Para aonde vai CSP- CONLUTAS ?

    Por Ramos Felix

    Ao longo desses anos presenciamos a incapacidade da direção da CSP- CONLUTAS em dar respostas políticas radicais (combativas) diante dos ataques da patronal e do governo. No próprio berço sindical da CSP-Conlutas – e do PSTU – em São José dos Campos (São Paulo), em 2009, assistimos a inabilidade em organizar e unificar as lutas na EMBRAER e na GM(General Motors). Trataram as ameaças de demissão em separado, alegando que não era possível unificar as fábricas ou categorias ameaçadas pelo desemprego. Ao final, acabou se efetivando a demissão de 4.000 trabalhadores na EMBRAER e mais de 800 na GM, todas na mesma cidade e categorias. Com outra política seria possível, até por razões até geográficas, sindicais e políticas, unificar a luta em toda a região.

    Além dessa inaptidão do PSTU para a mobilização e politização das lutas dos trabalhadores, outro fenômeno importante são os rachas no interior da Central. Organizações por discordarem das posições burocráticas da direção da CSP-Conlutas (PSTU) optam por sair enfraquecendo, assim, as estrutura desta já frágil organização. Durante o processo de fundação da CSP- CONLUTAS, no CONCLATE de 2010, várias organizações e indivíduos de esquerda acreditaram que seria possível construir uma central de trabalhadores, uma alternativa a já falida historicamente e governista CUT. A expectativa de vários militantes combativos de que, naquele momento, seria possível construir um pólo que aglutinasse os setores da esquerda no Brasil se frustrou.
    A expectativa de união dos movimentos dos trabalhadores começou a se desfazer por um processo pré-congressual que não levou em consideração as reais dificuldades de integrar setores operários, populares e estudantis em uma mesma organização. Em uma conjuntura de baixa atividade política dos trabalhadores e da juventude, e sem que houvesse um setor que pela sua autoridade na luta de classes pudesse hegemonizar os demais o PSTU se comportou diante dos outros setores de forma prepotente. Durante o congresso, se valendo de uma maioria episódica, tratou de impor burocraticamente todas as votações sem dialogar com os demais setores. Para se ter ideia do absurdo do burocratismo, a ruptura da Intersindical no CONCLAT se deu pela incapacidade de se negociar o nome da nova central, o que foi responsabilidade política do PSTU e, também, do PSOL.
    Durante o mês de julho mais um fato lamentável vem a público. Em uma reunião da Coordenação Nacional, realizado do Rio de Janeiro, mais uma organização anuncia deixar as fileiras da CSP-CONLUTAS, desta vez foi o MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto). As razões, segundo a direção do MTST, é a falta de lealdade da direção do PSTU, ao não respeitar as organizações no interior da Centra e pela falta de posições políticas mais claras para os movimentos sociais. Só que essa organização popular ao mesmo tempo em que rompe não faz nenhuma crítica à posição burocrática da direção (a qual o MTST fazia parte) da CSP-CONLUTAS nos processos de ruptura anteriores.
    Hoje estamos em uma conjuntura que combina uma intensa mobilização de servidores públicos (não vista há anos) com a luta de categorias para defender os seus empregos, como é o caso dos trabalhadores da GM. A greve dos servidores federais e outras em curso ocorrem em resposta à ofensiva do governo e dos patrões que, diante do agravamento da crise, querem se prevenir demitindo (vide GM de São José dos Campos) e retirando direitos.
    Diante disso, a CUT governista se posiciona nas questões fundamentas alinhada com o governo e patrões, a posição em relação a GM, de responsabilizar o sindicato pelas possíveis demissões, demonstra claramente isso. Com essa combinação política de ofensiva patronal, criminalização das lutas e traição das principais direções é necessário que as organizações (PSTU, MTST e Intersindical) que se dizem independentes tenham uma postura totalmente diferente. Todas têm apresentado uma política rupturista e corporativista, inviabilizando a criação de condições favoráveis para reverter a situação de defensiva dos trabalhadores. Esses setores devem imediatamente romper com essa sanha.
    A unidade na luta direta que responda as demandas concretas dos trabalhadores é o método mais eficiente para romper com qualquer desvio burocrático e/sectário. É necessário que a CSP-CONLUTAS procure organizar e unificar as lutas desde já e encara imediatamente a necessidade de unificação dos setores sindicais e populares antipatronais e não governistas, bem como tirar imediatamente uma campanha política e um plano de luta concreto unificado em defesa das categorias que estão em greve e das que estão ameaçadas de demissão.