Bolsonaro em entrevista disse: “eu não sou coveiro”. Com o que concordamos plenamente, está muito longe da dignidade dos trabalhadores dos cemitérios. Ele é um assassino de massas, um genocida.
Cenário de catástrofe sanitária e social vai se materializando
RENATO ASSAD
Nesta segunda-feira (21), Jair Bolsonaro, que no domingo (19) participou de uma manifestação dizendo que “não queremos negociar nada”, em uma manifestação em defesa de um golpe militar, fechamento do Congresso e fim dos direitos democráticos, ao ser questionado por jornalistas sobre o número de mortos pelo Covid-19 respondeu “eu não sou coveiro”. Ou seja, recusou-se assim mais uma vez em comentar e se posicionar frente aos números de óbitos divulgados pelo Ministério da Saúde.
Bolsonaro, apostando cada vez mais na estratégia de fechamento do regime para enfrentar a crise, sob a premissa inegociável de manutenção dos interesses dos empresários em detrimento a vida da classe trabalhadora, expõe explicitamente sua indiferença com aqueles que perderam suas vidas para o coronavírus e seus familiares. Além disso, esboça seu asco e desconhecimento pelo trabalho dos coveiros brasileiros que estão numa situação de saturação e vulnerabilidade imensa.
Afirmamos e enfatizamos que o negacionismo de Bolsonaro extrapola à um genocídio, e a imagem acima, capturada em Manaus no dia de hoje, não poderia representar melhor o cenário de curva ascendente (exponencial, ou seja, triplica os números a cada semana de infectados). Números que, segundo estudos de pesquisadores de diversas universidades brasileiras, podem ser entre 12 e 15 vezes maior. Isso ocorre pela baixa capacidade de testagem do Brasil, apontada como principal causa de subnotificação, como admitiu o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, figura que construiu nos últimos anos o desmonte do sistema público de saúde.
Enquanto a maioria da direção do PSOL se vê cada vez mais longe de poder intervir efetivamente na realidade quando exige uma improvável renúncia do presidente (e o pior é que sabem) sem apostar nos setores explorados e oprimidos – perdendo assim do seu campo de visão o desenvolvimento concreto dessa crise, uma postura irresponsável e recuada -, o lulopetismo é ainda pior, pois resume a sua luta contra Bolsonaro em alguns twitters semanais de Haddad e Lula.
Infelizmente, imagens como estas da capital do Amazonas deverão continuar tomando as principais notícias nacionais e internacionais enquanto Bolsonaro presidir o Brasil. Este é um quadro pintado pela criminosa necropolítica negacionista que precisa ser superado imediatamente.
Assim se faz necessária, mais do que nunca, uma resposta à altura, uma movimentação política de massas, de natureza histórica. Mobilização que, além dos panelaços e outras formas de luta, já vem sendo construída nas periferias das grandes cidades em um movimento chamado “Nós por nós”. É preciso apostar com tudo nestas organizações que brotam dos lugares mais afetados pela pandemia, ou seja, em comitês de solidariedade e de luta pela base. São eles ou somos nós!
Não há outra aposta política hoje que não seja a combinação entre a luta direta da classe trabalhadora por um programa emergencial (os ricos que pagem pela crise) para enfrentar a pandemia com a construção permanente do “Fora Bolsonaro”. Tarefa de vida ou morte que exige a máxima unidade de ação imediata dos setores e partidos da esquerda e de todos os setores progressistas.
Nenhum trabalhador e nenhuma trabalhadora a menos!
Impulsionar já os Comitês de solidariedade e de luta!
Fora Bolsonaro e Mourão!
Eleições gerais já para o povo decidir!