Legalização é vida
Uma vitoriosa marcha auto organizada contra o proibicionismo, violência e obscurantismo que não contou com a presença da esquerda da ordem.
MARCOS VIEIRA
Com tema “guerra é genocida, legalização é vida”, a Marcha da Maconha voltou às ruas de São Paulo no último dia 11 de junho após dois de realização em formato virtual. A juventude Já Basta! esteve presente integrando a luta.
A união de grupos coletivos organizados que lutam de uma forma ou de outra pela legalização da maconha, levou à Avenida Paulista de forma orgânica e auto organizada cerca de 100 mil pessoas (conforme informação dos organizadores concedida à Folha de São Paulo), sob a bandeira de que “a luta às drogas é uma máquina de guerras e chacinas”.
A tônica da manifestação multitudinária contra o proibicionismo. Centenas de milhares de pessoas, muitos deles jovens, negros e de regiões periféricas, pediram a legalização da maconha para fins medicinais, econômicos, de segurança e recreativos, além dessa temática específica, também gritaram palavras de ordem contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).
A Marcha da Maconha, historicamente iniciada em 1994, e no Brasil desde 2002, sintetiza a luta pela legalização da cannabis através de manifestações favoráveis a mudanças nas leis relacionadas a maconha, defendendo a regulamentação da produção, do comércio e do uso em todas as esferas, tanto recreativo quanto medicinal e industrial, tendo em vista as milhares de aplicações da cannabis em várias áreas.
O tema da legalização da maconha, e de outras drogas consideradas ilícitas, ainda é muito sensível na sociedade brasileira, embora ano após ano venha ganhando maior adesão de diversos setores e sendo debatido de forma mais séria e responsável. A marcha deste ano é uma prova do crescimento da adesão a propostas não-proibicionistas.
Ao enfatizar que a luta às drogas travada pelo Estado é, na verdade, “uma máquina de guerra e chacinas”, onde “todos nós e a democracia somos vítimas”, a Marcha da Maconha aquece o debate político reivindicando leis antiproibicionistas comprometidas com o fim dessa política atual de “guerra às drogas”. Na verdade, é uma guerra à juventude negra e à população periférica, morte e encarceramento desta, onde a repressão policial não acaba com as drogas, mas sim vitimiza, em sua maioria, corpos negros, periféricos e trabalhadores.
A marcha demonstra que é preciso e possível derrotar Bolsonaro nas ruas
A marcha desse ano traduziu de forma inequívoca a potência de uma sociedade civil organizada, particularmente da juventude negra e periférica. Essa sabe que não pode depender das urnas apenas para resolver os seus problemas, como preconiza a esquerda da ordem (PT, PSOL e PCdoB).
A juventude não perdeu a capacidade de reivindicar nas ruas direitos, clamar por mudanças sócio-política e lutar contra o governo Bolsonaro, que aumenta a cada dia sua escalada de violência golpista contra indígenas, jovens negros, mulheres e trabalhadores. Demonstrou que, ao contrário do que profere a burocracia partidária e dos sindicatos (que pouco se fizeram presentes, com exceção de algumas figuras políticas), é necessário e preciso ocupar as ruas como tática fundamental para combater o golpismo e lutar por direitos.
Ao ingressar na chapa de conciliação de classes Lula-Alckmin, o PSOL, desmobiliza a sua base e para de dar o combate para que a burocracia lulista chame a luta nas ruas, não é por acaso que a esquerda da ordem não se fez presente na marcha. Nós, da Juventude Já Basta! e do Socialismo ou Barbárie, pensamos que derrotar Bolsonaro é central, mas isso não se faz apenas chamando o voto e muitos menos abrindo mão da luta pelas reivindicações fundamentais dos explorados e oprimidos. Por isso, apostamos na construção de uma frente de esquerda nas lutas e nas eleições e na construção de uma frente única entre grupos e militantes para construir uma nova ferramenta política que supere o oportunismo e o sectarismo.
Fontes:
https://www.poder360.com.br/brasil/manifestantes-realizam-marcha-da-maconha-em-sao-paulo/