Juventude Anticapitalista Já Basta!

Há muito tempo a entidade máxima de representação dos estudantes, a UNE, vem apresentando uma política e métodos em total descompasso com os desafios e pressões que a realidade nos tem colocado. São mais de 30 anos de um direção dominada pela UJS, juventudes do PT, Levante Popular e agora Juventude Sem Medo/PSOL que combina uma política derrotista de desmobilização e uma passividade em relação aos ataques contra a educação e a juventude trabalhadora com métodos cada vez mais antidemocráticos que envolvem fraudes eleitorais, desvio de verbas e um longo etc. 

A verdade é que a direção da UNE tem transformado a entidade em sua propriedade privada. Quer dizer, a velha atual direção atua sobre a entidade exclusivamente para fazer prevalecer os  seus interesses e privilégios em detrimento da luta e organização pela base dos estudantes a nível nacional. 

De costas para a juventude trabalhadora e suas necessidades – a burocracia é aquela que em seus castelos fala em nome da base, mas jamais se decida à construção da luta coletiva com ela -, a direção majoritária não tem feito nada além de trair e desarticular de maneira consciente as mobilizações do movimento estudantil. Isso tem custado muito caro para a educação superior pública, para as condições de estudo e vida dos estudantes trabalhadores, mas, obviamente, não para a burocracia que dirige a UNE há mais de três décadas… 

Tudo isso se acentua dramaticamente com o submetimento da entidade não apenas aos interesses da burocracia estudantil, mas também à política liberal-social do atual governo Lula/Alckmin que além de manter todas as contrarreformas de Temer e Bolsonaro, tem aplicado duríssimos ataques à educação (as verbas discricionárias das universidades federais são menores com Lula do que com Temer e Bolsonaro!) e aos serviços públicos nacionais e aberto caminho para um refortalecimento da extrema direita que, mesmo sem estar no poder central, realiza cada vez mais ataques ultrarreacionários aos direitos dos explorados e oprimidos. 

É diante desse contexto que o debate pela superação da política e dos métodos da majoritária retoma centralidade. Mas como? Bom, no equivocado ponto de vista do Rebeldia/PSTU a saída estaria em fortalecer o campo da degenerada “Oposição de Esquerda (OE)” composta por Juntos/MES, Correnteza/UP e UJC/PCBR. Afirmam os companheiros que seria possível uma saída à esquerda fazendo uma unidade política com as respectivas forças por “um campo político por democracia na UNE, ação direta, contra a extrema direita e os ataques de Lula”.

Mas como isso seria possível se essas organizações hoje são base do governo de Lula/Alckmin e/ou se negam a construir uma oposição de esquerda ao lulismo, não apostam na mobilização de rua pela prisão de Bolsonaro nas ruas e não apresentam qualquer medida concreta anticapitalista para a educação e o país? Não só, essas organizações, em todas as entidades que dirigem, apresentam também métodos antidemocráticos, burocráticos e desonestos (recentemente tivemos dois escândalos envolvendo o Correnteza e o PCBR) muito similares aos da majoritária e uma contenção das mobilizações dos estudantes a partir de negociações por cima com direções e reitorias nas universidades que atuam, longe de qualquer ação direta.

Aos companheiros do Rebeldia/PSTU também indagamos: qual o programa real desses setores e as propostas mais imediatas e históricas para o movimento estudantil que nos permitem constituir uma aliança política? Ora, basta ler o programa de cada uma das organizações que se dizem “oposição de esquerda” que veremos que se trata apenas de uma retórica vazia: são essas organizações única e exclusivamente uma oposição de disputa pelo aparato, nada além disso. 

Os companheiros do Rebeldia/PSTU também afirmam que a nossa posição seria de fragmentação da OE “com posições esdrúxulas de denuncismo” sem dialogar com a base dos estudantes. Tal afirmação é no mínimo cômica e extremadamente contraditória – para não dizer oportunista – vindo de uma organização que defendeu posições como o “Fora Dilma”  e “Fora todos” em pleno auge de ascensão da extrema direita no país e que optou por anos em abandonar a disputa na UNE para construir um fórum paralelo do movimento estudantil – a ANEL – que fracassou categoricamente por uma direção burocratizada dos companheiros. 

Nós não avaliamos que a experiência da fundação da ANEL tenha sido negativa, nem somos contrários a outras tentativas futuras de construção de fóruns independentes – sem deixar de lado a disputa também na UNE. Contudo, o fracasso da ANEL é resultado direto do sectarismo burocrático e hegemonista dos companheiros do Rebeldia/PSTU que hoje tentam dissimular. Sem qualquer balanço crítico de suas recentes posições políticas, os companheiros preferem girar em 180° sua posição e tentar nos imputar qualquer incoerência ou inconsequência política ao chamarmos à refundação da Oposição de Esquerda na UNE com os setores com independência de classe e sob bases programáticas anticapitalistas sem sobrepor as responsabilidades políticas aos cálculos eleitorais de aparato. 

Nos parece que o que explica a atual e as antigas posições dos companheiros é a dificuldade em estabelecer relações fraternas e políticas, sem exigir qualquer tipo de subordinação, com outras organizações marxistas revolucionárias, num claro zig-zag de posições que se alternam entre o sectarismo e o oportunismo. 

Evidentemente que nosso chamado por uma nova Oposição de Esquerda, fundado nos marcos da discussão política e programática para o movimento estudantil, não deixa de reconhecer a necessidade da unidade na ação (não política!) com os companheiros do Juntos/MES, Correnteza/UP e UJC/PCBR e qualquer outro setor que tenha disposição à luta pela base e reivindicações comuns ao movimento. São duas táticas totalmente distintas, mas que se combinam, e que os companheiros parecem se confundir: devemos reivindicar a unidade na ação com o diabo e sua avó na luta contra nossos inimigos de classe; já a unidade política, como a construção de uma frente de esquerda independente na UNE, se faz sob orientações estratégicas e um programa classista, independente, anticapitalista e radical para disputar as bases na batalha por construir uma alternativa real ao movimento estudantil. 

É também no marco dessa necessidade de unidade política entre os revolucionários que nos dirigimos fraternalmente aos companheiros do Faísca/MRT. Há algum tempo vínhamos conformando uma unidade com os companheiros, mas que para o processo do CONUNE não foi possível. Duas são as razões: a errática posição em relação à extrema direita ao serem contrários à prisão de Bolsonaro e todos os golpistas, e os métodos também hegemonistas em relação à nossa organização, pautados em cálculos também eleitorais e não políticos. 

Os companheiros desde o processamento de Bolsonaro e sua cúpula golpista têm votado contra nossa bandeira de recolocar o movimento estudantil nas ruas para garantir a prisão de Bolsonaro, dos golpistas de hoje e ontem, o fim da Lei de Anistia (1979), dos tribunais e polícias militares e o fim do artigo 142 da constituinte. Assim como o Rebeldia/PSTU, desconsideram olimpicamente as tarefas democráticas pendentes para enterrar o histórico ciclo de anistia em nosso país e, assim, se dedicam a um programa exclusivamente sindical e unilateral em que separa mecanicamente as tarefas políticas (democráticas) das tarefas sindicais (econômicas). Uma posição que parte de um distinto ponto da esquerda da ordem (do lulismo), mas que termina no mesmo grau de esterilidade, contraditoriamente, normalizando a atividade política nacional monopolizada pela classe dominante e seus setores em disputa.

Por tudo isso, nós da juventude Anticapitalista Já Basta! seguimos na batalha pela refundação da Oposição de Esquerda na UNE, uma oposição que supere política e metodologicamente o que há de pior na tradição do movimento estudantil. É apenas sob a base de um programa anticapitalista, da mais ampla democracia de base e relações fraternas entre organizações constituídas pela discussão política independente da burocracia, do governo e dos patrões que daremos um passo importante para colocar o movimento estudantil, suas novas gerações, no protagonismo pela construção de uma educação verdadeiramente pública, universal e de qualidade.

Mas não só, também por uma oposição de esquerda ao governo liberal-social de Lula-Alckmin que derrote todas os ataques e contrarreformas e que enfrente a extrema direita de maneira consequente para impor a prisão de Bolsonaro e todos os golpistas pelas ruas e varrer os entulhos da Ditadura Militar de nossa sociedade, bem como na construção de uma saída anticapitalista para a UNE e para o país. 

 

Por cotas trans, vestibular indígena e permanência e moradia para toda a demanda já!

Abaixo o decreto 12.448/2025! Às ruas para derrotar os cortes de Lula-Alckmin na educação!

Pela revogação integral do Novo Ensino Médio e do Ensino à Distância!

Abaixo a militarização das escolas!

Pela autonomia e democratização das escolas e universidades!

Pela estatização do sistema de ensino básico e superior no país, fora tubarões da educação!

Tomar as ruas pela prisão de Bolsonaro e todos os golpistas de hoje e ontem!

Fim da Lei de Anistia, tribunais e polícias militares! 

Fim da escala 6×1, por uma jornada de 30h semanais sem redução salarial já!

Abaixo as contrarreformas, privatizações e ataques de Lula e demais governos!

Chega de genocídio em Gaza, pela ruptura imediata das relações diplomáticas e econômicas com Israel! Por uma Palestina livre, laica e socialista!

Pela refundação do movimento estudantil: por uma UNE anticapitalista, classista, combativa e democrática!