indígenas e de sua expressão de luta através do movimento estudantil. Em última instância, nos querem atomizados, acríticos, presos ou mortos. Por isso o ataque às universidades. 

Por outro lado, querem também derrotar o movimento estudantil para tentar criar um movimento ultrarreacionário para impedir a prisão de Bolsonaro e dos demais golpistas. Garantindo, assim, uma anistia que permita que a extrema direita volte ao poder em melhores condições para avançar no fechamento do regime e eliminação das  liberdades democráticas.

Por que e como construir um Comitê Antifascista? 

Diante do anterior exposto, ressaltando a gravidade dos fatos, é igualmente preocupante – porém esperado – o crônico, irresponsável e negligente silêncio da Reitoria da USP frente aos ataques e provocações fascistas em nossa universidade. Quer dizer, essa recorrente postura negligente, combinada aos brutais ataques aos estudantes trabalhadores e oprimidos, contribui, indiscutivelmente, para a manutenção e escalada dessas provocações – imputa uma responsabilidade direta à Reitoria!

Assim sendo, cientes do papel que cumpre a Reitoria, precisamos romper com a letargia da direção do DCE e nos organizar para darmos uma resposta contundente e categórica para cessar de uma vez por todas as ofensivas fascistas em nossa universidade. Mas como? Com a construção de um Comitê Antifascista da USP!

E o que seria esse comitê? Um Comitê Antifascista é uma ferramenta tática de unidade de todos aqueles – apesar das diferenças políticas e programáticas – que queiram combater e fazer recuar totalmente, a partir da auto-organização e autodefesa, as provocações e ataques fascistas. Ou seja, é a consolidação de uma ferramenta para o combate de um inimigo em comum através de um bloco unitário de ação contra os fascistas. 

Como experiência concreta da importância dessa ferramenta, destacamos a vitoriosa Frente Única Antifascista criada na década de 30 para enfrentar o fascismo brasileiro dos Integralistas. Com a intenção de “atacar a organização da classe operária, a sede da Federação Sindical de São Paulo e os sindicatos que tinham sede no edifício Santa Helena” (Pedrosa, 1934), ação parecida com a que fazem hoje nas universidades, os integralistas com suas camisas verdes foram varridos da Praça da Sé pela ação direta da FUA. 

Esse evento histórico ficou conhecido como a “Revoada das galinhas verdes” por conta da maneira desesperada e desordenada em que fugiam os integralistas com suas camisas verdes da Praça da Sé. Saíram tão desmoralizados que jamais voltaram a se levantar e organizar em nosso país. 

Portanto, recuperando a memória e resistência da FUA, mas também do movimento estudantil que enfrentou o Comando de Caça aos Comunistas na heróica batalha da Maria Antônia, assim como a Ditadura Militar, é que precisamos construir um Comitê Antifascista em nossa universidade para cortar pela raiz toda e qualquer provocação fascista em nossos espaços. Por isso, nós do Já Basta – Juventude Anticapitalista fazemos um chamado para todes es estudantes, trabalhadores e professores a se somarem na primeira reunião para a conformação do Comitê Antifascista da USP nesta próxima quinta-feira (5/06), às 18h, na sala 109 do prédio de Letras. 

Fora fascistas da USP!